Publicado em 7 de agosto de 2018 às 19:46
"Rainha dos nudes", a bailarina Luz del Fuego foi uma capixaba, nascida em Cachoeiro de Itapemirim, que viveu entre 1917 e 1967. Por seus feitos, ficou conhecida como devassa e defensora do sexo livre. Rita Cadillac é a responsável por interpretá-la na segunda parte de sua vida, já mais velha e decadente, em peça que estreou em São Paulo no último sábado (4).>
Do alto de seus 64 anos, a ex-chacrete entra nua no palco - e pela primeira vez na vida deixa seus cabelos loiros de lado para colocar uma peruca preta - para dar vida à personagem. Por sinal, Rita enxerga muitos pontos em comum na sua vida com a da capixaba.>
O espetáculo, de acordo com a própria Rita, deve vir para o Espírito Santo: "Já têm planos para entrar em cartaz no Espírito Santo, sim", adianta. Enquanto isso, a ex-chacrete virá ao Estado para outro evento, o Festival de Cinema de Vitória. >
Em entrevista ao Gazeta Online, a dançarina deu mais detalhes da peça, sobre a nudez, sua passagem no festival de cinema e sobre sua rotina.>
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No que você mais se identificou com a história?>
Olha, eu acho que a questão de ela brigar pelas coisas que ela tem interesse, pelas coisas que ela queria na vida dela. Ela gostava de ser livre e eu também gosto, então têm alguns pontos que me chamaram atenção. O próprio fato de ela ser bailarina também foi uma identificação.>
A Luz del Fuego era capixaba, ela nasceu em Cachoeiro... Você chegou a estudar um pouco da vida dela?>
O diretor pediu para que a gente não lesse nada dela antes da peça, para que a gente não ficasse muito preso só à história. Mas depois que acabar a turnê, com certeza, eu vou ler muito sobre a vida dela. Fiquei sabendo de algumas histórias por alto.>
E como foi entrar em palco pela primeira vez nua?>
Tremi (risos). E tremi muito... Mas, graças a Deus, deu tudo certo. Eu não tive medo de mostrar o corpo e nem vergonha. Eu tinha medo era de esquecer o texto. Mas eu não esqueci e deu tudo certo.>
E como está sendo essa experiência de palco?>
Essa foi a primeira semana, vamos ver como continua... Mas está bem legal. Muda totalmente da TV para o teatro, é o que eu falo sempre. Cinema também é outra coisa. Na TV e no cinema, você erra e pode voltar para consertar. No teatro não dá.>
Mas sua bagagem no cinema e na televisão não te ajudaram no teatro?>
Ao mesmo tempo que eu acho que sim, eu digo que não. Justamente porque é bem diferente. Mas eu acho que eu aproveitei bem a experiência que eu carrego>
Após a estreia, como você acha que o público recebeu o espetáculo?>
O primeiro fim de semana foi ótimo, mas é difícil de avaliar porque na estreia vão muito amigos, né? Agora que a gente brinca que vai ser a estreia oficial, porque aí que vão os críticos e o público geral. E é agora que eu quero ver. Mas a minha preparação está igual.>
Agora, falando da personagem que você interpreta: ela era feminista, vivia em uma família preconceituosa, passou por situações muito delicadas. Você acha que ela agia da forma certa, que conseguiu defender aquilo que ela acreditava?>
Eu acho que, na maneira dela, sim. Pela história que eu sei, ela lutou muito pela liberdade feminina. Mas, ainda assim, tem muito pelo que lutar.>
Na peça, você interpreta a segunda parte da vida dela, quando ela já está mais velha. Teve algum grande desafio de interpretá-la nesse período?>
O maior desafio foi usar cabelo preto (risos). Mas é peruca, eu não colori o meu cabelo. Mas é que eu nunca me vi de cabelo preto e não gostei nem um pouco. Mas ela tinha cabelo preto, então nada mais justo do que seguir a personagem. A questão de atuação também foi mais delicada e trabalhosa, de certa forma, porque eu faço a parte mais decadente dela.>
A peça, já que fala de uma capixaba, tem alguma chance de vir ao Espírito Santo?>
Se Deus quiser, vai. Já têm planos e eu estou doida para que vá.>
Você também está vindo para o Festival de Cinema de Vitória... Como vai ser sua participação?>
Eu sei que vou apresentar a abertura. Não sei dizer se farei alguma apresentação, algum show... Nada confirmado ainda. Vou ficar em Vitória por três dias, apenas>
E falando da carreira, em modos gerais, você encontra dificuldades hoje para se manter ativa, já na sua idade?>
Não, de jeito nenhum, graças a Deus. Trabalho bastante, ainda bem. Tenho me dedicado muito, como sempre, aos meus shows. Eu não larguei as minhas apresentações por conta do teatro, deu para conciliar as duas coisas sem problemas.>
E falando dos especiais da Globo sobre o Chacrinha... Você chegou a ver algum?>
Sim, vi sim, mas depois. Quando gravaram, eu estava no reality "A Fazenda", de outra emissora, então nem poderia participar. Mas eu gostei muito, achei que retratou muito bem e que ficou bem legal.>
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