Quanto mais organizado, mais longevo será o carnaval de rua de Vitória

A decisão de concentrar os blocos na Beira-Mar foi acertada, criando um circuito da folia com direito a um cartão-postal

Publicado em 29/02/2020 às 05h00
Atualizado em 29/02/2020 às 05h00
Bloco Regional da Nair na Beira-Mar no carnaval de 2020. Crédito: Ricardo Medeiros
Bloco Regional da Nair na Beira-Mar no carnaval de 2020. Crédito: Ricardo Medeiros

As imagens da Beira-Mar tomada pelos foliões se espalharam pela internet neste carnaval, dando a dimensão de uma festa que tem se aprimorado ano após ano, atraindo cada vez mais gente. Vitória, definitivamente, deixou de ser, tomando emprestado a atribuição pouco honrosa feita a São Paulo por Vinicius de Moraes, um túmulo do samba durante os dias oficiais de carnaval. Mesmo que o ritmo dos bambas já não reine absoluto na festa.

É o segundo ato de um movimento que havia começado quando, na virada dos anos 2000, o desfile das escolas de samba em Vitória passou a ser realizado no final de semana anterior ao feriadão. Se houve contestação na época, atualmente poucos discordam que a decisão foi responsável pelo renascimento carnavalesco, com um calendário alternativo que consegue atrair os olhares de todo o país. O Sambão, que nos anos 1990 se tornou um elefante branco, passou a vibrar uma vez por ano com alegorias e adereços.

Contudo, de sábado até a Quarta-feira de Cinzas, a Grande Vitória permanecia esvaziada, com programação carnavalesca quase escassa. Os balneários ainda eram o principal destino dos moradores da Capital, que se tornava uma cidade-fantasma até mesmo na oferta de serviços. De uns cinco anos para cá, é possível dizer que o cenário é outro.

Os últimos 15 anos viram o carnaval de rua voltar a ser uma febre nos grandes centros urbanos do país, desconstruindo o eixo Salvador-Recife. Os blocos espontâneos primeiramente tomaram conta do Rio de Janeiro. Em efeito cascata, até mesmo cidades sem grandes tradições carnavalescas viram bloquinhos começarem a pipocar, e o poder público abraçou a  organização da folia, de olho no incontestável potencial econômico. Tanto que São Paulo e Belo Horizonte atualmente são verdadeiras máquinas carnavalescas, como pôde ser constatado com as imagens  do mar de gente pelas ruas das duas capitais.

Vitória tem público bem mais modesto, mas que já se tornou cativo. É ainda possível atrair mais turistas e profissionalizar ainda mais essa estrutura. O carnaval por aqui tem se consolidado como uma festa para todos, e a decisão de concentrar os blocos na Beira-Mar foi acertada, criando um circuito da folia com direito a um cartão-postal, às margens da Baía de Vitória e sob a proteção do Penedo.

Nem tudo são confetes, contudo. Houve reclamações sobre a estrutura de som de alguns blocos. De quem quer que seja a responsabilidade, é preciso que haja um compromisso pelo bom andamento da folia. Também é necessário encontrar formas de garantir alguma ordem ao fim da programação oficial, sabendo-se de antemão que pessoas permanecerão nas ruas, é um direito delas. Carnaval é tempo de extravasar, de liberar as fantasias, mas dentro dos limites da boa convivência. Quanto mais organizado, mais longevo será o carnaval de rua de Vitória.

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