Publicado em 12 de fevereiro de 2018 às 01:16
Na história do carnaval, o samba-enredo teve seu auge entre as décadas de 1970 e 90. Independente da torcida, não há quem não saiba de cor clássicos como É Hoje, samba-enredo da União da Ilha em 1982, ou Atrás da Verde e Rosa Só Não Vai Quem Já Morreu, hino da Mangueira em 1994. Desde então, mesmo após tanto tempo, composições mais recentes não nem caíram na boca do povo. Os sambas antigos avançaram os limites da avenida e povoam até hoje o imaginário popular.>
Um dos primeiros a estourar, em 1964, Aquarela Brasileira, da Império Serrano, foi reeditada em 2004 pela escola carioca. A partir daí vieram O Amanhã, com a União da Ilha, em 1978 . Já nos anos 80, Liberdade, Liberdade, Abre as Asas Sobre Nós, de 1989, foi até tema da novela da Globo Lado a Lado, em 2012.>
Na década de 90, inúmeros sambas conquistaram os foliões. Entre eles, Peguei um Ita no Norte, do Salgueiro, em 1993, que se tornou inesquecível com Explode Coração/ Na maior felicidade/ É lindo o meu Salgueiro/ Contagiando sacudindo essa cidade.>
Mas a partir daí, poucos caíram nas graças do grande público. A prioridade do impacto visual sobre o musical, o peso de outros quesitos na hora do julgamento final e o andamento mais acelerado da bateria e do samba são algumas das justificativas encontradas por especialistas no assunto.>
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Visual>
Quando o visual se tornou mais importante, com carros e fantasias luxuosas, as escolas começaram a se agarrar mais nisso. A partir daí a parte musical perdeu um pouco da relevância, foi para o segundo plano, explica o músico percussionista Leo de Paula. Para ele, além de todas as transformações na composição, o mercado fonográfico também tem influência no esquecimento dos sambas para além da avenida. Os sambas foram deixados para escanteio nas gravadoras, o que também contribuiu para colocar o samba à margem da história.>
Produtor musical, que produz os CDs dos sambas-enredos do Carnaval de Vitória, Glaydson Santos, que também foi cavaquinho da Viradouro por seis anos, não consegue precisar somente um motivo para o esquecimento das novas composições.>
A parte comercial das escolas de samba também pode atrapalhar. As escolas às vezes precisam fazer um enredo patrocinado e isso reflete na hora da criação. A estrutura dos sambas mudou muito, a velocidade com que eles são cantados mudou bastante. Há 40 anos as escolas não tinham que se preocupar com o tempo proposto. Sem falar na quantidade de informação que tem que colocar no samba-enredo, que é absurda, justifica.>
Mas mesmo com tantas alterações, as novidades são sempre bem-vindas sempre, como confirma Jace Teodoro, que comentou o Carnaval de Vitória pela TV Gazeta. As linhas melódica e poética eram o grande diferencial em sambas clássicos. Hoje alguns sambas me parecem pastiche, algo que já se ouviu em anos anteriores, perderam o frescor poético. Mas não posso deixar de ressaltar que há muitos talentos produzindo grandes sambas pras escolas, destaca Jace.>
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