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Nathalia Timberg traz 'Chopin ou o Tormento do Ideal' a Vitória

Nathalia Timberg traz "Chopin ou o Tormento do Ideal" a Vitória

Atriz estrela o espetáculo ao lado da pianista Clara Sverner; montagem fala sobre os 20 anos da vida e da obra do compositor

Publicado em 7 de setembro de 2018 às 21:27

Nathalia Timberg e Clara Sverner em "Chopin ou O Tormendo do Ideal" Crédito: Ronald Mendes/Divulgação

A música e poesia de Chopin se entrelaçam em um espetáculo repleto de sensibilidade estrelado por pela atriz Nathalia Timberg e por Clara Sverner, uma das maiores pianistas brasileiras. “Chopin ou O Tormento do Ideal”, dirigido por José Possi Neto, chega a Vitória nos dias 15 e 16 de setembro, no Teatro Universitário, na Ufes. No palco, os recortes textuais da vida de Chopin, as cartas de George Sand, declarações e poemas de Musset, Liszt, Baudelaire, Gérard de Nerval e Saint-Pol-Rou revelam ao público detalhes de 20 anos da vida e da obra de Frédéric Chopin.

A montagem original foi apresentada pela primeira vez em 1987, em Paris. O pianista Erik Berchot e o ator e autor Philippe Etesse construíram o espetáculo que conquistou Nathalia Timberg. Em entrevista ao Gazeta Online, a atriz revela um pouco mais sobre a peça, a parceria com Clara e a experiência de interpretar um gênio da música.

Por que decidiu encenar essa peça?

O que determinou realmente esse caminho foi que Clara e eu já havíamos feito “33 Variações de Beethoven”. Conversávamos sobre o prazer que estávamos tendo nesse espetáculo e aí surgiu a ideia. Foi quando um grande amigo nosso, cônsul em Paris, me falou de um texto de um grande amigo dele na França. Pedi pra ver esse texto e nos encantamos por ele.

Como foi dar vida ao seu primeiro papel masculino?

Não é exatamente um papel masculino. No espetáculo eu dou voz a textos que de certa maneira dão uma visão multifacetada. São textos originais do pianista Franz Liszt, do poeta Alfred Louis Charles de Musset e do próprio Chopin, das cartas dele. São textos que o autor do espetáculo (Philippe Etesse) garimpou. É todo um contingente da literatura romântica da época que está ali porque são pessoas que conviveram com esse gênio que até hoje fala diretamente à alma. Quando ele morreu, Robert Schuman disse que a alma da música andou pela terra. Até hoje não conheço quem não seja sensível à essa música extraordinária.

A gente vê as coisas meio que em compartimentos, distantes. Nós estamos ainda na idade da pedra. Nossa sensibilidade anda muito embotada. Esse espetáculo fala da sensibilidade, não do sentimentalismo, às vezes as pessoas confundem muito. A arte tem vários tipos de manifestação. A musicalidade é algo natural do brasileiro, então acho que ele não encontra dificuldade em transitar por isso, nós que pré-julgamos. A nossa música, tinha a entrada de poetas, hoje em dia temos isso ainda, mas está um pouco fragmentado. A formação do brasileiro anda muito sucateada.

O que mais te intrigou ao mergulhar em Chopin?

A figura inteira. O que mais me toca é o que ele nos diz. É de uma grandeza, de uma palpitação...

Um trecho da peça diz que “Quem quiser alcançar a simplicidade sem esforço, não chegará a lugar algum”. Acha que essa frase tem muito sobre o mundo atual?

Na arte as pessoas às vezes se satisfazem com uma abordagem superficial. Muitas vezes a pessoa tem talento, mas não quer pagar o preço. Hoje em dia pagamos um preço caro por essa formação sucateada. As pessoas têm dificuldade de abordar algo mais profundo. Depois de ter esgotado todas as dificuldades, depois de ter tocado uma imensa quantidade de notas e mais notas, aí vem a simplicidade. A simplicidade é uma conquista como último selo da arte.

Você vai interpretar a estilista Iris Apfel em uma nova peça produzida pelos capixabas Bruna Dornellas e Wesley Telles. Tem alguma personagem que ainda sonha interpretar?

A Iris está em elaboração. Estou trabalhando nela arduamente. Ela é um ser humano curioso. A peça vai estrear em outubro. Eu não procuro por um personagem que queria interpretar. O que norteia o meu trabalho são as obras que tenham importância para o público. Não são as pessoas, as personalidades em si.

“Chopin ou O Tormento do Ideal”

Com Nathalia Timberg e Clara Sverner

Quando: sábado (15), às 21h, e domingo (16), às 18h.

Onde: Teatro Universitário. Ufes, Av. Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, Vitória.

Ingressos: R$ 25 (meia) e R$ 50 (inteira). Vendas na bilheteria do teatro ou no site Tudus.com.br

Informações: (27) 3029-2765.

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