Publicado em 13 de dezembro de 2018 às 20:38
Rafael Losso vai aparecer nas telonas em três filmes diferentes só em 2019. Para o mesmo ano, ainda se prepara para seguir em um série da qual já faz parte há duas temporadas. Nas produções, dá vida a personagens que são chaves em tramas que falam de jogos ilegais, violência, discriminação e preconceito.>
O ator começará o ano em "Virando a Mesa", filme de Caio Cobra. Nele, Losso interpreta o melhor amigo de um policial. Na narrativa, o ator abordará, com doses de humor, ação e romance, além da luta de um policial em fechar uma boate clandestina com jogos ilegais.>
Depois, Rafael contracena em "Cidade do Medo", que acaba de ter as filmagens finalizadas, do mesmo diretor - Caio Cobra. Ele vai viver um tenente da Polícia Militar (PM) na trama, baseada em fatos reais, que vai tratar da rotina de policiais e a relação desses agentes com os cidadãos, que são ainda reféns do tráfico e da milícia do Rio de Janeiro.>
Em mais uma participação no cinema, com cenário policial presente, o ator rodou o longa Sem Pai, Nem Mãe, ao lado de Alexandre Nero. A história fala sobre um homem que é assaltado e, por causa de um aplicativo, passa a saber todos os passos do bandido.>
>
Além dessas produções, o global também aparece na segunda temporada de "Rotas do Ódio", onde é o sádico skinhead Capitão. A série, da Universal, fala da violência sofrida pela comunidade LGBT+, crimes de ódio e o convívio em sociedade. Em entrevista exclusiva ao Gazeta Online, Rafael detalha rotina e adianta um pouco da experiência de ter feito esses trabalhos para o próximo ano:>
Para 2019 você já estreia em "Virando a Mesa". Como foram as gravações?>
As gravações já foram encerradas e o filme está pronto. Estamos só esperando a virada do ano para ter um melhor público e tomara que seja lançado durante as férias dos jovens, porque vai divertir muita gente. É uma história que tem como propósito fazer rir, principalmente das confusões que os personagens se envolvem, porque a trama também é uma espiral de acontecimentos que incluem motoqueiros agiotas, sadomasoquistas enlouquecidas e um assalto ao jogo de Mazzilli. E tudo isso em menos de 48h. Dá para imaginar que comédia será? (Risos).>
Onde foram feitas as gravações?>
Todas no Rio de Janeiro, entre o Centro e o Alto da Boa Vista, em um casarão. As locações foram ótimas e foi super simples de fazer o filme, bem tranquilo.>
Acha que o filme vai só entreter ou "Virando a Mesa" terá um quê de denúncia, já que fala de alguns assuntos polêmicos?>
Não, ele não é um filme de denúncia. Ele não vai denunciar jogos ilegais. Ele é para entreter, para que as pessoas se divirtam e deem boas risadas com essas trapalhadas desse trio, feito por mim, pelo Rainer Cadete e Monique Alfradique. Espero que todos se divirtam.>
A produção do longa chegou a fazer pesquisa sobre os jogos ilegais?>
O diretor já tinha escrito o roteiro fazia um tempo. Ele mesmo fez a pesquisa, que fala um pouco sobre o pôquer, mas o enfoque não é esse. O enfoque são as trapalhadas desse trio. Então não vai a fundo nos jogos ilegais, mas no pôquer em si. Os jogos são mais, digamos, um pano de fundo para essa aventura.>
Em uma segunda aparição, você vai estar em "Cidade do Medo". Como está essa produção?>
"Cidade do Medo" também deve estrear em 2019, mas ainda não temos previsão. O longa também foi todo filmado no Rio de Janeiro e eu faço o Tenente Aloísio Souza. Aí, sim, estamos falando de um filme mais documental, que retrata uma realidade. Esse, sim, é um filme mais denso. Porque a trama, que é baseada em fatos reais, revela a rotina dos policiais nas UPPs e a relação deles com os cidadãos que são reféns do tráfico e da milícia no Rio de Janeiro.>
Você se chocou com essa realidade?>
Eu já vinha fazendo uma pesquisa sobre as UPPs no Rio, mas não me choquei. Eu já estava preparado para ela. A realidade já é dura por si só. A realidade das UPPs no Rio de Janeiro não é fácil, elas estão localizadas no meio de morros e com milícia, traficante, todo mundo envolvido no meio disso tudo. Então é uma realidade bem dura, espero que a gente possa retratar de uma forma interessante para todo mundo entender um pouco mais como as coisas funcionam.>
Nesta produção, há uma denúncia. Acha que o brasileiro ainda não tem noção dessa situação?>
Acho que muito brasileiro não sabe como funciona uma UPP, principalmente onde ela é realmente localizada. Acredito que será um longa muito importante pra transmitir essa realidade para quem não conhece ou está muito longe disso tudo. É gratificante poder contar um pouco de história e, também, da vida dos seres humanos que estão imbuídos nesse contexto. A arte a serviço de questões sociais relevantes sempre consegue tocar o coração do público.>
A partir da experiência que teve, ainda existe muito essa briga de tráfico e milícia no Rio?>
Aos olhos de uma pessoa leiga, não se vê muito essa briga entre tráfico e milícia, mas ela está lá, nos morros, dentro da cultura dessa sociedade. Então é uma coisa pra gente cuidar, notar, perceber que existe e trabalhar pra poder mudar a situação. Claro que cada lado sempre vai querer mostrar sua força, sendo que o ideal, pelo menos ao meu ver, seria termos empatia e unir propósitos que fossem justamente para trazer mais paz e igualdade nesses lugares.>
Você também está na segunda temporada de "Rotas do Ódio", dando vida a um skinhead. Como é pra você interpretar um papel como esse?>
Já estou com este personagem há duas temporadas. O Capitão (nome do personagem) exigiu muito preparo, muita consciência do trabalho que eu estava fazendo e do ser humano que estava passando para o público e é isso. Ele é um personagem duro e radical. Como ator, tenho sempre o cuidado de saber o que estou interpretando e que, ao voltar pra casa, preciso me descompor do personagem. E, também, a gente precisa entender que pessoas com atitudes extremas e, muitas vezes, desumanas existem, mas que não são apenas o que vemos também. Há sempre um motivo forte para que uma pessoa aja de uma maneira extrema diante de determinadas situações. E isso é no mundo todo.>
E de que forma essas obras artísticas podem ajudar a desmistificar o assunto?>
Acho que são assuntos pouco falados. Então, essas obras ajudam o público a ter contato com esse tipo de realidade, e é isso que a gente precisa fazer. Até mesmo para que possamos, como atores, proporcionar reflexão e fomentar a sensibilidade. É preciso que a gente abra o olho e fique esperto. Não é pra desmistificar, é pra entender, compreender e prestar atenção. Acredito ainda mais no poder da arte quando a mesma está, também, a serviço de questões sociais.>
Falando em comunidade LGBT+: você avalia que ela ainda é muito reprimida pela sociedade?>
Com certeza, ainda é muito reprimida. Nossa sociedade é muito machista e ainda temos muitos passos a dar a favor deles, a favor de todas as minorias. A gente tem que entender as diferenças e saber viver com elas. Porque não ser igual é bonito também. Podemos ver beleza na diversidade. A comunidade LGBTQI+ está cada vez mais avançando e é importantíssimo debater acerca de orientações sexuais e identidades de gênero, porque é, muitas vezes, pela falta de conhecimento que vemos tanta agressão psicológica e física. Cada um tem que agir de acordo com sua natureza e a gente tem que respeitar todo tipo de ser humano desse mundo.>
Acha que a política recente tem incentivado mais crimes de ódio?>
Vivemos um momento político muito intenso, onde vemos uma sociedade com atitudes extremistas que fomentam ainda mais o ódio. Acredito que, atualmente, o importante é nos protegermos, cuidarmos uns dos outros, refletirmos sobre nosso papel no mundo e, claro, praticar empatia. Isso faz toda diferença! Não sabemos como serão os próximos anos, mas também é positivo ver que questões sociais estão sendo mais discutidas e trazidas à superfície. Contudo, ainda vivemos, de alguma forma, alguns discursos intolerantes. Mas que possamos, então, fazer a diferença e plantar bons sentimentos. Porque olhando pro outro conseguimos enxergar a nós mesmos.>
E como está sua rotina com tantos trabalhos assim?>
A rotina continua louca, mas gratificante. Estou fazendo participação em alguns longas metragens e começando um novo em que faço um protagonista, mas não consigo abrir com mais detalhes nesse momento. Além disso, começo a gravar, logo mais, a 3º e 4º temporada do "Rotas do Ódio". E eu ainda consigo ver meus amigos e minha família, está tudo indo bem. Não tem coisa melhor do que fazer o que amamos, e assim é para mim a atuação. Tenho aprendido muito com meus personagens e espero que o próximo ano continue nesse fluxo, com muitas histórias boas para contar. E, claro, adoraria voltar para as novelas. Quem sabe eu recebo esse presente, né? (Risos).>
Tem algum segredo para ter essa energia? Não rola nem de confundir papéis, já que são tantos (risos)?>
Bom, o segredo para energia é esporte. Acho que a meditação, a leitura, o teatro, o cinema, o próprio contato diário com a cultura em geral e, também, os encontros com amigos, mantém a minha energia bem equilibrada e em alta. Ainda não estou confundindo nenhum papel, não, e espero continuar assim. Isso quer dizer que está tudo funcionando bem nessa máquina aqui (risos).>
Tem uma história com o Espírito Santo, também...>
Eu adoro o Espírito Santo e tenho uma história muito longa com o Estado. Amo a moqueca capixaba, uma das melhores coisas que já comi. E eu sempre tive o costume de passar o réveillon aí. Muitos anos passei em Iriri, visitando Guarapari e, também, como bom forrozeiro, sempre fui a Itaúnas. Adoro aquela cidade. Um beijo pra todos os capixabas. Continuem cuidando desse litoral maravilhoso. >
>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta