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Os reis das feiras populares: o que faz sucesso nas comidas de bairro

Os reis das feiras populares: o que faz sucesso nas comidas de bairro

O Gazeta Online percorreu quatro feiras que têm do tradicional churrasquinho e pastéis até bolinho de bacalhau e iguarias que fazem a graça dos moradores de cada bairro

Publicado em 21 de dezembro de 2018 às 14:45

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A gastronomia do Espírito Santo é rica no mais amplo sentido da palavra. Os capixabas têm à disposição uma infinidade de opções de comidas que podem ser combinadas nas mais diferentes receitas. Bairro a bairro da Grande Vitória, a cultura da culinária também é distinta. Cada região tem uma feirinha popular que serve algo que chama mais a atenção e o Gazeta Online decidiu percorrer alguns desses locais para constatar o que é que bomba e quem são os "reis das feiras de bairro".

A Praça de Gaivotas, na Rua Jorge Rizk, em Vila Velha, é uma das mais famosas da cidade. Lá, um dos traillers mais bombados é o do Alan Azevedo, o Espetinho Gaivotas, que começou a investir no negócio há cerca de dois anos. Ele é capixaba e decidiu apostar na gastronomia quando ficou desempregado. "Eu e meu cunhado decidimos montar um negócio e contamos com a ajuda da família, também", destaca ele, que serve até 400 espetinhos por noite, de quinta a domingo, quando oferece o produto aos clientes.

No verão, o movimento sempre é maior e, até por isso, está otimista com a temporada deste ano. Além disso, afirma que não importa quantas pessoas atenda, o churrasquinho que mais sai é o de carne de boi. "Acho que o pessoal gosta mais e sempre pedem com algum acompanhamento, como farofa e vinagrete", conclui. O prato é vendido a partir de R$ 4,50 e bebidas também estão disponíveis a partir de R$ 2,50.

Alan Azevedo criou seu trailler de churrasquinho há dois anos, quando ficou desempregado, e hoje atua na Praça de Gaivotas, em Vila Velha. (Pedro Permuy)

O comerciário João Carlos Ribeiro e a esposa, a corretora Suely Zocca, são clientes fiéis do churrasquinho. Eles, que também moram pela região, não abrem mão de dar uma passadinha na praça, às sextas e sábados, antes de fazerem qualquer coisa. "E é uma forma de a gente aliviar a tensão do dia a dia", brinca Suely.

 

O casal João Carlos Ribeiro e Suely Zocca são clientes fiéis do churrasquinho de Alan Azevedo, na Praça de Gaivotas, em Vila Velha. (Pedro Permuy)

Outro point da Praça de Gaivotas é o Franguinho do Geovane. Ele faz tanto sucesso que são servidos 120 quilos de frango por dia. Jhonatan Rocon, dono da barraquinha, já trabalha no espaço há sete anos e hoje tem oito funcionários contratados. "Ampliamos a equipe e hoje temos dois entregadores. As pessoas começaram a vir e queriam ter a comodidade de receber em casa. Então, decidimos que era hora de ter esse serviço", afirma.

Segundo ele, a entrega hoje é feita em Vila Velha inteira, mas os sócios já têm um olho para aumentar o mapa: querem trazer até em Vitória as delícias que fazem. "Mas isso é um plano mais ousado... Vamos ver quando conseguimos pôr em prática", brinca. Jhonatan alega que decidiram começar a investir na gastronomia porque enxergaram uma falta de oferta no mercado. "Quando percebemos a oportunidade, decidimos montar e, desde sempre, estamos aqui na praça", dispara.

Jhonatan Rocon frita até 120 quilos de frango na barraca que coordena na Praça de Gaivotas, em Vila Velha. (Pedro Permuy)

MÚSICA AO VIVO NA PRAÇA

Na Praça de Itapuã, na Rua Fortaleza, também em Vila Velha, os feirantes têm ainda um quê a mais de sentimento familiar. Lá, eles até se unem para, quinzenalmente, promover música ao vivo para os frequentadores da praça. "A gente vê que é uma forma de atrair mais pessoas. Tanto que o normal das feiras de bairro é que os moradores do entorno frequentem. Mas aqui tem gente que vem até de Vitória porque sabe que o ambiente é familiar e também vai encontrar boa comida para apreciar a brisa do mar", diz Cláudia do Espírito Santo, que junto do marido, Pedro, coordena uma barraquinha de cachorro quente e caldos.

Cláudia afirma que a música ao vivo acontece sempre aos sábados, mas a feira funciona de quinta a domingo - e enche praticamente todos os dias. No espaço, os feirantes se organizam para colocar mesas e cadeiras no centro da praça e, no entorno, ficam as barraquinhas. "E cada feirante se organiza para oferecer um produto diferente. Ou seja, temos uma grande variedade de doces e salgados e todos indicam uns aos outros", conclui.

Cláudia do Espírito Santo e o marido, Pedro, têm barraca de cachorro quente e caldos na Praça de Itapuã, em Vila Velha; lá, rola até música ao vivo aos sábados para atrais novos clientes. (Pedro Permuy)

Ela comenta que o casal começou a trabalhar no ramo há cerca de quatro anos e hoje são donos de uma das barracas que mais serve na praça, até pela rapidez da preparação de um cachorro quente para quem está com pressa. "Começamos mexendo com cupcakes, mas em seguida passamos para comidas quentes mesmo. O Pedro (marido) era fiscal e eu era dona de casa. Mas como o negócio foi crescendo, largamos tudo e começamos a nos dedicar integralmente para a barraca", explica. O cachorro quente é vendido por R$ 7 com acompanhamentos a escolher e os caldos são vendidos pelo preço único de R$ 8 o pote.

RAINHA DO BOLINHO DE BACALHAU

A dona Rita da Paixão brinda seus 54 anos com muito bolinho de bacalhau. Na Praça de Jardim da Penha, oficialmente Praça Regina Furieri, em Vitória, ela é conhecida como a rainha do bolinho de bacalhau. "Tem 21 anos que me dedico a isso, então virei referência mesmo né?", conta, às gargalhadas. Ela chega a vender até mil unidades da iguaria por noite, de quinta a domingo, quando põe seu trailler na rua. O produto é vendido por R$ 5 (normal) e R$ 8 (recheado).

Aspas de citação

O mais legal é que os clientes fidelizaram. Hoje tenho amigos e amigas que vêm e comem o bolinho e ainda comprar para levar para a família toda

Rita da Paixão, do Bolinho da Rita, de Jardim da Penha
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Rita também já trabalhou em outros locais, mas decidiu se estabelecer em Jardim da Penha porque avaliou que o público era o que mais ia valorizar seu produto. Apesar disso, ainda - às vezes - dá o ar da graça em outros locais. Hoje, a rainha do bolinho se orgulha da história que trilhou. "Comecei com meu marido há 21 anos com uma panelinha de arroz para fazer as coisas. Hoje tenho 7 funcionárias e têm vezes que não damos conta de atender a demanda", comemora.

A pedagoga Angela Deorce é uma das clientes que não pode passar pelo caminho de casa sem passar pelo Bolinho da Rita. "A minha família me mata se eu chegar sem o bolinho para a gente comer no fim de semana", brinca. Ela já frequenta o espaço com a mãe, Ivanda Dutra, há mais de 20 anos e virou tradição. "Antes, morávamos em Afonso Cláudio mas, ainda assim, quando vinhamos a Vitória, não tinha jeito de não vir aqui. Agora, morando no bairro, é mais fácil", conclui.

A rainha do bolinho de bacalhau de Jardim da Penha. É assim que Rita da Paixão é conhecida; ela trabalha com o mercado da culinária há mais de 20 anos e virou referência em Vitória quando o assunto é bolinho de bacalhau. (Pedro Permuy)

PASTEL EMPREENDEDOR

Em Jardim Camburi, na Praça da Igreja Católica, na Rua Belmiro Teixeira Pimenta, também na Capital, o que bomba é o pastel frito com os mais variados recheios, que têm até três combinações. O produto é vendido a partir de R$ 4 e José Luiz Bispo, que é dono do negócio, chega a vender até 500 unidades por dia. "Aqui funcionamos de quinta a domingo e essa temporada de verão e de férias é sempre melhor por conta do movimento, que aumenta", diz.

Zé Luiz começou no ramo da gastronomia há cerca de 12 anos. Baiano, ele mora no Espírito Santo há 22 e já trabalhou no mesmo segmento no município da Serra. "Depois de um tempo, eu percebi que eu podia vender de uma forma diferente e não dentro de um espaço físico. Aí, decidi vir para cá e tentar. E deu super certo, porque acho que as pessoas gostam mais desse tipo de comida quando é assim, mais à vontade", pontua. O empresário, que hoje tem oito funcionários, lembra que foi expandindo aos poucos e o próximo passo é aumentar ainda mais a produção.

"Antes, eu não fabricava nada e não tinha funcionários. Depois de um tempo, eu quis começar a produzir a minha própria massa do pastel", relata, lembrando quando começou a produzir a própria massa.

Assim, Zé Luiz conquistou já dois mercados: além do de vendedor, o de fornecedor da matéria-prima do pastel. "Eu também sempre forneci cana, então é mais um produto que eu tenho para comercializar", declara.

José Luiz Bispo é dono da barraquinha de pastel da Praça da Igreja, em Jardim Camburi, bairro de Vitória: ele também passou a produzir a própria massa e hoje emprega oito pessoas na fábrica e na venda direta do produto. (Pedro Permuy)

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