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Cinema: 'Um Pequeno Favor' é bom, mas nem tanto

Cinema: "Um Pequeno Favor" é bom, mas nem tanto

O especialista em comédias Paul Feig se arrisca fora de sua zona de conforto

Publicado em 1 de outubro de 2018 às 15:41

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Um Pequeno Favor. ( PARIS FILMES)

Considerado um dos grandes nomes do cinema de comédia atualmente, o diretor Paul Feig se tornou conhecido pelo ótimo “Missão: Madrinha de Casamento” (2011), filme que chegou a ser indicado a dois Oscar. Sua carreira continuou bem com “As Bem-Armadas” (2013) e “A Espiã Que Sabia de Menos” (2015) – todos com Melissa McCarthy. Nenhum deles é um filme inovador ou genial, mas eles são, no mínimo, engraçados. Seria então Paul Feig um diretor de um cartada só? Eis que chega aos cinemas “Um Pequeno Favor”, obra que prometia trazer o lado “sombrio” do diretor e que seria totalmente diferente do que ele já produziu. Verdade ou truque mercadológico?

Primeiramente, diretores transitar entre gêneros é algo comum. Há, por exemplo, o caso de Eli Roth (“O Albergue”), que saiu do terror para se aventurar na ação infantojuvenil com “O Mistério do Relógio na Parede” e na ação, com a refilmagem de “Desejo de Matar” – ambos com recepções no máximo mornas de crítica e público. No caso de Feig, a transição é suave, mas, ainda assim, possui problemas.

“Um Pequeno Favor” é um filme é diferente (no melhor sentido da palavra) e a melhor forma de assisti-lo é sem nenhum conhecimento prévio.

A Simple Favor Director Paul Feig and Anna Kendrick on set. (Peter Iovino, SMPSP)

 

TÉCNICA

Feig sai da sua zona de conforto e dosa muito a comédia no decorrer da trama, mas não é a direção que atrapalha. O roteiro de Jessica Sharzer, baseado no livro de Darcey Bell, é extremamente inconsistente. O texto consegue fazer o principal dentro de um mistério, ou seja, manter o interesse pelo desenrolar da trama. Entretanto, ele tenta fazer coisas demais – às vezes quer ser um suspense, às vezes um thriller de investigação, e, em outros momentos, um drama.

Os mais prejudicados pela incoerência do roteiro são os atores, que apesar do esforço não conseguem trazer empatia para os personagens. A mais favorecida é Blake Lively, que interpreta uma personagem excêntrica e sarcástica, mas sem nunca cair no caricato. Já o ator Henry Goulding, chama atenção por um motivo ruim, pois durante as quase duas horas de filme não conseguiu passar sequer uma emoção convincente.

“Um Pequeno Favor” é um longa com um mistério interessante, uma fotografia que usa cores primárias e inexpressivas para desenvolver a trama e os personagens de forma visual, mas também é longo demais e sofre com problemas que evitam que ele figure entre os grandes filmes deste ano. Ou seja, é bom, mas nem tanto. Se você, caro leitor, quer um bom mistério que possui uma pegada parecida, fique com “Garota Exemplar” (2014), de David Fincher, ou “Buscando...” (2018), de Aneesh Chaganty, em cartaz desde a semana passada.

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