Publicado em 27 de março de 2019 às 17:31
Há 55 anos nesta data, o Brasil iniciava um capítulo obscuro em sua história, que durou 21 anos. O Golpe de 1964 - que designa o conjunto de eventos ocorridos em 31 de março de 1964 no Brasil, que culminaram, no dia 1.º de abril de 1964, com um golpe militar que encerrou o governo do presidente democraticamente eleito João Goulart, também conhecido como Jango - voltou a ser pauta na última semana, quando o presidente Jair Bolsonaro criou polêmica ao propor comemoração do golpe militar de 31 de março de 1964 nas instituições militares do país.>
Segundo o porta-voz da Presidência, general Otávio do Rêgo Barros, em comunicado na última segunda-feira (25), o presidente acredita que não houve um golpe militar no país. O discurso foi reforçado pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, na última quarta-feira (27).>
"Não considero um golpe. Foi um movimento necessário, para que o Brasil não se tornasse uma ditadura", disse o ministro numa audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara.>
Segundo o G1, integrantes da ala mais moderada das Forças Armadas têm dito que são contra a decisão do presidente de determinar ao Ministério da Defesa que prepare as "comemorações devidas" pelos 55 anos do golpe militar de 1964. O site conta que militares querem lembrar a data, mas não dar um tom de comemoração. Acham que isso pode ter o efeito oposto ao desejado. >
>
Vale lembrar que a data havia sido retirada do calendário oficial de comemorações do Exército em 2011 por determinação da ex-presidente Dilma Rousseff, que foi torturada no regime ditatorial. Para relembrar a história da ditadura e mostrar que, diferente do que o atual governo divulga, o golpe militar é uma mancha na história do país, selecionamos 18 filmes que contam histórias do período.>
Inclusive, o Gazeta Online publicou recentemente um conteúdo resgatado de A Gazeta mostrando a cultura durante o período da ditadura. Na série especial, foram abordadas os livros, filmes nacionais, músicas e peças de teatro realizadas durante o período, ou posteriormente, que citam o cenário vivido pelos brasileiros na época.>
*Com informações do Estadão>
O DESAFIO, DE PAULO CÉSAR SARACENI (1965)>
Primeira "reação" cinematográfica ao golpe de 1964, narra o romance da mulher de um industrial e um jornalista de esquerda (Oduvaldo Vianna Filho) em crise política e de identidade. Assista ao filme aqui.>
TERRA EM TRANSE, DE GLAUBER ROCHA (1967)>
A obra-prima do período, tenta entender, de forma alegórica, as razões da não resistência ao golpe contra a democracia. É dos raros filmes que procuram compreender as estruturas sociais que fazem tão frágeis as instituições brasileiras. É mais do que atual. Assista ao filme aqui.>
CABRA MARCADO PARA MORRER (1964-1984)>
É a obra referencial do período militar. As filmagens de uma obra de ficção sobre um líder camponês, interrompidas pelo golpe, só seriam retomadas às vésperas da redemocratização, agora já buscando o paradeiro dos personagens originais. Assista ao filme aqui.>
O BOM BURGUÊS, DE OSWALDO CALDEIRA (1979)>
Conta a história de um funcionário do Banco do Brasil que desviava dinheiro para a luta armada contra o regime. Inspirado no caso verídico do roubo do "cofre do Adhemar" por grupos armados. Assista ao filme aqui.>
PRÁ FRENTE BRASIL, DE ROBERTO FARIAS (1982)>
Filme que provocou tensão quando lançado ainda em pleno regime militar. Conta a história de um homem confundido com militante político que é torturado nos quartéis do aparelho repressor. Assista ao filme aqui.>
JANGO, DE SILVIO TENDLER (1984)>
Um dos documentários de maior sucesso do cinema brasileiro, relata o tempo febril do governo de João Goulart e a articulação de direita para derrubá-lo. Assista ao filme aqui.>
NUNCA FOMOS TÃO FELIZES, DE MURILO SALLES (1984)>
Baseado em relato de João Gilberto Noll, conta, em tom sutil, o relacionamento de um adolescente com seu pai, militante clandestino da resistência. Assista ao filme aqui.>
QUE BOM TE VER VIVA, DE LÚCIA MURAT (1989)>
Tendo ela própria sido presa política, a diretora Lucia Murat resgata a memória de um grupo de mulheres que pegaram em armas contra o regime militar. Assista ao filme aqui.>
LAMARCA, DE SÉRGIO REZENDE (1994)>
Cinebiografia de Carlos Lamarca (vivido por Paulo Betti), um dos líderes da luta armada contra o regime, morto na Bahia pelos órgãos de repressão. Assista ao filme aqui.>
O QUE É ISSO, COMPANHEIRO?, DE BRUNO BARRETO (1997)>
Baseado no best seller de Fernando Gabeira, narra a saga do sequestro do embaixador norte-americano Charles Elbrick, em 1969. O objetivo da ação, bem sucedida, era trocar o refém por prisioneiros políticos. Assista ao filme aqui.>
BATISMO DE FOGO, DE HELVÉCIO RATTON (2007)>
Relato da trágica trajetória de Frei Tito Alencar, dominicano que, preso e torturado, não resistiu às sequelas da prisão e suicidou-se na França. Assista ao filme aqui.>
HÉRCULES 56, DE SILVIO DA-RIN (2007)>
O documentário reúne os sobreviventes do grupo trocado pelo embaixador norte-americano Charles Elbrick, sequestrado em 1969 por organizações de esquerda. O título refere-se à matrícula do avião da FAB que levou os ativistas para o exílio. Assista ao filme aqui.>
CIDADÃO BOILESEN, DE CHAIM LITEWSKI (2009)>
Rara produção que fala dos vínculos do empresariado com a repressão política, através do perfil do empresário dinamarquês Hanning Albert Boilensen, do grupo Ultragás, acusado de financiar a tortura durante o regime militar. Assista ao filme aqui.>
O DIA QUE DUROU 21 ANOS, DE CAMILO TAVARES (2013)>
Documentário bastante completo, destaca a participação dos Estados Unidos no golpe que derrubou o presidente João Goulart em 1964. Assista ao filme aqui.>
70, DE EMILIA SILVEIRA (2015)>
O filme ouve as histórias de vida de alguns dos 70 presos políticos trocados pelo embaixador suíço Giovanni Enrico Bucher em 1970. O detalhe é que não falta humor à narrativa de eventos às vezes tão dramáticos. Assista ao filme aqui.>
SOLDADOS DO ARAGUAIA, DE BELISÁRIO FRANCA (2017)>
Documentário conta a história da guerrilha (1967-1974) pelas vozes de soldados locais, convocados compulsoriamente pelo Exército para lutar contra os guerrilheiros. Assista ao trailer do filme.>
DESLEMBRO, DE FLAVIA CASTRO (2018)>
Quando a anistia é decretada no Brasil, Joana precisa voltar ao Rio de Janeiro, cidade onde nasceu. Apaixonada por música e literatura, a adolescente, que deixou o País muito pequena, deve largar Paris para escrever sua vida em um lugar do qual mal se lembra. Confira entrevista com a diretora.>
MARIGHELLA, DE WAGNER MOURA (2019)>
Biografia do guerrilheiro com Seu Jorge no papel principal, primeira direção de Wagner Moura, estreou no Festival de Berlim deste ano, e ainda não tem data para estrear no Brasil.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta