Angelo Venosa foi um dos poucos artistas surgidos na chamada Geração 80 que dedicou-se à escultura, e não à pintura. O processo, segundo o escultor, veio de uma construção pessoal com a arte, já que desde bem jovem pendia para um universo mais lúdico e experimental. Movido por esse instinto, Venosa aceitou o convite do Museu Vale e idealizou a exposição Penumbras, aberta ao público a partir desta quinta-feira (24) para comemorar os 20 anos da instituição.
Na mostra inédita, o paulistano radicado no Rio de Janeiro reúne resultados de novos horizontes de investigação e pesquisas estéticas. São esculturas incorporadas às suas próprias sombras, causando um efeito poético e até mesmo filosófico ao ambiente.
Trazemos uma exposição em caráter de instalação, mostrada de uma maneira pouco usual, já que é um ambiente escuro e as peças têm sombras muito bem desenhadas. Há situações em que a peça é a própria sombra, e não o objeto que está provocando a sombra, detalha o artista em conversa por telefone com o Gazeta Online.
Seis das esculturas foram criadas especialmente para a mostra, composta por objetos em madeira, alumínio, fibra de vidro e plástico. Há obras construídas por meio de impressora 3D, mais recentes, e outras produzidas ainda na década de 1980. A união demonstra a versatilidade e a coesão do trabalho de Venosa, formado originalmente em Desenho Industrial.
PROPOSTA
O fio condutor do trabalho do artista na mostra é a pouca luz, que causa um efeito de sombras. Para Venosa, esse elo é mais importante do que as obras isoladas, até mesmo pelo fato de a exposição ter sido pensada exclusivamente para o ambiente do Museu Vale.
Esse conjunto todo foi reunido para esse evento, para essa caixa comprida (se refere à galeria do museu). Vi que podia deixar no escuro, era um desejo que eu tinha. Acho que para o público, a primeira olhada é o barato. Imagino como é a surpresa de quem chega de um ambiente iluminado e entra no lugar escuro, até pelo processo de perceber a pupila abrindo, diz o escultor, entusiasmado.
Para Vanda Klabin, responsável pela curadoria da mostra, o maior desafio na montagem foi justamente explorar a ambiguidade perceptiva presente no trabalho de Angelo. A intenção, segundo Vânia, foi valorizar a natureza enigmática das sombras e propor novas experiências aos visitantes.
Não é o primeiro trabalho de Vanda com Angelo. No ano passado, a curadora chegou a participar de uma grande exposição do artista em Curitiba.
Ele tem esse dom de evocar olhares pela obra e pela presença física da obra. Estamos tratando de algo contemporâneo, de um diálogo muito culto sobre as sombras, uma dicotomia no espaço, conclui a curadora.
Penumbra - Exposição de Angelo Venosa
Quando: de hoje a 9 de setembro. Visitação de terça a sexta-feira, das 8h às 17h, e aos sábados e domingos, das 10h às 18h.
Onde: Museu Vale. Antiga Estação Pedro Nolasco, s/n, Argolas, Vila Velha.
Entrada gratuita.
Informações: (27) 3333-2484.
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