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Vinte anos sem a voz de uma geração

Vinte anos sem a voz de uma geração

A semana que passou marcou as duas décadas da morte de Renato Russo; sua memória e sua arte, no entanto, continuam vivas na memória dos fãs

Publicado em 14 de outubro de 2016 às 23:03

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Renato Russo foi um dos mais icônicos artistas do Brasil. A sua morte, aos 36 nos de idade em 11 de outubro de 1996, não deixou apenas uma cratera dentro daqueles que admiravam seu trabalho, mas também levou um país inteiro a se sentir órfão de um artista plural e admirável.

Nascido no Rio de Janeiro em 1960, Renato Manfredini Júnior viveu grande parte da sua vida em Brasília. Foi na capital do país que no final da década de 1970 fundou o Aborto Elétrico. A Legião Urbana, grupo que arrebataria o coração de milhões de fãs, surgiu em 1982.

Mesmo duas décadas depois de sua morte, a imagem do líder da Legião ainda é preservada. Autor de clássicos como “Serᔠe “Faroeste Caboclo”, suas canções continuam sendo ouvidas. Muito mais do que isso: elas ainda inspiram uma nova geração de fãs.

Um levantamento inédito do Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) divulgado nos últimos dias prova que a Legião Urbana e Renato Russo ainda está presente na vida dos brasileiros.

A pesquisa realizada pelo órgão responsável pelo recolhimento e distribuição de direitos autorais aponta quais foram as 20 músicas do cantor e compositor mais regravadas e tocadas nos últimos cinco anos em apresentações ao vivo, rádios, entre outros meios.

“Tempo Perdido” encabeça a lista das composições de Renato mais regravadas. Já as mais tocadas é “Pais e Filhos”. A faixa faz parte do álbum “As Quatro Estações” (1989), quarto trabalho da banda.

No cinema, “Somos Tão Jovens” narra a trajetória de Renato e “Faroeste Caboclo” é um filme inspirado na canção homônima da Legião.

Literatura

No mês que marca os 20 anos sem Renato Russo, os fãs da sua trajetória foram surpreendidos com uma obra inédita do autor: “The 42nd St. Band” (Cia. das Letras) livro sobre uma banda de rock fictícia formada em 1974.

O romance foi descoberto em meio aos cadernos encontrados no apartamento em Ipanema, no Rio, onde o artista viveu até morrer por complicações da Aids em 1996.

“É um negócio estrondoso. É muita produção”, diz Tarso de Melo, responsável por organizar os escritos em livro.

Na obra inédita, segundo Tarso, o adolescente Renato – que na época se recuperava de uma doença óssea – mimetizou a história de um famoso conjunto desde o seu surgimento, passando pelo sucesso até o fim.

“É até engraçado. Quem lê desavisado pode até achar que é um livro que ele escreveu no fim da vida. Porque tem uma familiaridade com a trajetória da Legião Urbana”, afirma o também poeta.

Outra coisa que surpreende é o universo que Renato criou em torno da 42nd St. Band. O livro não se limita apenas à história; ele cria desde entrevistas que a banda fez até as capas dos álbuns lançados por ela.

Algo que nos salta aos olhos por Renato ser apenas um adolescente na década de 1970 quando escreveu o livro e que abre portas para conhecê-lo melhor. “Acho que é legal esse livro da banda imaginária por conta do que ele abre de caminho do que vem dali pra frente”, conclui Tarso sobre a história que todos nós conhecemos de cor e salteado.

The 42nd St. Band - Renato Russo

Companhia das Letras, 224 páginas. Organização: Tarso de Melo. R$: 34,90.

Curiosidades

Rio / Nova York / Brasília

Apesar de ser conhecido como um ícone de Brasília, Renato Russo nasceu no Rio de Janeiro. Antes de ir para a capital do país, ele morou dois anos em Nova York com sua família.

Professor

Logo após se mudar para Brasília, Renato foi professor de inglês na Cultura Inglesa. Também trabalhou como locutor na Rádio Planalto FM.

Doença Óssea

Aos 15 anos foi diagnosticado como portador uma doença óssea chamada epifisiólise.

Nome Oficial

Seu nome era Renato Manfredini Júnior. O Russo veio do filósofo e compositor Jean-Jacques Rousseau e do filósofo e matemático Bertrand Russel.

Relacionamento

Seu relacionamento mais longo aconteceu em 1989 com um rapaz chamado Robert Scott Hickmon. Durou seis meses.

Overdoses

Passou por três dessas situações: duas vezes no Rio e uma em Brasília.

Rehab

Passou 29 dias internado em 1993 e registrava seus dias num diário – que virou livro no ano passado.

Última apresentação

O último show com a Legião Urbana aconteceu janeiro de 1995 em Santos, São Paulo.

Dramaturgia

A história de Renato já rendeu, pelo menos, três filmes e cinco peças de teatro. Enquanto o filme “Somos Tão Jovens” é autobiográfico; “Faroeste Caboclo e “Pais e Filhos” usam as canções como ponto de partida.

Holograma

Em 2013, num grande show tributo em Brasília, Renato subiu ao palco sob forma de holograma.

Canções que atravessam o tempo

É inegável a importância da Legião Urbana para a música brasileira. Mesmo duas décadas depois da morte do seu líder Renato Russo (1960-1996), as canções da banda continuam bem próximas do dia a dia dos brasileiros.

Renato viveu apenas até os 36 anos de idade. Junto da Legião, lançou oito álbuns de estúdio e cinco ao vivo – além dos discos que já saíram após a sua morte.

Já sua carreira solo conta com cinco trabalhos. Apenas dois deles saíram como artista em vida: “The Stonewall Celebration Concert” (1994) e “Equilíbrio Distante” (1995). Um ano após a sua morte, sai o disco “O Último Solo”, um registro com sobras dos dois primeiros álbuns solo do artista.

“Presente” (2003) é um resgate aos arquivos dos arquivos de Russo. E “O Trovador Solitário”, lançado em 2008, contém gravações caseiras que o cantor e compositor registrou antes de dar vida à Legião Urbana.

Para o Michael Passos, baterista da banda Metrópole, que faz cover de Legião, as composições de Renato ainda hoje são relevantes. “As letras falam de coisas do nosso cotiano, coisas que o país vive até hoje. São super atuais”, afirma o músico de 27 anos de idade.

O grupo completa um ano no final deste mês e é formado, além de Michael, por Victor Ramos (Vocal, guitarra e violão). Kaike Costa (contrabaixo) e Juan Lucas (guitarrista solo).

Mas por que, mesmo com a oportunidade de fazer o próprio som, prestar essa homenagem ao Renato Russo? “A nossa proposta é levar à juventude de hoje a nostalgia dos anos 1980. E também trazer a emoção daquela época para a viveu”, conta.

A mais tempo homenageando a Legião Urbana que a galera do Metrópole, Guilherme Lemos é sósia de Renato Russo há 21 anos e foi eleito o Melhor Imitador de 2008 em um quadro no “Domingão do Faustão. “Em 1995, eu cantava de tudo em barzinhos na noite em Salvador e já era fã da Legião. Até que me chamaram para montar uma banda cover deles”, conta Lemos.

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Assim como Michael, Guilherme destaca a atemporalidade das composições do artista. “Eu acho que, na verdade, o Renato Russo enxergava muito à frente de seu tempo. Você vê que as letras deles são atemporais”, destaca o músico de 41 anos que por uma década viveu no Espírito Santo.

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