Publicado em 3 de maio de 2019 às 21:30
A vida da jovem paquistanesa Malala Yousafzai inspirou o enredo de Malala A Menina Que Queria Ir para a Escola, que desembarca em Vitória neste final de semana em duas sessões na Ufes, uma neste sábado (4) e uma no domingo (5). A peça é uma adaptação do livro de mesmo nome, escrito pela jornalista Adriana Carranca, que viajou ao Paquistão dias depois do atentado dos talibãs à vida de Malala ferrenha defensora dos direitos das meninas à educação e pessoa mais jovem a levar um Nobel. O espetáculo tem músicas inéditas de Adriana Calcanhotto.>
Em entrevista ao Gazeta Online, a atriz e idealizadora da peça, Tatiana Quadros, fala sobre a ideia da produção, os desafios e surpresas. É uma peça de teatro musicada que trabalha bastante a questão corporal para conscientizar todo o público sobre a história dessa importante figura, diz Tatiana. Confira o bate-papo:>
De onde surgiu a ideia de fazer esse espetáculo?>
Eu já era uma leitora assídua da Adriana Carranca, e quando ela lançou o livro aqui no Rio, comecei a lê-lo na mesma noite e fui me encantando a cada página que ia lendo. Fui extremamente tocada pela história, que já conhecia. Fui percebendo como uma história tão distante geograficamente e culturalmente podia dialogar com crianças brasileiras, que também têm dificuldade no acesso à educação por conta da violência. O que gera a violência no Paquistão é o que gera aqui: diferenças sociais e econômicas que acabam refletindo na sociedade. Então fiquei encantada pela literatura e pela história em si e convidei algumas pessoas para escrever esse projeto e apresentar para a Adriana. Tivemos uma estreia absolutamnete incrível, conseguimos lotar grandes teatros. Vendo a dificuldade que é fazer isso por aqui, achamos isso incrível.>
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E qual o maior desafio ao levar um assunto tão denso para o público infantojuvenil?>
O próprio livro da Adriana tem uma coisa muito bacana, que é a narração de forma lúdica, delicada, divertida... Fala-se de uma história densa mas sem omitir a verdade. Ela não entra em detalhes mórbidos, mas conta sobre o atentado, explica quem são os talibãs, por que eles viraram homens violentos, enfim. Traduzimos o livro, então, para o nosso quintal. Somos atores contando essa história por meio da curiosidade, da aventura, da pesquisa, com muita leveza, muita música e cor. O cenário é cinza, mas vai sendo pintado por uma projeção que o deixa bem bibo. O tiro, por exemplo, nós tratamos de forma mais lúdica, poética, não tem arma no espetáculo.>
O que mais a surpreendeu na reação do público da peça?>
Essa é uma peça que faz muito sucesso com crianças acima de 6 anos, mas falamos que é para todos, para as famílias. E as crianças não se distraem, mesmo em 1h20 de peça. Elas saem muito alegres e tocadas com a história que é brutal e de esperança. As meninas saem se sentindo fortes, esperançosas e também se questionando.>
Qual a importância de abordar uma história como essa nos tempos atuais?>
É um espetáculo urgente. Eu já tinha consciência disso, mas agora tenho ainda mais. Durante a peça, falamos de Marielle, de outras mulheres que fizeram diferença na história do país e do mundo. Colocamos a mulher como uma voz a ser ouvida e respeitada. Tentamos mostrar que a Malala assumiu tudo isso por conta do amor que tem em si. Ela conseguiu colocar milhares de meninas em escolas. É um espetáculo que luta contra a intolerância e o extremismo.>
Malala A Menina que Queria Ir Para a Escola>
Quando: Sábado (4) e domingo (5), às 16h.>
Onde: Teatro Universitário (Ufes). Avenida Fernando Ferrari, 514, Campus Universitário, Goiabeiras.>
Ingressos: R$ 20 (inteira), R$ 10 (meia). À venda na bilheteria do teatro e no site Tudus.com.br.>
Informações: (27) 3029-2765.>
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