Publicado em 2 de junho de 2018 às 00:32
No próximo fim de semana, a lua vai iluminar a área verde do Álvares Cabral, em Vitória, para cada partideiro e botequeiro cantar por duas noites inteiras. Na sexta-feira (8), sobem ao palco Demônios da Garoa e Jorge Aragão. Já no sábado (9), a festa de encerramento do Roda de Boteco está sob a responsabilidade do grupo Fundo de Quintal e do cantor Péricles.>
Ao som do cavaquinho, violão, do repique, do tantã, do banjo e do pandeiro, a ordem é uma só: pagodear. O convite à farra é feito por ninguém menos que Ubirany, integrante do lendário grupo Fundo de Quintal desde sua fundação, na década de 1970, e idealizador do repique de mão, hoje comum nas rodas de samba.>
Com 78 anos recém-completados, Ubirany esbanja vitalidade. Ele credita a regularidade do grupo à igualdade entre os integrantes, e à bandeira do samba tradicional, defendida com unhas e dentes por ele e pelos companheiros Ademir Batera, Bira Presidente, Sereno, Márcio Alexandre e Júnior Itaguay. "O samba é a nossa vida, é o nosso segredo, é o que nos segura", diz, animado.>
Em entrevista por telefone ao C2, Ubirany falou da carreira do grupo, disse acompanhar artistas da nova geração e comentou sobre o repertório do show. Ouça uma playlist do grupo no meio da entrevista.>
>
Vocês foram pioneiros no partido alto. É possível dizer que, mesmo com mudanças e depois de tanto tempo, o grupo manteve a identidade?>
Todos os participantes do grupo têm uma ideologia musical, que é o fortalecimento do samba tradicional. Tivemos várias formações desde o início, mas sempre que alguém vem substituir um bamba, já vem com a ideologia musical, isso faz toda a diferença. Na escolha do repertório, por exemplo, todos participam. Sentamos sempre com nosso produtor Rildo Hora e todos os votos têm o mesmo peso. Não é fácil, não nos prendemos só a músicas nossas, procuramos sempre tirar o melhor de cada um. Temos o maior orgulho de mostrar nosso trabalho.>
O grupo revelou grandes nomes e, mesmo após a saída deles, continuou fazendo sucesso, com uma boa relação entre os músicos. Como isso foi possível?>
Eu acho que a palavra que poderia traduzir um pouco dessa nossa harmonia é igualdade. No Fundo de Quintal não tem "o cara", não tem o solista, o intérprete. Somos várias pessoas que cantam e que podem ser solistas a qualquer momento. Procuramos manter isso até hoje. O grupo corre juntinho com o mesmo objetivo. Ninguém ganha mais ou menos, temos responsabilidades e méritos iguais. Desavença sempre existe, todo mundo tem direito de discordar, mas tudo termina em samba e numa boa, porque prezamos pela igualdade. Sempre que chega alguém para substituir quem saiu, já chega com a camisa vestida.>
O Fundo de Quintal se tornou uma escola dentro do samba. Você enxerga o mesmo potencial em alguém da nova geração?>
Olha, como movimento mesmo, como nós fomos desde o início, não. O samba, como outro gênero musical, tem as mais diversas vertentes... samba-canção, samba tradicional, samba de breque, tem o samba da Bahia, enfim. Nós nos mantivemos sempre fiéis ao samba tradicional. Passeamos pelo partido alto, pelo samba romântico do nosso jeito.>
E vocês acompanham essa nova geração do samba?>
Não só escutamos, mas também gravamos músicas de muitos deles. A música é um momento. Muitas vezes se acerta, muitas vezes se erra. Não temos restrição, ouvimos todos os compositores, sempre com muito respeito. A rapaziada está botando a cabeça para funcionar (risos).>
O que não pode faltar em um show do Fundo de Quintal?>
Ah, grandes sucessos como "Lucidez" e "O Show Tem Que Continuar". Nosso show é um apanhado da história do grupo, desde a primeira obra até o trabalho mais recente. O encerramento do Roda de Boteco já faz parte da nossa vida. Curtimos muito isso, a receptividade do público conosco e com o repertório... Percebemos que o público vem juntinho cantando. É uma festa gastronômica e também uma festa do samba (risos)!>
SERVIÇO>
Botecão>
8 de junho (sexta)>
Atrações: Demônios da Garoa e Jorge Aragão. Abertura dos portões às 17h.>
9 de junho (sábado)>
Atrações: Fundo de Quintal e Péricles. Abertura dos portões às 14h.>
Onde: Av. Marechal Mascarenhas de Morais, 2100, Bento Ferreira, Vitória.>
Ingressos: R$ 90 (inteira/1º lote), R$ 45 (meia/1º lote), R$ 40 (promocional/sócios Álvares Cabral).>
Assinantes de A GAZETA têm 60% de desconto na compra de até dois ingressos (sobre o valor da inteira)>
Informações: (27) 3327-2200.>
>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta