Publicado em 3 de dezembro de 2018 às 17:21
A carreira da veterana Mariah Carey é repleta de surpresas. Mesmo quando estava às voltas do lançamento do novo disco de inéditas, Caution, a diva acompanhava incrédula a movimentação do fãs, que levaram outro álbum seu, Glitter, de 2001, ao topo do iTunes em diversos países, incluindo os EUA.>
O movimento, batizado de #JusticeForGlitter, levou de volta aos holofotes o disco que é considerado um de seus maiores fracassos de críticas e vendas o material foi lançado na época dos atentados de 11 de setembro.>
Justiça feita, o fato também serviu para jogar mais luz sobre a relevância que a diva ainda exerce na indústria da música, e o poder de sua legião de fãs (carinhoramente chamados de cordeiros), que a acompanham em todos os bons e maus momentos.>
Com a chegada de Caution, sua importância ficou ainda mais evidente. Trocando em miúdos, o disco é uma atualização de seu repertório, sempre muito fincado no tradicional R&B, mas sem seguir padronizações sonoras apregoadas por muitas cantoras mais jovens.>
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O que se ouve no material, portanto, reforça que, mesmo consolidada na música, Mariah sempre pode oferecer mais.>
Cautela>
Com cautela, como canta na faixa-título do 15º disco de inéditas, e sem pensar demais, a artista entrega algumas músicas divertidas, outras até com bases em elementos eletrônicos, e mostra (talvez sem querer) que não precisa provar mais nada para ninguém (muito menos agradar a todos) a cada lançamento.>
Livre de amarras ou do que a indústria cobra dos artistas atuais para bombar nas rádios e nos streamings, Caution funciona também como uma celebração a essa nova fase. Desde a produção, Mariah deixava bem claro que estava se divertindo e fazendo músicas para os fãs.>
Essa liberdade produtiva grande parte devido à nova gravadora se refletiu no disco, que tem apenas dez faixas, pouco para alguns fãs, mas um número que deixa um gostinho de quero mais.>
Aqui, Mariah Carey também reforça, entre uma canção e outra, seu lado compositora, com letras que ora fogem do convencional e vão fundo nos sentimentos ou em momentos da vida pessoal, ora soam simples na medida certa, do jeito que a batida pede, para grudar na cabeça.>
Prova disso é que o material foi aclamado pela crítica internacional e pelos fãs, claro, graças à sonoridade e às letras, tendo recebido a maior pontuação entre os álbuns lançados nesta década, incluindo a maior nota entre todos os seus discos.>
Portanto, não será nada surpreendente se a diva entrar para o seleto grupo de Songwriters Hall of Fame, que celebra compositores como David Bowie e Leonard Cohen. Ela é uma das indicadas deste ano e as letras presentes em Caution podem ajudá-la.>
Faixas>
O álbum continua bebendo nas fontes do R&B e do hip hop, a essência de seu repertório. O que chama a atenção de cara, no entanto, é a pouca presença de baladas arrebatadoras e cheias de firulas, figurinha carimbada em seus álbuns.>
É bom reforçar que Caution tem uma pegada mais animada, apesar de ainda trazer algumas midtempos (meio termo entre baladas e agitação, e que a cantora sabe fazer como poucos). É o caso de With You, que faz os ouvintes lembrarem da Mariah Carey de sempre, numa versão baladinha romântica.>
GTFO, que abre o material, causou estranheza e divergiu opiniões quando divulgada promocionalmente. Tem vocais mais contidos, mas parece estar deslocada do restante das faixas.>
A música que dá nome ao disco segue a mesma pegada e é uma das melhores. A No No, por sua vez, abre a sequência mais animada. É divertida e traz samples de Crush on You, de Lil Kim. Um remix com a rapper pode sair em breve. O bacana é o apoio vocal na parte final, quase um coral, que casa muito com a música.>
Fora essa animação, Mariah Carey também se junta a novos produtores e parcerias vocais, dando um frescor às músicas. É o caso de Ty Dolla $ing, em The Distance. Tirando a parte dos gritinhos de líderes de torcida no início, a música é muito boa. A produção de Skrillex fica evidente com toques mais eletrônicos.>
Giving Me Life é disparada uma das melhores do álbum. Tem uma pegada meio R&B old school, lá dos anos 1990, com sintetizadores. É gostosa de ouvir. Antes dos seis minutos terminarem, há espaço para brincar com guitarras e agudos. 8th Grade é outra faixa estendida e segue a toada, com os agudinhos dando melodia à música.>
Portrait, que fala de inseguranças, fecha lindamente a lista, praticamente com voz (mais aguda que o normal) e piano.>
Com uma carreira que é sinônimo de superlativos e recordes, Mariah Carey prova mais uma vez que tomar as rédeas da situação como fez em Butterfly (1997) e The Emancipation of Mimi (2005), faz bem para o ego e para sua sonoridade. Mesmo que não seja inovador, o fato de fugir do convencional faz de Caution um trabalho antenado com o tempo.>
OUÇA>
Caution >
Mariah Carey>
10 faixas, Epic Music.>
Disponível nas plataformas digitais.>
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