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Sérgio Blank volta aos livros após 23 anos de hiato

Sérgio Blank volta aos livros após 23 anos de hiato

Autor lança na segunda (11) o livro "Blue Sutil", seu primeiro trabalho inédito após mais de duas décadas

Publicado em 5 de fevereiro de 2019 às 21:44

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Sérgio Blank lança "Blue Sutil", seu oitavo livro. (Fernando Madeira)

Não houve um planejamento prévio e muito menos uma superprodução. Bastou a combinação de uma veia poética ainda pulsante e um olhar mais atento para a simplicidade da vida para que Sérgio Blank decidisse dividir com o público suas “anotações despretensiosas”. Depois de um hiato de 23 anos desde a última obra inédita, “Vírgula” (1996), Blank brinda os leitores com “Blue Sutil”, seu sétimo livro. O lançamento acontece às 19h da próxima segunda-feira (11), na Cafeteria Carnielli do Hortomercado da Praia do Suá, em Vitória.

Durante as mais de duas décadas em que ficou sem publicar, Blank dizia que não voltaria à ativa. Pelo menos não nesse sentido. Apesar de seguir trabalhando com a literatura em outra direção – na produção de oficinas, por exemplo – lançar novos poemas estava fora de cogitação.

“Meu discurso era de não voltar a escrever. ‘Por que esse hiato?’ é uma pergunta que tenho recebido esses anos todos e que não sei responder. A resposta que dou é que simplesmente não aconteceu”, descreve.

Mas o destino o contrariou ao dar a ele uma espécie de aposentadoria forçada e precoce. Há seis anos enfrentando problemas de saúde decorrentes de uma cirrose hepática, o escritor precisou dedicar grande parte do tempo à sua cura.

O período em que ficou sem trabalhar e viveu como um ermitão – como ele descreve – acabou fazendo com que Sérgio enxergasse no dia a dia e na simplicidade da vida a inspiração.

“Esse isolamento me trouxe um novo olhar para as coisas, para as pessoas. De dois anos para cá, comecei a fazer alguma anotações despretensiosas. Chegou um momento em que percebi que tinha um livro. ‘Blue Sutil’ é fruto disso. É a busca de suavidade, serenidade, afetividade. Afeto é a melhor palavra para defini-lo”, explicou.

O termômetro para a nova obra veio de um universo não tão comum ao escritor: a internet. Os poemas que compõem o livro foram antes publicados nas redes sociais e a repercussão deu a ele o empurrãozinho necessário para encerrar o hiato.

“Na internet tive a oportunidade de ter uma resposta imediata, muito sincera. O leque de pessoas que leu é muito grande, e a receptividade foi muito boa. Isso me estimulou a publicá-lo”, lembra.

Apesar dos mais de 20 anos de espera, Blank prefere que ‘Blue Sutil’ seja lembrado por uma outra data: este ano o autor comemora 35 anos dedicados à literatura. Seu primeiro livro, “Estilo de Ser Assim, Tampouco”, foi publicado em 1984.

“É um brinde que estou dando aos meus leitores – se eles ainda existem – e aos meus amigos”, brinca.

PRODUTO CASEIRO

Com 67 páginas de poemas em prosa que expressam algumas memórias de Blank, “Blue Sutil” carrega a marca de um produto caseiro, produzido com calma, cuidado e afeto, com a edição do próprio autor. “Foi uma coisa despretensiosa, todo o projeto. Eu não quis procurar editora, não quis me submeter a nenhum concurso. Achei que eu poderia fazer por conta própria, por ter certa experiência como editor”, disse.

Até a diagramação das páginas e a idealização capa – toda em azul, contendo apenas o nome do autor e o título – foram pensadas para proporcionar um ar de simplicidade e de retorno às origens, conta o autor.

O poeta conta que depois de dois anos inteiramente dedicados aos cuidados com a saúde, há quatro ele conseguiu voltar a pensar no “mundo dos livros”.

Entre 2017 e 2018, ele organizou o projeto “Por que você escreve?”, uma série de encontros literários com artistas que respondiam à pergunta.

Agora, o escritor tem um novo projeto em mente, “A Máquina de Escrever”. O objetivo é organizar novos encontros literários, mas abrangendo a presença de outros personagens ligados a esse universo, como livreiros, bibliotecários, donos de gráfica, escritores e leitores.

LIVROS

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Ao todo, Sérgio Blank tem seis obras publicadas antes de “Blue Sutil”: a infantil “Safira” (1989) e também “Poesia: Estilo de ser assim, tampouco” (1984); “Pus” (1987); “Um,” (1988); “A Tabela Periódica” (1993) e “Vírgula” (1996). “Os dias ímpares – toda poesia” (2011), reúne os cinco títulos anteriores.

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