> >
Professora conta histórias em libras para crianças surdas na internet

Professora conta histórias em libras para crianças surdas na internet

Projeto "Mãos Aventureiras" começou em 2017 e idealizadora recebe centenas de comentários positivos no canal que criou, no YouTube

Publicado em 10 de abril de 2018 às 13:39

Carolina Hessel: professora conta histórias em libras para crianças surdas na internet Crédito: Reprodução/YouTube Mãos Aventureiras

Crianças com deficiência auditiva têm uma nova forma de ler histórias desde o ano passado. É que a professora Carolina Hessel, nessa época, teve a ideia de começar a contar tramas de livros infantis com linguagem de sinais em um canal no YouTube. O sucesso do projeto já rende mais de 3,1 mil seguidores na plataforma de vídeos e centenas de comentários que avaliam positivamente a iniciativa da docente.

Em entrevista ao Gazeta Online, ela adianta que tem novos planos para 2018, mas que pretende continuar alimentando o canal periodicamente. A ideia do projeto, como ela mesma conta, partiu da experiência própria, já que Carolina é surda. Hoje, ela comemora o acesso que inúmeras crianças estão tendo à arte que é a literatura.

As gravações dos vídeos acontecem uma vez por semana. No período entre um e outro, a professora estuda o material para fazer a tradução. A edição das filmagens é realizada por um bolsista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que é vinculado ao projeto. Assista:

GAZETA ONLINE: quando começou a planejar a ideia e quando a pôs em prática? Teve apoio de algum colega ou aluno que quisesse comprar a iniciativa com você?

No ano de 2016 comecei a pensar o projeto, entretanto, meu contato com a literatura vem desde a minha infância. A literatura sempre fez parte da minha vida e passou a sou a ser interesse de pesquisa e atuação profissional aliada à carreira docente. No ano de 2017, o projeto entrou em fase de execução, vinculado à pró-reitoria de Extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Coordeno o projeto sozinha, mas com uma equipe da Universidade vinculada à ação.

E como surgiu a ideia do projeto?

Sou surda, então o interesse parte da minha própria experiência. O foco na literatura infantil deve-se ao fato de que parte das crianças surdas nascem em lares de pais ouvintes, o projeto objetiva colaborar na produção e expressão da língua de sinais por esses sujeitos.

Você já imaginava que o canal teria essa repercussão? Por que decidiu apostar na internet? Depois disso, recebeu alguma proposta para incrementar o canal?

Não imagina o alcance do projeto. Pensava, inicialmente que seria útil para ambientes escolares, mas a circulação me surpreendeu. A postagem na internet foi exatamente pela possibilidade de acesso em diferentes espaços por diferentes sujeitos. Não recebi propostas para incrementar, mas sugestões de legendagem para que o material pudesse ser consumido por outras pessoas não usuárias da língua de sinais.

Ainda sobre o canal, imagino que seja realizador para você receber um feedback positivo dos seus seguidores. Estou certo? Como está sendo esse contato "Você X internautas"?

Recebo retornos positivos por parte de professores que atuam com crianças surdas, pais e de algumas pessoas que estão aprendendo Libras e contam a experiência com a língua dentro do gênero literário. Outro grupo que realiza contato com o projeto são os contadores ouvintes de história e o público que trabalha com literatura em geral.

Agora, com o projeto em prática e sendo sucesso, você tem ideia de fazer algo diferente, mudar o que já faz de alguma forma? Em 2018, têm outros projetos que pretende colocar em prática?

A produção foi organizada para o público infantil surdo mas, com as postagens, comecei a receber muitos feedbacks de pessoas ouvintes que estão aprendendo a língua de sinais. Tem sido um trabalho muito prazeroso e de grande alcance, até mais do que os objetivos pensados inicialmente. Para o futuro, a ideia é continuar alimentando o canal com as produções para o público infantil, mas já tenho outras ideias para os passos seguintes, tudo no sentido de valorização da língua de sinais.

Este vídeo pode te interessar

  • Viu algum erro?
  • Fale com a redação

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais