Depois de termos passado boa parte de 2017 discutindo se a cultura deveria ou não ser censurada, por conta das manifestações raivosas acerca da exposição Queermuseu, 2018 aprofundou ainda mais as questões políticas, teve destaques na música pop nacional, no sertanejo e no rap, além do triste debate sobre o sucateamento da cultura impulsionado pelo trágico incêndio do Museu Nacional, no Rio de Janeiro.>
Principal nome do pop no país, a cantora Anitta seguiu priorizando o lançamento de singles com material audiovisual, e teve sua primeira indicação ao Grammy Latino. A carioca apostou em parcerias e cantou com o nosso Silva.>
A música ainda bombou com as vozes das cantoras Iza e Pabllo Vittar, que continuaram levantando bandeiras de empoderamento mesmo após atingir o mainstream.>
Com mais um ano próspero, o sertanejo teve como principais expoentes a dupla Zé Neto & Cristiano, além de Naiara Azevedo e da irreverente Marília Mendonça que chegou a dar uma palinha no disco de Gal Costa, A Pele do Futuro. Assim como Gal, Erasmo Carlos, Gilberto Gil e Elza Soares também completaram a lista de veteranos que trouxeram às ruas bons discos em 2018.>
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Em destaque já há alguns anos, o rap nacional mostrou novamente sua força e ganhou bons discos como o do baiano Baco Exu do Blues, dos mineiros Djonga e FBC, e do pernambucano Diomedes Chinaski, além de outros singles e cyphers de peso que vêm para provar que a produção do rap no país já expandiu-se para muito além do circuito Rio-São Paulo.>
Ainda na música, impulsionado pelo sucesso do filme Bohemian Rhapsody, o Queen voltou com tudo às paradas. Quem também fez barulho por aqui foi o ex-Pink Floyd Roger Waters, que foi acusado até de fazer campanha política ao se posicionar contra o então candidato à presidência Jair Bolsonaro.>
AUDIOVISUAL>
O discurso político pediu passagem também no cinema, onde mulheres seguiram chamando atenção festivais afora com o movimento #MeToo, com denúncias de episódios de assédio praticado por diversos homens do meio.>
A representatividade negra entrou em debate com Pantera Negra, uma das maiores surpresas da Marvel, dirigido por Ryan Coogler, e que se tornou muito mais que o filme: é um produto de afirmação de identidade.>
A Netflix firmou-se numa crescente, com destaque para filmes como Roma, de Alfonso Cuarón, e A Balada de Buster Scruggs, dos irmãos Coen. Chamaram atenção também as produções nacionais da plataforma, como a boa Samantha e a polêmica O Mecanismo, que, à sua maneira, falava sobre a Operação Lava Jato. O serviço também fez bombar por aqui a série espanhola La Casa de Papel.>
Achou que não ia ter Choque de Cultura na retrospectiva? Isso mesmo... achou errado! A trupe da TV Quase, nascida aqui na terrinha, continuou bombando na internet e pegou todo mundo de surpresa ao aparecer na tarde da Globo comentando os filmes da Temperatura Máxima.>
PERDAS>
A cultura também deu adeus a diversos nomes relevantes neste ano. Entre as despedidas mais marcantes está, sem dúvida, a de Stan Lee, o lendário quadrinista criador de boa parte dos heróis da Marvel, falecido aos 95 anos.>
Em agosto, o câncer no pâncreas nos tirou Aretha Franklin, popularmente conhecida como Rainha do soul. A mesma doença, mas no estômago, também vitimou o funkeiro Mr. Catra, em setembro, aos 49 anos.>
Seguindo em terras brasileiras, deixaram saudades as nonagenárias Ivone Lara, diva do samba, e Angela Maria, uma das rainhas do rádio, além da atriz Beatriz Segall, eternamente lembrada como Odete Roitman, da novela Vale Tudo.>
Vale lembrar ainda a morte de Dolores ORiordan, que fez sucesso à frente do Cranberries, em 15 de janeiro.>
CORTES>
Depois de ter cortado quase metade do orçamento destinado ao Ministério da Cultura em 2017, Michel Temer prosseguiu com os cortes em 2018. Em junho, decidiu acabar com a pasta, mas voltou atrás ao nomear Sérgio Sá Leitão para comandar o setor.>
O prognóstico não é dos mais positivos, uma vez que o já citado presidente eleito anunciou a extinção do ministério, que será absorvido pela pasta da Cidadania e Ação Social. A julgar pela reação do setor diante das investidas de Michel Temer, é provável que o debate envolvendo artistas e produtores culturais torne-se ainda mais acalorado pelos próximos tempos.>
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