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Tesouro: Investidores mostram ao governo preocupação com meio ambiente

Tesouro: Investidores mostram ao governo preocupação com meio ambiente

O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou que as manifestações têm sido recebidas em conversas dos técnicos com fundos globais de investimento

Publicado em 28 de janeiro de 2020 às 21:04

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Mansueto Almeida. (Geraldo Magela/Agência Senado)

Os investidores estrangeiros têm demonstrado preocupação ao governo brasileiro com a situação do meio ambiente no país. O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, afirmou que as manifestações têm sido recebidas em conversas dos técnicos com fundos globais de investimento.

"Eles têm perguntado muito sobre meio ambiente. A depender da origem do fundo que vem conversar com a gente, eles enfatizam muito a questão. É um movimento global", afirmou.

Segundo ele, os fundos têm estabelecido uma série de exigências de transparência e governança para alocar seus recursos, com sinalizações de que o meio ambiente vai ser cada vez mais um tema relevante para as decisões. Como exemplo, citou a gestora de ativos BlackRock, que tem US$ 7 trilhões de ativos sob gestão.

Neste mês, o presidente da BlackRock, Laurence Fink, anunciou aos clientes uma série de iniciativas para posicionar a sustentabilidade no centro da estratégia de investimento da companhia. Entre as ações programadas, estão fazer do tema uma parte integrante da construção do portfólio e desinvestir em ativos com alto risco de sustentabilidade.

Em 2019, a política ambiental do Brasil recebeu atenções internacionais principalmente depois das queimadas na Amazônia. O governo também teve que lidar com outros episódios ligados ao tema, como o rompimento da barragem da Vale em Brumadinho (MG) e o aparecimento de manchas de petróleo no litoral do país.

Neste mês, o Fórum Econômico Mundial (em Davos, na Suíça) teve como eixo a proteção do meio ambiente, e a delegação do Brasil se viu levada a responder -mesmo quando não foi diretamente questionada- sobre as ações do governo para a área, na tentativa de preservar as credenciais do país diante de investidores preocupados com o aquecimento global.

O ministro Paulo Guedes (Economia) respondeu a uma pergunta sobre como os governos deveriam agir diante do temor quanto aos danos ambientais com uma ressalva: "O maior inimigo do ambiente é a pobreza", disse, apontando que o Brasil precisava arrumar outras coisas antes de pensar nisso. "As pessoas destroem o ambiente para comer", afirmou.

Guedes foi contestado por Al Gore, ex-vice-presidente dos EUA e atual ativista ambiental. "Hoje é amplamente entendido que o solo na Amazônia é pobre. Dizer às pessoas no Brasil que elas vão chegar à Amazônia, cortar tudo e começar a plantar, e que terão colheitas por muitos anos, isso é dar falsa esperança a elas", afirmou. "Há, sim, respostas para a Amazônia, mas não é esta."

As preocupações mencionadas acontecem enquanto é registrada uma queda da participação dos estrangeiros nos títulos públicos brasileiros, de 11,22% ao fim de 2018 para 10,43% ao fim de 2019.

O secretário do Tesouro, no entanto, afirmou que o movimento não está ligado ao meio ambiente -mas sim à queda dos juros no país, que tem afastado os recursos. Para ele, deve haver uma reversão nesse cenário caso haja uma recuperação da economia no país e uma consequente melhora nos balanços das empresas.

No meio ambiente, o secretário afirma que o país deve afirmar aos investidores que tem uma fiscalização atuante e que o recém-anunciado conselho voltado à Amazônia, a ser liderado pelo vice-presidente Hamilton Mourão, é um exemplo de iniciativa do governo a respeito do tema. "Meio ambiente é de fato um tema importante, e isso está no radar do governo", disse.

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