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Governo deve trocar comando do Iphan e da Funarte até segunda (2)

Governo deve trocar comando do Iphan e da Funarte até segunda (2)

Mudanças seguem reforma no quadro da Secretaria da Cultura e em órgãos subordinados

Publicado em 28 de novembro de 2019 às 20:32

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Kátia Bogéa deve deixar o cargo de presidente do Iphan. (Divulgação/Iphan)

O comando do Iphan e da Funarte devem ser trocados até segunda (2), seguindo uma reforma volumosa no quadro da Secretaria Especial da Cultura e órgãos subordinados à subpasta do Ministério do Turismo, hoje sob comando do dramaturgo e diretor Roberto Alvim.

No Iphan, o nome mais cotado para substituir Kátia Bogéa é o empresário Olav Schrader, empresário formado em relações internacionais e ligado a Associação de Moradores de São Cristóvão, no Rio de Janeiro. Há menções ao nome dele em eventos pró-monarquia no país.

Bogéa, que ele substitui, é graduada em História pela Universidade Federal do Maranhão (1984) e especialista em historiografia Brasileira e Regional pela Universidade de São Paulo (1988).

Cotado para assumir a Funarte, Dante Mantovani é maestro e doutor em música pela Universidade Estadual de Londrina.

Em seu site oficial, ele afirma ter participado de grupos como o Coro Lírico da Associação Paraguaçuense Pró-Música, a Orquestra Filarmônica de Cordas de Londrina, o Coro Sacro da Paróquia Nossa Senhora da Paz e a Orquestra de Câmara de Paraguaçu Paulista, além de corais religiosos da Igreja Católica.

Além disso, Mantovani apresentou o programa "A Grande Música", na rádio Mão de Deus, de Caxias do Sul (RS), e dá palestras em instituições como a Academia Militar das Agulhas Negras.

Procurado, Mantovani não atendeu aos telefonemas da reportagem. A reportagem não conseguiu localizar Schrader até a tarde desta quinta (28).

O maestro Dante Mantovani, que deve assumir a Funarte. (Reprodução)

As duas trocas fazem parte de uma mudança volumosa no quadro da cultura, iniciada semanas após Roberto Alvim assumir a subpasta.

Bolsonaro tem uma nova secretária do Audiovisual. É Katiane de Fátima Gouvêa, membro da Cúpula Conservadora das Américas, que realizou sua primeira conferência em dezembro, ciceroneada pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).

Também foram publicados no Diário Oficial da União desta quarta (27) outros cinco nomes para cargos na secretaria. Alguns desses novos integrantes já deram declarações controversas sobre a área da cultura.

Chegam ao governo secretários responsáveis pela promoção de diversidade sexual, de fomento e incentivo à cultura (à frente da Lei Rouanet), de economia criativa e da Fundação Palmares, além de um secretário adjunto especial. 

Alvim diz que só comentará as nomeações quando elas "forem perpetradas", o que deve acontecer, segundo ele, até segunda (2). 

O jornalista Sérgio Nascimento de Camargo foi escolhido como o novo presidente da Fundação Palmares, órgão responsável por promover a cultura de matriz africana, ocupando o lugar de Vanderlei Lourenço, que havia sido nomeado em abril deste ano. 

Em seu perfil no Facebook, Camargo se define como "negro de direita, contrário ao vitimismo e ao politicamente correto". Ele já afirmou que o Dia da Consciência Negra é "uma vergonha e precisa ser combatido" e que cotas raciais "são mais do que um absurdo".

Já Camilo Calandreli substitui o administrador José Paulo Soares Martins, que havia integrado o extinto Ministério da Cultura no governo de Michel Temer, à frente da Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura. O órgão formula as diretrizes gerais dos mecanismos de fomento, entre eles, a Lei Rouanet.

Oriundo da música clássica, área em que atua como professor e cantor de ópera, Calandreli é um dos fundadores do Simpósio Nacional Conservador de Ribeirão Preto. Em seu perfil no Facebook, compartilha memes que exaltam o presidente Jair Bolsonaro. 

Katiane substituirá Ricardo Rihan, que ficou quatro meses no cargo. À frente da Secretaria de Cultura desde o último dia 7, Alvim não era afeito ao ex-titular do posto, visto como mais moderado se comparado ao grupo conservador e de religiosos que pressionam Bolsonaro por cargos na cultura. 

A renovação no quadro da subpasta acontece simultaneamente a uma outra série de nomeações na Agência Nacional do Cinema, a Ancine. Desde o último dia 19, ao menos quatro profissionais foram contratados para a entidade. 

Nos corredores da Secretaria Especial de Cultura, a leitura que se faz sobre a indicação de Gouvêa é a de que ela teria um papel fundamental na renovação do quadro, abrindo espaço para religiosos. 

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Há pelo menos cinco meses, Gouvêa vem liderando um movimento de aproximação entre os integrantes da Cúpula Conservadora e o governo. Em junho, um texto publicado no site da Secretaria Especial de Cultura --antes de a subpasta migrar do Ministério da Cidadania para o de Turismo--, afirma que Gouvêa participou de uma reunião com Osmar Terra.

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