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Hitmaker de Luan Santana e Jorge e Mateus agora aposta no rock

Hitmaker de Luan Santana e Jorge e Mateus agora aposta no rock

Talvez você nunca tenha ouvido falar do nome de Bruno Caliman, mas com certeza já dançou muito ao ritmo de uma de suas composições sertanejas; agora, ele dividirá o tempo da "sofrência" com o rock

Publicado em 2 de julho de 2018 às 17:44

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Bruno Caliman. (Rose Caliman/Divulgação)

Bruno Caliman começou a carreira de hitmaker compondo aqueles pegajosos jingles típicos de lojas que querem ganhar pelo cansaço. Tempos depois, ganhou fama e espaço no meio artístico, conquistando o posto de compositor de Luan Santana, Jorge e Mateus e outros sertanejos de peso. Sempre às sombras das canções, mas com reconhecimento merecido, agora ele quer aparecer em outro gênero: o rock. Ainda assim, não quer deixar de lado o pé que conquistou no mercado da "sofrência" e pretende dividir sua agenda de canções.

Ele, que diz sempre ter gostado muito dos dois gêneros, em especial, não quer ter que escolher entre um e o outro. Tampouco quer se prender aos julgamentos de ter que largar o sertanejo e faz críticas, até, aos rótulos que são impostos. Um belo dia, acordou "com vontade de fazer rock", como ele mesmo detalha, e a partir de agora, assim será. Em entrevista exclusiva ao Gazeta Online, destacou sua trajetória na carreira e revelou parte de sua experiência com os dois gêneros:

Há muitos anos já se dedica ao sertanejo. A paixão pelo rock veio de onde?

Sempre gostei muito dos dois gêneros. Conheço as raízes da música sertaneja no Brasil desde Cornelio Pires, passando por Tonico e Tinoco, Pena Branca e Xavantinho, Sérgio Reis, até os artistas mais ligados à MPB, Blues como Renato Teixeira, Almir Sater e os artista da nova geração. O Rock também! Minha música tem a influência do Raul Seixas, Renato Russo e Cazuza. Uma vez, eu achei entre os discos do meu tio Joel um álbum do Bob Dylan chamado Desire. Esse disco mudou minha vida. Quando eu descobri o Dylan, percebi que não precisava me apegar a uma receita, uma regra, um segmento, se a música me cativa, me toca, me emociona, eu deixo rolar... E é assim na hora de compor. Eu conheço muito sertanejo com atitude rock and roll como Tião Carreiro, Zé Rico que faz dupla com Milionário, por exemplo e vejo roqueiros com um lado sertanejo encantador. Já ouviu "Capim Guiné", "A Beira do Pantanal", e a toada "Trem das Sete" do Raul Seixas? Eu sou isso. O que importa não é o que você mistura, é como você mistura.

Você diz que no rock não tem que se policiar. O que quer dizer com isso? No sertanejo tem que se policiar?

Sabe o que é? Espalharam um gás venenoso lá fora. Um gás que cheira ódio e cega. Estão tentando arrancar a esperança do nosso coração. Eles não podem usar espadas. Não podem nos matar à luz do dia. Mas podem fazer com que matemos uns aos outros. Já estamos fazendo isso. Queremos matar a opinião do outro, o espaço do outro, a sexualidade do outro, a roupa, o cabelo, a religião, o time. Espalharam um gás venenoso lá fora. Meus pulmões não sabem o que fazer. Meus olhos procuram uma cor nova; porque, todas as que conheço, estão em bandeiras que eu não quero mais. É isso.

Nesses anos todos, no trabalho que fez, a sua realização profissional mais te frustrava ou deixava feliz? Você sentia falta de ser mais reconhecido?

Sempre me deixou feliz. Com 11 anos de idade, eu contava histórias para os meus amigos do bairro - eles sentavam na calçada e eu criava um roteiro que os incluíam na trama. Eu ainda lembro dos olhos deles vidrados, olhando pra mim, enquanto eu improvisava uma aventura no deserto, por exemplo. Eu sou um contador de história. Achei que seria um roteirista de cinema, até estudei cinema, mas quando descobri que podia contar uma história em uma canção, aí foi paixão à primeira vista. Então, não é uma questão de ser reconhecido ou não, é uma questão de sobrevivência. Eu escrevo pra divertir e acalmar meu coração.

De onde vinham suas inspirações para os grandes hits que fez até hoje no sertanejo?

Da vontade de contar histórias. Outra coisa: eu fui um vendedor ambulante de jingles (musicas para produtos e lojas) por muito tempo. Nessa fase, eu aprendi a criar melodias fáceis de serem assimiladas, jingles precisam ser pegajosos. Muitas coisas que eu fiz e que fizeram sucesso tem a influência dessa época e das coisas que aprendi, literalmente, na rua.

E suas inspirações para o rock... Da onde virão?

Também, da vontade de contar outras histórias

Você já tem um trabalho pensado nesse novo gênero?

Sim, em novembro desse ano, vou lançar um disco chamado "Borboleta de Aquário" é sobre você estar em um lugar que ninguém imagina, de um jeito que ninguém imagina, vivendo como ninguém pode imaginar.

Essa nova etapa da carreira te deixa mais animado do que a produção dos hits sertanejos?

Eu sempre vou escrever para os meus amigos da música sertaneja, isso sempre me deixará feliz! É uma música linda, eu conheço profundamente sua história, tenho orgulho de tudo que faço nesse gênero e sou sertanejo. E eu não vejo tantas diferenças entre os dois gêneros

Bruno Caliman. (Rose Caliman/Divulgação)

Qual foi o insight que você teve para decidir mudar neste momento?

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Não foi um insight, não acordei um dia querendo fazer rock. Eu cresci ouvindo isso e cresci ouvindo música sertaneja, caipira também! É tão difícil entender isso? Estamos nesse mundo chato do preto ou branco, rico ou pobre, feio ou bonito, direita ou esquerda... Agora, rock ou sertanejo? Isso não, por favor.

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