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'Jogador Nº 1' traz de volta aquele Spielberg moleque dos anos 80

"Jogador Nº 1" traz de volta aquele Spielberg moleque dos anos 80

Adaptação do romance de ficção científica de Ernest Cline é um sonho de consumo nerd

Publicado em 29 de março de 2018 às 22:35

Filme mostra um futuro em que todos ficam conectados a seus óculos de realidade virtual Crédito: Warner/Divulgação

“Jogador Nº 1”, o livro de Ernest Cline, é praticamente um playground para a galera que se considera nerd bem antes disso ser uma coisa legal. Cheio de homenagens ao cinema e aos games dos anos 1980, o livro mostra o mundo de 2045 pelos olhos do jovem Wade Watts. A distopia criada pelo autor traz uma ambientação sombria e desesperançosa – justamente por isso, todos usam o “Oásis” para tudo. A plataforma de realidade virtual é um escape para a dura realidade; dentro dela, todos são o que querem ser.

Quando James Halliday, o criador do “Oásis” e uma espécie de Willy Wonka hi-tech, morre, ele promete deixar toda sua fortuna e o controle da plataforma para quem solucionar seus enigmas e encontrar o maior dos easter eggs. Inicia-se então uma corrida maluca para que somente os mais apaixonados pela cultura pop oitentista seriam capazes de vencer, uma vez que todos os mistérios são ligados a ela – dos discos do Rush à filmografia de John Hughes, passando por clássicos do cinema e dos fliperamas.

E sabe quem praticamente construiu a cultura pop cinematográfica dos anos 1980? Ele mesmo: Steven Allan Spielberg, o hoje septuagenário que encantou o mundo com filmes como “Contatos Imediatos de Terceiro Grau” (1977), “Os Caçadores da Arca Perdida” (1981) e “E.T” (1982). Quem, então, seria mais adequado para levar para as telas o livro de Cline?

O FILME

“Jogador Nº 1”, o filme dirigido por Steven Spielberg, é pontual em corrigir as falhas do livro – com o auxílio das imagens (um batalhão delas), o roteiro (que tem participação do próprio Cline) não se baseia apenas nas referências nostálgicas e nas homenagens para conquistar o público.

Quando o filme se inicia, parece que tudo será como no trailer: velocidade e muita informação, mas não

Gigante de Ferro é relação Crédito: Warner/Divulgação

 demora para Spielberg tomar as rédeas. Após uma breve apresentação de Wade (Tye Sheridan) para a trama, somos levados a conhecer as pessoas por trás dos avatares. Ironicamente, o filme utiliza muito melhor o mundo real do que o livro, que prefere passar mais tempo no encantamento e nas aventuras do “Oásis” – o que, claro, não significa que Spielberg tenha deixado a ação de lado.

As sequências ambientadas no mundo virtual abusam da computação gráfica, o que é compreensível. Passado o impacto inicial, no entanto, o espectador se acostuma com aquilo e mergulha naquele universo.

“Jogador Nº 1” é um caso raro de adaptação que melhora o material original (e os fãs do livro vão querer me matar neste momento). Spielberg sabe o que funciona em tela e extrai o melhor do texto de Cline. O filme exclui algumas tramas secundárias desnecessárias e inclui, por exemplo uma inesquecível sequência no Hotel Overlook, onde se passa o filme “O Iluminado”.

Na tela grande, “Jogador Nº 1” esbarra em problemas do material original, mas consegue ampliar o alcance do livro para um universo além de nerds acima dos 35 anos. Nas mãos de Spielberg, a aventura de Wade Watts pelo “Oásis” é uma aventura para qualquer e entretenimento da melhor qualidade.

Confira a crítica em vídeo

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