Quando M. Night Shyamalan lançou Corpo Fechado (2000) tudo era mato no mundo dos super-heróis na telona. Credenciado pelo sucesso do Sexto Sentido, o diretor americano de ascendência indiana disfarçou seu filme de herói como o suspense que o público esperava após seu hit de estreia.
Sua carreira seguiu entre muitos tropeços (O Fim dos Tempos, O Último Mestre do Ar, A Dama da Água...) e alguns acertos (Sinais, A Visita) até Fragmentado (2015), um filme de terror psicológico com uma grande virada no final: a trama, na verdade, era a origem de um vilão e se passava no mesmo universo de Corpo Fechado um confronto entre protagonistas David Dunn (Bruce Willis) e a Horda (James McAvoy) era iminente... e não demorou.
Vidro, em cartaz desde quinta-feira, logo de cara entrega o que promete. O filme tem início com uma reapresentação do personagem de Bruce Willis, que se tornou uma espécie de lenda urbana longe do glamour dos heróis. O caminho dele se cruza com o da Horda quando quatro líderes de torcida desaparecem misteriosamente. Em uma das buscas de Dunn, ele esbarra com uma das personalidades do vilão e tem início o confronto.
O filme começa agitado, mas tem seus momentos de calmaria quando Dunn e a Horda são internados em uma clínica psiquiátrica e acabam alinhados ao Senhor Vidro (Samuel L. Jackson), um verdadeiro gênio do mal. A ideia da Dra. Ellie (Sarah Paulson) é provar que eles não têm super poderes, apenas foram levados a acreditar nisso por um ou outro motivo um delírio de grandeza de pessoas influenciadas por histórias em quadrinho. Mas, como todo gênio do mal que se preze, o Senhor Vidro tem um plano maligno para mudar toda a situação.
REVIRAVOLTAS
Shyamalan, ao longo da carreira, se tornou um refém dos plot twists. Em Vidro o diretor mantém a dinâmica com algumas viradas no roteiro. Algumas das escolhas do cineasta, porém, podem não agradar o público. Algumas reviravoltas são indicadas ao longo do filme, mas outras parecem não fazer sentido algum.
Outro problema reside em algumas escolhas feitas pelo diretor nas sequências de ação. Shyamalan tem o mérito de filmar as brigas o mais próximo possível da realidade, fazendo com que o espectador realmente se questione sobre os poderes dos personagens. Em outros momentos, porém, o diretor filma as cenas com closes que dificultam a compreensão do que acontece e não surtem o efeito dramático desejado.
Vidro tem qualidades: as atuações são excelentes (James McAvoy brilha novamente), o jogo de cores é interessante e algumas escolhas do roteiro funcionam e surpreendem. Apesar disso, o filme peca pelo excesso de didatismo em alguns momentos e por insistir em algumas contextualizações forçadas.
O filme encerra bem a trilogia de heróis do diretor, mas talvez funcionasse melhor em um cenário com baixas expectativas, como aconteceu com Fragmentado. Não é o desastre que alguns críticos pintaram, mas tampouco recoloca Shyamalan na primeira linha de cineastas.
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