Publicado em 2 de janeiro de 2018 às 12:38
Expectativas renovadas. Mesmo com dificuldades recorrentes, profissionais da cultura continuam com olhar otimista para virar a próxima página. Entre os pedidos para 2018, eles desejam mais incentivo para as produções culturais, mas, se isso não acontecer, eles prometem resistir, mesmo de forma independente.>
Na dança, muitos grupos surgiram no ano que passou, mas, apesar disso, Raquel Baelles, produtora da Soul Jazz Cia. de Dança diz que faltaram espaços para apresentações. Por isso, esse é um dos seus maiores pedidos para 2018.>
Apesar de muitas companhias sentirem a crise econômica, 2017 foi o ano em que a Soul Jazz mais dançou, mesmo sem nenhuma ajuda externa de editais ou financiamentos coletivos, diz.>
Para 2018, Raquel espera estrear em março o espetáculo Anagrama, que já está pronto mas ainda não tem local para apresentação. Não existem datas disponíveis nos teatros de Vitória.>
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Audiovisual>
Na próxima quinta, o Estado terá mais uma versão itinerante do tradicionalíssimo Festival de Cinema de Vitória, que teve sua 24ª edição em 2017. A diretora, Lucia Caus, diz que espera dar continuidade ao trabalho que faz há mais de duas décadas. Já para o cenário nacional, seu anseio é que o audiovisual receba maior entendimento e reconhecimento em 2018.>
Ele (o audiovisual) é um importante setor da economia. A geração de emprego e renda da cadeia produtiva é gigantesca em lugares em que o incentivo por parte do poder público e do setor privado é significativo. Que o audiovisual possa gerar um giro financeiro maior e ser capaz de remunerações justas aos profissionais da área, diz.>
Na música, Bruno Castello, vocalista do Babulina, diz que o balanço de 2017 foi positivo e ele espera que continue assim. Espero que em 2018 tenhamos tantos bons discos lançados quanto tivemos em 2017, diz Bruno, que ressalta ainda haver desafios a serem enfrentados com seriedade pelos profissionais e agentes públicos da cultura.>
Espero que nos debrucemos sobre as questões que envolvem a transparência e efetividade do recolhimento de direitos autorais (em especial, nas plataformas digitais) além do fomento público cultural que vem sofrendo grandes cortes nos últimos anos.>
Curadora e coordenadora da Galeria Arte Espaço Universitário, Neusa Mendes torce para que gestores olhem para os espaços culturais.>
Que eles consigam enxergar nossa potência cultural a transformem isso em leis que possam fazer as artes plásticas abrir novos horizontes. Que 2018 tenha de fato ações de crescimento, amparo, de liberdade e apoio às manifestações culturais. E que assim exista incentivo tanto para quem já frequenta quanto para quem não tem acesso a museus, galerias, e outros espaços que agregam a cultura, almeja.>
RESISTÊNCIA E MUITO TRABALHO PARA O ANO NOVO>
Como dito lá na capa, se os incentivos à cultura não vieram, não existe desânimo. Escritor e editor, Saulo Ribeiro diz que sua grande preocupação para 2018 é em relação a falta de acessibilidade e a forma obtusa dos gestores públicos e representantes eleitos de enxergarem a arte e a literatura.>
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A gente costuma dizer que é preciso formar leitores em nosso país, mas também é preciso formar gestores leitores. Representantes que leiam e compreendam o que é a literatura, a arte. Precisamos de cabeças mais iluminadas nos espaços públicos , diz.>
Saulo espera que boas publicações capixabas continuem sendo produzidas, conquistando espaço não só no Espirito Santo, como também fora do Estado.>
Alias, está mais fácil ganhar espaço lá fora do que dentro do Espírito Santo. Nossa literatura conseguiu alguns avanços em outras regiões, não motivada por políticas públicas, mas sim fomentados por autores, instituições não governamentais e coletivos. Que em 2018 continue assim, espera.>
Como escritor, Saulo espera finalmente publicar um romance que está escrevendo há cinco anos e, a partir daí, fazer uma circulação nacional deste trabalho. Finalmente esse trabalho vai sair. É o roteiro do Os Incontestáveis (filme de Alexandre Serafini). Já virou uma lenda esse livro.>
Teatro>
Dramaturgo, diretor, ator e integrante do Grupo Z de Teatro, Fernando Marques afirma que o cenário não parece animador.>
O que temos visto é um corte de verbas. A arte não é mercadoria, não dá pra ser de acordo com o mercado. O ideal é criar políticas públicas porque cultura é um direito básico do cidadão, garantido constitucionalmente, protesta Fernando.>
Mas o dramaturgo acredita na força da resistência e crê que os grupos de teatro e de outros setores da cultura continuarão lutando mesmo com as muitas perdas. Em 2017, em Vitória, Fernando viu várias grupos de teatro conquistarem sua própria sede, o que para ele é fundamental para garantir seu funcionamento continuo.>
Acredito na resistência, mesmo que a duras penas. O cenário não é otimista, mas estou muito confiante nessa nova capacidade de perseverança.>
Fernando planeja para 2018 duas montagens uma de teatro e outra na área de dança/teatro. Ele confia que pelo menos um desses sai do papel. Mesmo que tenha que ser na raça, reforça. A intenção no Grupo Z é voltar com os espetáculos Pentagrama e Vizinhos.>
Incertezas não faltam para o próximo ano, mas o fato é que mesmo assim a cultura e seus agentes vão continuar acreditando e batalhando para um 2018 muito melhor como sempre fizeram.>
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