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Banda Cora lança disco com aura mitológica

Banda Cora lança disco com aura mitológica

Grupo curitibano une elementos de dream pop e shoegaze em álbum conceitual

Publicado em 21 de maio de 2018 às 14:08

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Filha única do casamento dos deuses Zeus e Deméter, Perséfone, a deusa das flores, dos frutos, da fertilidade e das ervas, é conhecida dentro da mitologia grega por ter sido raptada por seu tio Hades e viver entre o Olimpo e o Mundo Inferior. Ela possuía dois nomes: Perséfone, durante o inverno e o outono, quando estava no Mundo Inferior; e Cora, durante o verão e a primavera, quando estava no Monte Olimpo.

Cora era tida como mais inocente, feliz, enquanto Perséfone era mais séria, madura. E é desta figura dual que a banda curitibana Cora retira o conceito para o bom “El Rapto”, lançado em abril deste ano pelo selo PWR Records, conhecido por dar visibilidade a projetos de mulheres.

O grupo formado pelas amigas Kaíla Pelisser e Katherine Zander surgiu como uma diversão. Elas se conheciam de quando participavam de um projeto junto com outros amigos para tocar covers de músicas brasileiras. Elas perceberam que tinham uma grande afinidade musical quando a banda americana Warpaint anunciou shows no país.

“Depois de descobrirmos isso resolvemos mudar o caráter do projeto para ser cover só de Warpaint“, lembra Kaíla, em entrevista ao C2.

Porém, elas tiveram que seguir caminhos distantes uma da outra: Katherine foi morar na Alemanha e Kaíla foi morar na Argentina. Mas a mudança foi temporária e logo elas voltaram a fazer música juntas. “Quando voltamos, nos reencontramos e resolvemos nos juntar num projeto autoral. Eu já tinha umas letras prontas e ela tinha umas músicas compostas no violão.”

INÍCIO

 

Com elementos de dream pop e shoegaze, a banda, então, se formou em 2013, mas elasprecisavam de um nome. Segundo Kaíla, elas queriam um nome curto, de constelação e que não significasse necessariamente algo, para que elas não ficassem presas neste significado. Quando elas decidiram pelo nome, desconheciam o significado e só após o lançamento do primeiro EP, em 2016, o “Não Vai Ter Cora”, que elas o descobriram. “Depois que descobrimos, começamos a usar em shows, usando narcisos de cenografia”, observa Kaíla.

Conforme elas foram pesquisando, decidiram se jogar de cabeça nessa narrativa para o lançamento do primeiro disco. O recorte usado foi o Rapto, quando Hades vai ao Olimpo e sequestra Perséfone para tê-la como esposa. “No EP a gente era bem Cora, inocente, falando de coisas meio referentes a essa inocência”, lembra Kaíla. “Então decidimos usar o momento do rapto para marcar essa transição da banda de uma coisa juvenil para uma coisa mais madura, mais concisa. Então o mito faz muito sentido para nós como mulheres e musicistas”, completa.

O RAPTO

O disco teve produção de Leonardo Gumiero e foi gravado por Kaíla (sintetizador, voz e drum machine) e Katherine (guitarra, voz, beats digitais e sintetizador), com ajuda de Lorenzo Molossi (bateria e drum machine), Lui Bueno (guitarra e voz), e do produtor (baixo, sintetizador, beats digitais e cítara).

As nove faixas são ora viscerais, potentes, escuras, Perséfone; ora leves, tranquilas, solares, Cora. Essa alternância marca bem a transição que é o momento do rapto. Essa vontade também foi deixada em evidência na capa do disco, com arte da própria Kaíla em parceria com Amanda Sato. Elas utilizaram um recorte de uma foto de uma das mais famosas obras do escultor do barroco italiano Gian Lorenzo Bernini, “O Rapto de Prosepina”, de 1622.

Mas a história de Perséfone não acaba com o rapto e Kaíla garante que essa inspiração mitológica será continuada nos próximos trabalhos. “Acredito que no próximo trabalho a gente continue usando essa coisa do lado mais Perséfone, essa dualidade ainda dá para explorar.”

Ouça o disco:

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