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Fabrício Noronha comenta desafios para o comando da Cultura no ES

Fabrício Noronha comenta desafios para o comando da Cultura no ES

Futuro secretário, o músico e produtor cultural faz um prognóstico para a próxima gestão

Publicado em 14 de dezembro de 2018 às 22:51

Fabrício Noronha, secretário de Cultura anunciado por Renato Casagrande Crédito: Vitor Jubini

Aos 34 anos, o músico e produtor cultural Fabrício Noronha é o mais jovem secretário da equipe reunida pelo governador eleito, Renato Casagrande (PSB), e também um dos mais jovens a comandar a pasta da Cultura no país.

Não apenas pela idade, mas também pela bagagem e pela fácil circulação na cena cultural capixaba, Noronha chega com a promessa de oxigenar o meio. Formado em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), foi um dos fundadores da banda Sol na Garganta do Futuro, do cineclube Cine Falcatrua, e também idealizador do maior festival de artes integradas no Estado, o Fábrica.Lab. Ao longo da carreira, aprofundou-se em projetos nas áreas de tecnologia, educação e cultura.

Em entrevista ao Gazeta Online, o futuro secretário afirmou que a prioridade será trabalhar no plano de gestão do Cais das Artes – com obra ainda sem previsão de conclusão – e que, atualmente, “é necessário dar um passo além dos editais”.

Convite

“Soube do interesse e me coloquei à disposição para conversar, porque tenho muitas ideias e penso sobre política não apenas do meu ponto de vista de trabalho e negócio, mas também sobre políticas públicas, porque percebo ao longo dos anos coisas bacanas. Conversamos bastante, ele (Renato Casagrande) me apresentou alguns pontos, eu apresentei outros e conseguimos nos entender pensando a cultura como um elemento transversal.”

Cais das Artes

“O governador assinou que quer concluir a obra, mas temos que já começar a construir a gestão desse espaço. Existem vários modelos, não é simples, tem um custo fixo gigante. É o maior desafio porque será o maior equipamento da cultura no Espírito Santo. É complexo e, por isso, precisamos atuar com complexidade. Renato teve essa sacada de trazer o Banestes para perto, uma empresa pública do Estado, com capacidade de trocas, de bônus, de leis de incentivo... Podemos direcionar isso para uma agenda de cultura dentro de uma política maior na gestão do Cais das Artes, trazendo a Ciência e Tecnologia e a Educação, não apenas como secretarias, mas com temas e ideias. Para isso, precisamos de uma discussão aberta. É importante que tudo seja discutido de maneira transparente. Estamos no momento de nos debruçar sobre as questões todas para definir estratégias.”

Economia Criativa

“Tenho o entendimento da economia criativa como uma potência não só setorizada, mas com uma importância geral para o Estado. É uma tendência mundial que temos que levar em conta. Todas as matrizes econômicas estão mudando e, como temos dependência de algumas dessas matrizes, o setor pode se enfraquecer nos próximos anos. É importante criar outros campos e a cultura é uma oportunidade real, movimenta uma cadeia, um ecossistema, movimenta muita grana já hoje aqui no Estado.”

Transversalidade

“Por mais que as pessoas façam suas análises erradas e tenham seus preconceitos, a cultura é um elemento de conexão. Quando se quer juntar as pessoas em torno de uma transformação, de uma ideia, um desejo, é a cultura que vai fazer isso, porque se dialoga também com a segurança, com a educação, com os direitos humanos. Essa virada de consciência vai depender da nossa capacidade de articulação, que é muito boa e foi um dos pontos conversados no momento em que fui chamado. O quadro geral que o Renato aponta é positivo, traz pessoas abertas ao diálogo.”

Descentralização

“Somos um mercado pequeno para tudo e não vai ser a cultura que vai mudar isso por enquanto. Precisamos descentralizar o foco da Grande Vitória e olhar para fora. Temos qualidade artística para isso, com trabalhos excelentes, manifestações culturais populares magníficas e diversas como poucos lugares têm, com diversidade de grupos e de estéticas. Por que não trabalhar essa visibilidade externa?”

Editais

“Vemos que a política dos editais está consolidada, é importantíssima, mas existe a necessidade de um segundo passo, até para que esse dinheiro circule, para que venha dinheiro de outros lugares e não só do governo, mas da sociedade de uma forma geral. Os editais são limitados, servem para que as pessoas deem o primeiro passo, para que um grupo faça a montagem de uma peça, do cenário, e depois possa circular com isso e monetizar de outras maneiras.”

Formação

“O tema dos editais engloba aspectos diversos, como a formação de plateia, formação de mercado, de outras políticas públicas de incentivo, como distritos criativos ou isenção de impostos, existem modelos que funcionam no Brasil. É difícil discutir as coisas isoladamente, porque existem ações possíveis, estamos mapeando iniciativas.”

 

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