Publicado em 27 de maio de 2021 às 14:05
A morte do sambista Nelson Sargento, aos 96 anos, vítima de complicações pela Covid-19, mexeu com artistas e pessoas famosas. Eles expressaram por meio de suas redes sociais todo o carinho pelo general do samba e figura histórica da Mangueira. >
"Foi uma figura emblemática. Mando um beijo para a família e aos fãs. Momento muito complicado que vivemos. Embora esteja celebrando meu aniversário, não tem como dissociar do que está acontecendo", disse a cantora Ivete Sangalo no Encontro com Fátima Bernardes (Globo). >
O roqueiro e líder do CPM 22, Fernando Badauí lamentou a perda. "Descanse em paz, Mestre Nelson Sargento! O senhor sempre alegra meus domingos", publicou. >
O cantor Marcelo D2, que sempre misturou o rap com o samba, se orgulha de ter podido dividir os palcos algumas vezes com Nelson Sargento. >
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"Mestre no sentido literal da palavra e arquiteto da música brasileira. Descanse em paz, mestre, a gente só morre quando nosso samba morrer e você vai ficar para sempre", publicou o músico. >
Chiquinho da Mangueira, presidente da escola entre 2013 e 2019, foi mais um que prestou suas condolências. "Continuaremos mantendo o seu legado, cantando seus sambas, mantendo viva entre nós seu amor pela Mangueira, pela arte e pela cultura", disse. >
O diretor da TV Globo Boninho disse que "o samba perde uma lenda". "Meus sentimentos à família e à Estação Primeira de Mangueira", completou. >
Nelson Sargento morava no Salgueiro e, aos dez anos de idade, desfilou numa escola de samba do morro, a Azul e Branco. Ou seja, não fossem as reviravoltas que a vida dá, sua história teria tido cores bastante diferentes. >
O enredo começou a mudar quando ele tinha 12 anos e se mudou para outro morro da zona norte do Rio de Janeiro, o da Mangueira. >
Morto na manhã desta quinta (27), aos 96 anos, segundo comunicou sua assessoria de imprensa -ele estava internado com Covid desde a sexta (21)--, Nelson se tornaria, nas décadas seguintes, uma das figuras mais representativas da Estação Primeira de Mangueira. Ao completar 90 anos, em 2014, era o presidente de honra da verde e rosa. >
A mudança de endereço se deu após a união de sua mãe, Maria Rosa da Conceição, com o português Alfredo Lourenço, morador da Mangueira. O padrasto lhe abriu dois mundos: o da pintura e o do samba. >
Lourenço era pintor de paredes. Nelson aprendeu a ser, mas mostrou com o tempo ter talento também para pintar quadros. Construiu uma consistente obra de, como se diz, arte naïf. >
E Lourenço era compositor. Merecedor de respeito por parte dos bambas mangueirenses, entrou de vez para a história da escola ao compor para o Carnaval de 1955, em parceria com o enteado Nelson, um dos mais belos sambas-enredos já feitos: "Cântico à Natureza", mais conhecido como "Primavera". >
Para Nelson também virar um compositor respeitado, foi fundamental conviver com os veteranos do morro, como Carlos Cachaça, Saturnino, Aluisio Dias (que o ensinou a tocar violão), Babaú e, sobretudo, Cartola. >
Foi por ter servido no Exército entre 1945 e 1949 que Nelson Mattos passou, tempos depois, a ser conhecido no samba como Nelson Sargento, alusão à patente que alcançou. >
Mas conhecido de fato ele se tornou a partir da década de 1960. Primeiramente, em 1964 e 1965, cantando no Zicartola, o restaurante de Cartola e sua mulher, Zica. >
Logo em seguida, entre 1965 e 1967, participando do histórico espetáculo "Rosa de Ouro", dirigido por Hermínio Bello de Carvalho e ao lado de Paulinho da Viola, Elton Medeiros, Jair do Cavaquinho e Anescarzinho. >
Com essa turma e alguns outros, integrou grupos que marcaram aquela época, como A Voz do Morro e Os Cinco Crioulos (neste, com Mauro Duarte no lugar de Paulinho da Viola), e projetos como o musical "Mudando de Conversa". >
Aos poucos seu trabalho de compositor foi sendo gravado. Paulinho esteve entre os primeiros e principais intérpretes. Em 1971, interpretou "Minha Vez de Sorrir" e, em 1972, "Falso Moralista", samba em que Nelson mostra seu lado de cronista bem-humorado, o mesmo que fica explícito em outra de suas músicas, "Falso Amor Sincero". >
Sucesso maior veio em 1978. No disco "De Pé no Chão", um dos mais importantes da cantora, Beth Carvalho lançou "Agoniza Mas Não Morre". Para além de sua beleza, o samba de Nelson cativou muita gente por falar da defesa da cultura nacional num momento em que o Brasil iniciava sua reabertura política e, portanto, sua reconstrução como país. >
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