Caçador de novos talentos do rock, o produtor executivo Monte Conner (ex-Roadrunner Records e atualmente na Nucelar Blast) tirou bandas como Sepultura e Slipknot do underground e as levou aos grandes festivais. Tantos anos depois da parceria com os irmãos Cavalera, ele assina pela primeira vez outro contrato com um brasileiro: Rodrigo Carvalho é capixaba, natural de Iúna, e atual vocalista da banda Toro, de Atlanta, nos Estados Unidos.
O capixaba de 36 anos mora por lá há 12, onde atua como professor de inglês, e há menos de dois anos resolveu reacender o fascínio pela música. No Brasil, durante sua juventude em Vitória, sempre participou da cena local. Tocou em bandas de garagem, como Scream Pain, frequentava os shows nos extintos Camburi Vídeo e Sala 11.
Depois que fui para os Estados Unidos larguei a música totalmente e dei prioridade à vida acadêmica. Depois que me arrumei profissionalmente, percebi que estava triste porque não estava fazendo música. Aí comecei a procurar anúncio no jornal, na internet, para encontrar outros músicos e bandas, conta.
Foi justamente assim que ele encontrou os integrantes da banda Toro, ainda estava em fase de formação e em busca de um vocalista. Ao ouvir o refrão de uma música (Painting With Shadows), Rodrigo correu atrás da banda e fez um teste, mas há 10 anos longe da música, acabou não passando. Mas ele não desistiu.
INSISTÊNCIA
Rodrigo começou a participar de outras bandas menores, passou a malhar na academia para melhorar a resistência física, fazer aula de canto e se atualizar com as novas tecnologias do ramo. Em um ano ele foi de amador a profissional e quando o então vocalista do Toro, Zack Hembree, decidiu sair do grupo, Rodrigo foi acionado novamente, e agora estava pronto.
Quando ouvi aquele refrão da primeira vez eu sabia que o negócio ia dar certo. O riff foi o suficiente pra mim porque não tinha ninguém fazendo esse som e o metal precisa de algo diferente, conta.
A banda atualmente é formada por Rodrigo (voz), Adam Mitchell (guitarra e voz), Pablo Davila (guitarra), Bruno Segovia (baixo) e Jason Belisha (bateria). O Toro, antes da entrada de Rodrigo, já tinha um EP independente com quatro músicas, produzido por Matt Bayles, que mixou bandas como Soundgarden. Foi Matt quem enviou o material para Monte Conner, hoje presidente da gravadora Nuclear Beast, casa de nomes como Anthrax, Benediction, Testament, Sick of it All, Halloween, Comeback Kid, entre outras.
O Monte gostou, mas achava que faltava algo no EP. Depois que eu entrei pra banda gravamos uma primeira demo e mandamos. Ele disse: agora vocês estão prontos, entrega Rodrigo.
Em fevereiro de 2019, o Toro começa a gravar na Califórnia com produção de Steve Evetts, produtor que ajudou a consolidar o som pesado no anos 2000, mas que também trabalhou com bandas como The Cure. O grupo já tem 12 demos prontas para levar para o estúdio. Com o disco em mãos, o próximo passo será uma turnê, uma mudança e tanto na vida de Rodrigo.
No grupo tem enfermeiros, gerente de armazém e fotógrafo freelancer. Nós tínhamos uma vida normal e mudou tudo. Virei adolescente e quero viver tudo de novo. Esse negocio de ficar velho não tá com nada!, brinca.
O som de Toro é o que Rodrigo gosta de chamar de metal total. Na banda há músicos do Chile, da Argentina, dos Estados Unidos e, claro, do Brasil. O resultado é um som que une rock clássico, ritmos latinos, jazz e metal pesado. Acho que eu trouxe mais punk/hardcore para banda. Que era mais a cena de Vitória da minha época. E também essa coisa brasileira da facilidade com os ritmos, diz.
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