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'O Artista do Desastre' recria o melhor 'pior filme da história'

"O Artista do Desastre" recria o melhor "pior filme da história"

Filme produzido, dirigido e estrelado por James Franco tem uma indicação ao Oscar 2018

Publicado em 7 de fevereiro de 2018 às 21:19

"O Artista do Desastre" recria o filme "The Room" Crédito: Universal/Divulgação

“O Artista do Desastre”, que chega quinta-feira (8) aos cinemas do Estado, abriu a temporada de prêmios como um dos fortes candidatos ao Oscar. As acusações de assédio contra James Franco (produtor, diretor e protagonista do filme), após o mesmo ser premiado no Globo de Ouro, podem ter pesado. O resultado foi apenas uma indicação ao principal prêmio do cinema mundial – Melhor Roteiro Adaptado.

O filme conta a história da produção de “The Room”, um dos filmes mais controversos já feitos – Tommy Wiseau, seu roteirista, diretor, produtor e ator principal, uma das figuras mais misteriosas de Hollywood. Ninguém sabe qual o seu país de origem, sua história, sua idade e nem de onde vieram os 6 milhões de dólares que foram gastos para tornar realidade um dos “melhores piores filmes” de todos os tempos.

“O Artista do Desastre” poderia ter ido com o filme em uma direção divertida, porém medíocre, de apenas recriar uma coletânea de cenas da obra original com o objetivo de tirar risadas do público. O filme de fato faz isso, mas consegue ir além ao mostrar até onde um homem está disposto a ir para realizar seus sonhos mesmo que todos à sua volta tentem convencê-lo a desistir.

Estrutura

Dividido em duas partes, o filme não carrega a tradicional divisão em três atos. A primeira parte mostra o início da amizade entre Wiseau (James Franco) e Greg Sestero (Dave Franco) e o “começo” de carreira de ambos, enquanto a segunda parte fica restrita à produção de “The Room”.

A trama tem início mostrando a misticidade e o mistério por trás da figura de Wiseau; dos enquadramentos ao movimento de câmera, posicionando o personagem sempre de costas para a tela, até ele finalmente mostrar seu “talento” como ator.

James Franco está ótimo como Tommy Wiseau, tão bem que é fácil esquecer quem é quem. Ele não só apresenta a parte cômica do personagem, mas demonstra, posteriormente, a parte dramática e o peso que a figura carrega pelo fracasso de “The Room”.

Franco mostra quão afetado é Wiseau – quem já o viu em entrevistas ou aparições públicas sabe que Tommy é assim no dia a dia. Já Dave Franco (irmão de James) não vai mal, mas tem seus melhores momentos em tela ao lado do irmão.

A amizade dos Tommy e Greg é extremamente crível – eles se complementam tanto em suas semelhanças quanto em suas diferenças, o que confere agilidade à narrativa, que alterna bem os momentos cômicos e o drama.

Na segunda parte, quando mergulha na produção de “The Room”, o filme mostra como história do longa interfere na amizade entre Tommy e Greg atrás das câmeras. Neste momento o filme ganha em didatismo, com diálogos expositivos que subestimam a inteligência do espectador. O reflexo do filme na vida de Wiseau, por exemplo, é reiterado mais de uma vez. A segunda parte traz, ainda, uma relação mal desenvolvida entre Amber (Alison Brie) e Greg.

Apesar dos problemas o filme faz um trabalho muito eficiente ao dar um olhar mais profundo para as cenas engraçadas do longa original e mostrar como é ter seu sonho ridicularizado.

Ao fim, “O Artista do Desastre” tem boas atuações, personagens principais fortes e ritmo ágil. O filme equilibra bem o drama e o humor, mas peca pelo didatismo e por subtramas mal desenvolvidas. O resultado é um filme de cinema, sobre cinema e que merece ser assistido pelos amantes do cinema.

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