Publicado em 18 de junho de 2018 às 16:36
João Cavalcanti ficou conhecido por dar voz ao samba do Casuarina durante 16 anos. Agora ele desprende-se da banda e do ritmo para buscar outros caminhos. O marco dessa nova fase é o lançamento do álbum Garimpo, produzido em duo com o saxofonista Marcelo Caldi. Eu já fazia minhas coisas desde muito tempo. Tenho outros discos lançados. A minha saída do grupo tem mais a ver em como me reconheço como artista do que essa intenção de fazer carreira solo. No Casuarina eu tinha pouco espaço pra cantar minhas músicas. Me percebi cada vez mais como um compositor que é um veículo de si mesmo. E aí passou a não me interessar mais aquele projeto e não quis ficar preso a conveniência, explica.>
A união com Marcelo Caldi é antiga: são amigos há 20 anos. O projeto de Garimpo começou por acaso, quando João foi convidado a fazer um show no Rio de Janeiro e chamou Marcelo para criar arranjos para as suas canções feitas com parceiros e que ele nunca havia gravado. Ele fez arranjos lindos e metalinguísticos. Quando vimos o conjunto, decidimos gravar, conta.>
O ex-Casuarina sempre gostou de experimentar. Neste álbum, diferente de Placebo, seu trabalho de 2012, ele usa poucos elementos apenas voz e piano em algumas canções, e a sanfona em outras, garimpando a música em sua essência.>
Quando você faz isso, se desprende de todos os artifícios (que no final das contas é usado para mascarar a atenção em si), você desapega e vê a canção pura. Isso tem a ver com a imagem do garimpo: tirar o que está soterrado na quantidade de ornamento, diz, explicando o conceito do álbum.>
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Parceiros>
O novo projeto traz quatro músicas inéditas e dez composições de João que já foram cantadas por outros artistas, como Na Varanda, parceria com Tiê e Plínio Profeta, que faz parte do segundo álbum da cantora, e Valsa de Baque Virado, de João Cavalcanti e Mario Adnet, gravada pelo grupo vocal MPB4. Pêndulo, Bem Melhor, Consumido e Não Sós são as novidades de João, nunca antes cantadas. Indivídua, composta por João e Pedro Luís, ganhou um clipe dirigido por Alexandre Nero e protagonizado por Camila Pitanga.>
Tem um critério que é chave: o critério do afeto. Qualquer parceria, quando é pautada por isso (pelo afeto), tem mais chance de ser bem sucedida. O ponto de partida do álbum são músicas minhas que os meus parceiros já tinham gravado e eu não. Estou me reaproximando do meu repertório. Minhas composições estavam diluídas e eu resolvi agrupar. Esses filhos são todos meus, diz o músico.>
Quem também figura em Garimpo é Lenine, pai de João. Juntos, pai e filho criaram A Causa e o Pó, que traz a voz do cantor português António Zambujo.>
Papai é o artista que conheço há mais tempo e de mais perto. A minha bagagem musical, por menos acadêmica que seja, se deu pelas coxias do show dele. Além da questão genética, é muito natural. Sou tão fã quanto filho, e acho que ele está impresso em muita coisa que eu faço. Mas o meu barato é trilhar meu caminho, reforça.>
O álbum acaba de ser lançado, mas João já segue trabalhando em outro projeto. Sangrando, seu segundo disco totalmente solo, terá produção de Tó Brandileone (integrante da banda 5 a Seco) e será lançado em 2019.>
Garimpo>
João Cavalcanti. Som Livre. 14 faixas. Quanto: R$25. Disponível nas plataformas de streaming.>
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