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Fora do eixo EUA-Reino Unido, séries 'gringas' fazem sucesso no Brasil

Fora do eixo EUA-Reino Unido, séries "gringas" fazem sucesso no Brasil

Popularização de séries de outras partes do mundo demorou, mas finalmente chegou

Publicado em 21 de março de 2018 às 16:12

Série "La Casa de Papel" Crédito: Netflix/Divulgação

Virou piada na internet: para onde você olhe, tem alguém recomendando "La casa de papel", cuja segunda temporada chega à Netflix em 6 de abril, se bobear até de dentro um bueiro. A série espanhola virou febre no Brasil a ponto de a fantasia vermelha dos personagens ter sido hit nos blocos de carnaval país afora. Totalmente falada em alemão, "Dark", produção original da Netflix, também caiu nas graças por aqui. E no mundo. De acordo com Greg Peters, diretor de produto do serviço de streaming, 90% da audiência da série veio de fora de seu país de origem -- e dava para perceber o apelo, dado o burburinho em torno da série na imprensa e nas redes sociais brasileiras.

Após décadas de predominância de produções dos EUA e do Reino Unido - e, portanto, faladas em inglês - o público do restante do mundo, e do Brasil, enfim está se entregando a outros idiomas. Especializado em programas criados fora do eixo EUA-Reino Unido, o canal Mais Globosat registrou um aumento de 96% no consumo dessas séries no ano passado. Entre os maiores sucessos, estão "O barco", da Espanha, e "Capitão Sharif", da França.

Série Capitão Sharif Crédito: Divulgação

"Assim como no cinema, há muita qualidade em séries fora desses mercados mais visados -- conta Ana Carolina Lima, diretora de programação do Mais Globosat. -- Hoje, a concorrência e a oferta na TV são grandes, o que acaba fazendo subir também o padrão de exigência do consumidor. Além disso, com o streaming, essas séries chegam com mais facilidade ao público.

Se antes os canais americanos investiam em adaptações de séries de sucesso de outros países -- caso de hits como "Homeland", saído da israelense "Hatufim" e "The bridge", inspirada na coprodução entre Dinamarca e Suécia "Bron/Broen" -- hoje, com o uso de dados de comportamento do usuário gerados pelos serviços de streaming, fica mais fácil apostar em conteúdos originais e regionais. Caso do Amazon Prime Video, presente em mais de 200 territórios, dono de títulos como "You are wanted", da Alemanha, e "Breathe", da Índia.

"Na Amazon, sempre começamos pelo consumidor e trabalhamos daí para trás. Temos a mesma abordagem ao criar ou licenciar séries e filmes. Ouvimos o que os clientes dizem, já que resenhas e dados de visualização nos mostram o que os assinantes estão vendo e amando", contam representantes da Amazon Prime Video por meio de comunicado. "Além de produzir conteúdo original, identificamos oportunidades de expandir nosso conteúdo por meio de licenciamento, e recentemente fizemos um acordo com a TV Azteca, do México, para exibirmos duas séries de sucesso deles, 'Las malcriadas' e 'Dos lagos'".

Série "You are wanted", da Amazon Crédito: Divulgação

Roberto Rios, vice-presidente corporativo de Produções Originais da HBO Latin America, concorda com os porta-vozes do Mais Globosat e da Amazon. Atualmente, as séries produzidas pelo canais da HBO, como "Dios Inc.", do México, e "Jardim de bronze", da Argentina, são distribuídas em mais de 80 países: "O público do streaming já está mais acostumado a ter acesso a conteúdo internacional, mesmo no YouTube e no Vimeo".

O Mais Globosat, que exibiu mais de 30 séries "gringas" em 2017, aposta nas espanholas em 2018, como o sci-fi "O ministério do tempo" e o drama policial "El príncipe - Amor e Corrupção". Para Rios, a popularização de séries de todas as paragens demorou, mas finalmente chegou: "O cinema mudo era universal, mas o cinema falado acabou impondo a barreira do idioma. Só que, quanto mais você é exposto a uma coisa, mais você a aprecia. Hollywood se alastrou ao aprender a criar histórias locais e universais o mesmo tempo, e isso chegou à TV, finalmente".

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