Publicado em 17 de maio de 2019 às 12:15
Ieoh Ming Pei, conhecido mundialmente pela forma abreviada de seu nome, I.M. Pei - quase sempre seguida do aposto "o arquiteto da pirâmide do Louvre"-, morreu madrugada desta quinta (16), aos 102, em Nova York, onde vivia.>
Nascido em Guangzhou, China, em 1917, aportou em 1935 em San Francisco. O pouco de inglês que o jovem de 17 anos arranhava ao desembarcar, ele tinha aprendido com os camareiros do navio durante os 17 dias da viagem.>
Filho de mãe artista e poeta e pai banqueiro, estudou primeiro na Universidade da Pensilvânia, transferindo-se mais tarde para o Massachusetts Institute of Technology (MIT), onde se graduou arquiteto em 1940.>
Foi só dois anos após sua pós-graduação em Harvard, obtida em 1946, que o arquiteto teve seu primeiro emprego. Começou, porém, numa grande firma, a Webb & Knapp, em Nova York, o que o colocou de cara no mundo dos arranha-céus.>
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A arquitetura comercial, aprendida nos domínios de William Zeckendorf, não se distanciou jamais de sua obra. Mas, ao lado dela, convivem na produção de Pei também muitos museus e monumentos, além da famosa pirâmide de vidro.>
O arquiteto abriria seu próprio escritório, I. M. Pei & Associates, em 1955, ao lado de Henry Cobb and Eason Leonard, colegas na Webb & Knapp. Os primeiros trabalhos do trio foram desenvolvidos para a firma de Zeckendorf.>
A partir dos anos 1960, quando a firma consegue autonomia, Pei começa a mostrar uma marca própria.>
São exemplos notáveis desse período o Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica de Boulder, Colorado (1967) e o Everson Museum of Art, em Syracuse, Nova York (1968).>
Em ambos os projetos começa a se delinear uma vertente que não nega as origens modernistas do arquiteto, que teve Walter Gropius, pai da Bauhaus, entre seus professores em Harvard.>
São obras cujo aspecto austero nasce do rigor geométrico.>
Tais características se repetiriam em dois projetos monumentais da década de 1970, que ampliaram a fama de Pei -a ala leste da National Gallery of Art, em Washington, de 1978, e a John Fitzgerald Kennedy Library, em Boston, de 1979.>
Foi também nos anos 1970 que ele pela primeira vez retornou ao seu país natal -ele era naturalizado americano desde 1955.>
A oportunidade do retorno veio em 1978, com a encomenda de um hotel, o Xiangshan Hotel, mais conhecido pelo nome em inglês, Fragrant Hill (colina perfumada), inaugurado em 1982.>
No projeto do hotel, construído nos campos de caça imperiais nas cercanias de Pequim, Pei une sua obsessão geométrica a elementos vernaculares chineses.>
Em 1983 tornaria-se o quinto agraciado com o Prêmio Pritzker, compreendido como o Nobel da arquitetura. Era então autor de cerca de 50 obras, entre as quais muitos museus.>
Aqui e ali, em alguns projetos, coberturas prismáticas de vidro vinham aparecendo -no museu de Syracuse, no hotel chinês, em uma versão descartada para a biblioteca de Kennedy.>
A obra que tornaria seu nome popular fora do campo da arquitetura seria inaugurada em março de 1989.>
A pirâmide do Louvre, desenhada para o acesso principal do museu parisiense, em sua Cour Napoléon, foi recebida com controvérsia.>
A forma não foi aceita de início; os franceses a acharam egípcia demais.>
Argumentando que ali perto havia obeliscos vindo do Egito, acabou convencendo que a forma era a ideal para marcar o acesso subterrâneo -característica imposta pela preservação do local histórico.>
A pirâmide de Pei -que na verdade são duas, pois há uma menor, em uma das laterais da que serve de acesso propriamente dito- tornou-se um novo marco distintivo do velho museu, e o arquiteto acabou adorado na França.>
Recebeu do presidente François Mitterrand o título de cavaleiro da Legião da Honra ainda durante as obras, em 1988, sendo promovido a oficial em 1993. >
Concebida para acolher 4,5 milhões de pessoas ao ano, a pirâmide passou a receber mais do que o dobro disso. Recentemente, precisou ser reestruturada para se ajustar ao enorme fluxo de pessoas, 10 milhões em 2018.>
Em sua longa carreira, o arquiteto de figura sorridente e eternos óculos redondos como os de Le Corbusier, foi contemplado também com outras importantes distinções da arquitetura, como a medalha de ouro do Riba (Instituto Real de Arquitetos Britânicos), em 2010.>
Apesar de ter se aposentado de seu escritório, já rebatizado como Pei Cobb Freed & Partners, em 1990, o arquiteto continuou a colaborar em determinados projetos, como o Museu de Arte Islâmica em Doha, no Qatar, de 2007.>
Pei foi casado com Eileen Loo desde 1942 até a morte dela, em 2014. Tiveram quatro filhos, dois deles, Li Chung Pei e Chien Chung Pei, tornaram-se arquitetos.>
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