Bebida e direção: combinação mata inocentes e deixa ‘órfãos do trânsito’

Jeandro e Vanuza morreram ao ser atingidos por caminhonete cuja motorista havia consumido álcool em uma festa, conforme relato da PM; o casal tinha três filhos

Publicado em 13/10/2023 às 03h30
Casal Jeandro Gonçalves dos Santos e Vanuza Cruz de Jesus (destaque) morreu ao ser atingido por caminhonete em Guriri, São Mateus
Casal Jeandro Gonçalves e Vanuza Cruz (destaque) morreu ao ser atingido por caminhonete em Guriri. Crédito: Reprodução de vídeo e acervo de família

Jeandro Gonçalves dos Santos, de 35 anos, e Vanuza Cruz de Jesus, 29, haviam saído do Sul da Bahia em busca de uma vida nova no Espírito Santo. Os sonhos do casal, porém, foram interrompidos no último sábado (7). Eles morreram após a moto na qual estavam ser atingida por uma caminhonete que fugia da polícia em alta velocidade, em Guriri, São Mateus, no Norte do Estado.

Quem dirigia a caminhonete era Cristiane Fávero Panelli. A Polícia Militar informou que, em função da alta velocidade, usou a sirene para pedir a parada do veículo. Como a ordem foi desobedecida, teve início uma perseguição. Ao passar por um quebra-molas, a condutora perdeu o controle da direção e bateu contra dois carros e a moto, onde estavam Jeandro e Vanuza. Uma mulher e uma criança de 5 anos, que estavam em outro automóvel envolvido na colisão, ficaram feridas.

Após ser detida, Cristiane teria afirmado à polícia que havia saído de um evento, onde consumiu bebida alcoólica e, por isso, não respeitou a ordem de parada da PM. Segundo a corporação, a mulher se recusou a fazer o teste do etilômetro, mas demonstrava sinais visíveis de embriaguez. A motorista foi presa em flagrante. Depois, teve a prisão convertida em preventiva e foi levada para a Penitenciária Regional de São Mateus.

Como já foi dito neste espaço, em outras tragédias semelhantes, quem consome bebida alcoólica e assume o volante, tal qual ocorreu no caso em São Mateus conforme informação da polícia, expõe não só a si, mas também a terceiros a risco. Beber e dirigir é uma combinação que, com uma frequência terrível, provoca a morte de inocentes e ainda deixa uma legião de "vítimas invisíveis", que vão além do asfalto.

É preciso lembrar que o casal morto em São Mateus tinha três filhos, de 7, 10 e 14 anos. Duas crianças e um adolescente que agora sofrem a dor da perda dos pais e se tornam “órfãos do trânsito”. Adicionam-se à tragédia outros personagens, que têm o futuro transformado para sempre a partir de um acidente que poderia ter sido evitado.

“Essa mulher não tirou a vida só de um pai e uma mãe. Ela deixou três crianças desamparadas, sem pai e sem mãe”, desabafou Vilma Pereira Amaral, tia de Vanuza, à TV Gazeta.

Desde a entrada em vigor da Lei Seca, que há 15 anos impôs proibições e punições aos motoristas que bebem e dirigem, a legislação brasileira de trânsito tem se tornado mais rigorosa. Nos últimos anos, houve, inclusive, um recrudescimento das penalidades. Em 2018, a pena para os homicídios culposos aumentou: passou de dois a quatro anos para até oito anos de detenção. A partir de 2021, uma emenda de autoria do senador Fabiano Contarato determinou que o cumprimento dessa pena seja na cadeia. No ano passado, houve a autorização para que policiais atestem a embriaguez ao volante a partir dos sinais do motorista, caso ele se recuse a soprar o bafômetro.

No entanto, essa lei mais rigorosa necessita ser efetivamente aplicada e os processos devem caminhar de forma mais célere na Justiça. Da mesma forma, é crucial haver uma maior presença policial nas ruas, por meio de blitze diárias. É preciso que os motoristas temam a fiscalização para que se sintam desencorajados ao consumo de álcool. Porque os crimes de trânsito também são resultado das escolhas de cada motorista ou motociclista. No fim das contas, cabe a todos cumprir as regras para que haja a redução dos riscos ao volante.

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