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Sensação da internet, travesti que passou fome no Rio mora na Itália

Sensação da internet, travesti que passou fome no Rio mora na Itália

Bambola Star fugiu da aldeia indígena em que morava, no Acre, e há mais de 20 anos vive na Europa

Publicado em 7 de maio de 2018 às 12:57

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"Bom dia, Brasil, boa tarde, Itália". Se você já ouviu algum famoso começar um vídeo assim, é porque ele conhece - e é fã - da hilária Bambola Star, nova sensação da internet. Ela, que não revela seu nome de nascimento, é natural do Acre, no Brasil, mas atualmente ostenta uma vida confortável na região da Toscana, na Itália. Lá, a travesti vive com sua "filha", como ela mesma classifica, Wendy Star, sua cadela. Ela tanto não dá conta do sucesso na web que já contratou assessores, mas, em uma gravação em seu stories do Instagram, já disse que nem os profissionais estão dando conta do volume de mensagens. Uma das responsáveis pela administração dos perfis de Bambola é a também travesti Luisa Marilac.

Desde que começou a fazer sucesso com vídeos que posta no Instagram, Bambola conquistou muitos famosos e ganhou seguidores nas redes sociais. Pabllo Vittar, Solange Almeida, Miguel Falabella, Agustin Fernandez, Marco Luque e outros já acompanham a rotina da brasileira que trabalha com concursos de beleza na Itália. Por meio da própria empresa, a Star Eventos, ela promove festas de Miss Trans, além do seu próprio aniversário, em 2 de agosto, que é sempre um acontecimento apoteótico. Nessa data, Bambola não abre mão de usar uma roupa bem ousada (mais do que já usa normalmente) e de ser carregada por vários homens belos e musculosos. 

BAMBOLA STAR PASSOU INFÂNCIA EM ALDEIA INDÍGENA DO ACRE

O luxo e glamour que ela ostenta hoje na internet nem sempre existiram em sua vida. Bambola nasceu em uma tribo do Acre. "Venho do Brasil, do município de Tarauacá, no Acre, uma aldeia localizada no coração da floresta amazônica. Minhas origens são indígenas, exatamente de Igarapé do Caucho e minha tribo é dos Índios Kaxinawá. Mamãe e papai morreram quando eu era criança, mas ainda há três dos meus irmãos morando lá”, detalhou ela à revista "Ilpiccole Magazine", da Itália. 

Desde pequena, a travesti disse que se sentia diferente dos outros índios. “Aos 11 anos, decidi deixar a floresta e procurar outro lugar para o meu destino. Foi uma decisão dolorosa, mas senti que tinha que viajar por essa estrada, não conseguia expressá-la vivendo na aldeia. Lá, eu não tive a oportunidade de estudar, não havia escola e eu era analfabeto. A partir do momento em que saí, viajei pelo Brasil em busca de estabilidade, até chegar no Rio de Janeiro”, lembra. 

TRAVESTI PASSOU FOME E VIVEU NA POBREZA NO RIO DE JANEIRO

De Cidade Maravilhosa, para Bambola, só no nome. “Vivi muito tempo debaixo das pontes, na rua, com outras crianças como eu. Éramos meninos de rua, na maioria órfãos ou de famílias devastadas pelas inaceitáveis condições de vida das favelas. Foi uma época muito difícil”, emociona-se: “Felizmente, um dia, conheci uma trans que me levou sob sua asa e me ajudou a ter uma melhor condição de vida”. 

Com 17 anos de idade, Bambola partiu rumo a Roma, na Itália. Lá, ela conheceu um diretor e entrou para a indústria pornográfica. Apesar dos anos, ainda hoje é possível encontrar registros dessa época em sites de prostituição. “Eu conheci muitas pessoas e fiz uma imagem e um nome. Graças também ao meu bom caráter, recebi muitos convites para participar de competições, eventos e aniversários”, contou ela, que antes atendia por Moana Close. 

BAMBOLA QUER ENVELHECER NO BRASIL

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Mesmo que esteja na Europa há mais de 28 anos, Bambola espera envelhecer no Brasil. “Eu amo a Itália e os italianos. É um país que me deu tanto e sou muito grato, mas minha natureza é essa. Apesar de ter vivido no conforto até agora, não acho que seja um problema voltar às minhas origens. É preciso seguir o coração”, finalizou. 

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