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Fernanda Montenegro sobre cinema nacional: 'Só aqui somos hostilizados'

Fernanda Montenegro sobre cinema nacional: "Só aqui somos hostilizados"

O filme 'A Vida Invisível', que tem a atriz no elenco, foi escolhido para representar o Brasil na disputa por uma vaga na categoria Melhor Filme Internacional no Oscar 2020

Publicado em 28 de agosto de 2019 às 19:48

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26/08/2019 - Fernanda Montenegro e o diretor Karim Ainouz, de A Vida Invisível, durante entrevista ao Estado realizada no Teatro Oi Casa Grande, no Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro. (WILTON JUNIOR)

O filme "A Vida Invisível", de Karim Aïnouz, foi escolhido para concorrer à vaga entre os cinco indicados de melhor filme estrangeiro no Oscar 2020. O anúncio foi feito pela Academia Brasileira de Cinema nesta terça, 27, durante uma coletiva de imprensa na Cinemateca Brasileira.

Votaram Anna Muylaert, Amir Labaki, Sara Silveira, David Shurmann, Ilda Santiago, Mikael de Albuquerque, Vania Catani, Walter Carvalho e Zelito Viana. "Foi uma disputa acirrada", disse Anna, que presidiu a comissão. "Todos os jurados fizeram a lição de casa e chegaram aqui com o voto definido." A votação durou cerca de 1h40.

A escolha foi comemorada pela equipe do filme. "Isso demonstra que a cultura cinematográfica brasileira, num momento como esse, nos credencia como artistas e cidadãos. Karim merece", ressaltou a atriz Fernanda Montenegro.

No filme de Aïnouz, Eurídice é uma jovem talentosa, mas bastante introvertida. Guida é sua irmã mais velha, e o oposto de seu temperamento em relação ao convívio social. Ambas vivem em um rígido regime patriarcal, o que faz com que trilhem caminhos distintos: Guida decide fugir de casa com o namorado, enquanto Eurídice se esforça para se tornar uma musicista, ao mesmo tempo em que precisa lidar com as responsabilidades da vida adulta e um casamento sem amor.

O filme dirigido por Karim Aïnouz terá première nesta sexta-feira, 30, no Cine Ceará. O diretor cearense será ainda homenageado no festival com o troféu Eusélio Oliveira. 

Fernanda, que já concorreu ao Oscar de melhor atriz – por Central do Brasil, de Walter Salles, há 20 anos, destacou um aspecto fundamental em "A Vida Invisível", durante conversa com o jornalista Luiz Carlos Merten do Estadão.

Fernanda Montenegro em Central do Brasil, no papel que rendeu à atriz uma indicação ao Oscar. (Reprodução)

"É o ser ou não ser, nosso dilema existencial, hamletiano. O cinema brasileiro tem uma tradição épica muito forte. Glauber (Rocha), a consciência política e social. Esse contexto é decisivo na história de Eurídice (Gusmão), mas o viés do filme é o intimista, o pequeno, o reverso da grande História."

Outras 11 produções participaram da seleção: A Última Abolição, de Alice Gomes, A Voz do Silêncio, de André Ristum, Bacurau, de Kleber Mendonça Filho, Bio, de Carlos Gerbase, Chorar de Rir, de Toniko Melo, Espero tua (Re)volta, de Eliza Capai, Humberto Mauro, de André Di Mauro, Legalidade, de Zeca Brito, Los Silencios, de Beatriz Seigner, Simonal, de Leonardo Domingues e Sócrates, de Alex Moratto.

Na conversa com Merten, a Fernanda e Karim avaliaram o momento atual do cinema brasileiro. "É um momento excepcional, em que os filmes brasileiros alcançam reconhecimento em toda parte. Só aqui somos maltratados, hostilizados", se queixou Fernanda, que completou: "Seria tão bom uma palavra de reconhecimento. É uma questão de civilidade. Temos direito de ser críticos. Isso não nos transforma em inimigos. Se alguém prega o ódio, não somos nós."

Os cinco concorrentes a filme estrangeiro serão conhecidos em 13 de janeiro de 2020, quando a Academia divulga a lista completa. E a cerimônia do Oscar será no dia 9 de fevereiro, em Los Angeles.

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(Com informações do Estadão)

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