Publicado em 19 de junho de 2018 às 17:49
No próximo dia 29 de junho, Tony Ramos, um dos mais emblemáticos atores da história da televisão brasileira, comemora 55 anos de arte. Após um ano de teatro, ele migrou para a televisão e não saiu mais. Tony enxerga na novela uma cultura mundial forte e difícil de ser quebrada; já nas séries, que caíram na graça popular nos últimos anos, vê uma nova forma de contar as mesmas histórias que aparecem há décadas nas telinhas envolvendo paixão, amor e suspense.>
Além disso, apesar de respeitar a escolha de colegas adeptos das redes sociais, do alto de seus 69 anos, Tony prefere se esquivar dessa exposição. Não tenho nada contra e nunca disse e nem direi que sou contra Instagram, Facebook, Twitter... Só acho que eu, Tony, não tenho o perfil de quem usa assiduamente essas ferramentas, pondera.>
Tony esteve em Vitória para cumprir algumas agendas (ainda secretas) e conversou exclusivamente com o os veículos da Rede Gazeta. Na conversa, ele fala sobre o poder da novidade das séries, o futuro das novelas e os serviços de streaming, mas faz a ressalva: As séries das décadas de 80, 90 já eram assim, contadas de forma novelística. Confira.>
Em todos esses anos trabalhando na televisão você, com certeza, viu muita coisa mudar. Tem algum palpite de quais podem ser os próximos rumos?>
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TONY RAMOS: A televisão muda. Fiz ao vivo no preto e branco... Brinco que sou da época em que a TV era movida a lenha (risos). Mas sempre gostei muito dessas mudanças. Acho que ainda teremos muita coisa nova, mas a novela, por exemplo, pode mudar o formato, mas ainda existe uma cultura muito forte no mundo todo. Nos Estados Unidos, por exemplo, tem novela, você sabia? A diferença do Brasil, atualmente, é só o horário. Lá passa mais cedo. Talvez alguma coisa misturada com os serviços de streaming... Mas acho que tudo sempre será positivo, para agregar>
E apesar de toda essa modernidade você continua sem se sentir obrigado a ter quaisquer redes sociais? Nem sequer pretende criar?>
TR: Eu nunca disse que não gosto das redes sociais. O que eu não tenho é perfil para ter Instagram, Facebook, Twitter... E às vezes me perguntam quem eu seguiria... Mas, gente: eu não sou detetive. Não vou seguir ninguém. Quem gosta é quem é que tem que ter. Minhas vida é outra, é movida por livros, bom papo, viagens, leitura, esportes e boa gastronomia>
Este ano também está quente para as gravações, não é? Novela, filme novo... Série para o ano que vem... Como está tudo?>
TR: Este ano estou tendo um carinho especial com "O Sétimo Guardião", próxima novela do Aguinaldo Silva. Vou interpretar um dos personagens principais e o texto está primoroso. Ainda nesta semana começo a ver os capítulos e as gravações também já começam. As primeiras serão em Minas Gerais e depois também iremos para outros estados. Estou muito animado com a trama, que Aguinaldo escreveu como uma verdadeira obra de arte, e acho que o resultado será excepcional. O texto brinca com um mundo extraordinário que me agrada muito>
E falando do filme...>

E em vários desses filmes, dessas novelas, imagino que você tenha contato com artistas mais novos e que venham de uma geração completamente diferente, prova disso é até o capixaba Chay Suede, cria de "Malhação", da TV Globo. Esse choque nunca te assustou? Nunca te deu medo?>
TR: Medo? Nunca. Nem dos serviços de streaming que aparecem hoje com as séries, por exemplo. Muita gente pensa que isso é uma ameaça, ou que isso pode ser um indicativo de alerta... Muito pelo contrário. Esses casos, inclusive, geram mais trabalho para a gente. Esse pessoal só fica observando o nosso trabalho até vir até nós para dar uma proposta. Eu mesmo já tive sondagens para partir para as séries. Mas nem penso e não quero. Estou na Globo há 42 anos e estou muito bem lá. Só saio o dia que não me quiserem (risos)>
E a essa altura de profissionalismo, você se viu mudar como ator à medida que a tecnologia foi avançando no seu ramo?>
TR: A teledramaturgia não mudou. A história sempre teve, continua tendo e sempre terá amor X paixão X suspense para dar certo. Porque, afinal, o homem é movido por essas três coisas. Sem esses três elementos você não faz história. Mas, respondendo à pergunta, mesmo com toda essa modernidade, eu, Tony, nunca me vi no papel de ator tendo que mudar por conta de quaisquer tecnologias que apareceram... Nunca tive que me modificar... E também nunca levei papel para casa. Eu represento as personagens e isso é ótimo, isso é trabalho. Quando chego em casa só quero o carinho de Estrela (cadela basset de 15 anos), Mel (cadela labradora de cinco anos) e de Lidiane, com quem estou junto há 49 anos neste ano, além de meus dois filhos e dois netos>
Durante a entrevista, você comentou muito sobre o Espírito Santo. Tem alguma história especial com o Estado?>
TR: Não especificamente (risos). Leio muito, acho que é mais isso. Nunca fui ao Complexo de Tubarão. Mas sei que a construção é muito importante para o Espírito Santo economicamente falando porque gosto de ler sobre Economia. Também sei que o Convento da Penha é dos maiores patrimônios culturais que os capixabas têm e que a moqueca sempre está em alta por aqui. Mas vir aqui, mesmo, vim poucas vezes e acho que a última tem mais de 20 anos, tanto que passando pela cidade vi algumas avenidas ampliadas das quais não me lembrava. Passei umas três vezes por aqui a trabalho, ou indo para outro lugar... Sei muito porque presto muita atenção e sou observador.>
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