Publicado em 29 de maio de 2019 às 01:51
A CIA Siderúrgica Santa Bárbara, localizada em Cariacica, ameaça acabar com as operações no Espírito Santo por não conseguir usar os créditos de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Além dessa empresa, outras companhias exportadoras capixabas também estão esbarrando em restrições na hora de aplicar os recursos.>
Neste ano, as empresas estão sem aval legislativo para vender os créditos e com isso acumulando ativos, que na prática, não entram no caixa.>
Geralmente, a comercialização para terceiros - que utilizam os créditos para compensar dívidas tributárias é uma forma das exportadoras se manterem financeiramente saudáveis.>
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No caso da Santa Bárbara, o valor de crédito de ICMS acumulado chega a R$ 10 milhões, segundo o gerente administrativo da companhia, Everaldo Vieira da Silva. Em 2017 e 2018, começamos a vender para o mercado interno parte desses créditos e conseguimos reduzir o valor total que tínhamos, senão seria ainda maior, revela.>
A empresa compra sua matéria-prima (carvão e minério de ferro) de fornecedores de Minas Gerais, Bahia e Piauí. Transporta para o Espírito Santo e exporta o produto acabado, o aço.>
Como precisa adquirir os materiais de outros Estados, mensalmente, a companhia paga cerca de R$ 1 milhão em ICMS, valor que é convertido em crédito no governo do Espírito Santo. Como é isenta de impostos na hora da exportação, não precisa compensar esse valor. O jeito era, então, vender.>
Para isso ocorrer, entretanto, é preciso que o Estado autorize. No ano passado, por exemplo, o governo capixaba aprovou uma lei que permitiu, durante três meses, a comercialização desses créditos.>
De acordo com o gerente, a empresa precisaria ter um lucro mensal de R$ 1,5 milhão, para conseguir arcar com todos os seus custos de operação. No meu balanço eu tenho lucro, mas por estar gerando um monte de crédito ficamos com o caixa no negativo, comenta.>
Ainda segundo Everaldo, a empresa está atrasando pagamento de fornecedores para conseguir caminhar e manter os empregos de 200 funcionários diretos. Estamos em negociação com o governo do Estado. Caso não tenhamos uma resposta positiva, vamos ter que fechar a unidade no Espírito Santo. Já ir para outro Estado é algo a se avaliar, porque não é tão simples tirar uma usina de um Estado e levar para outro, explica.>
No caso da Siderúrgica, o gerente-administrativo Everaldo explica que a intenção é arrumar uma solução para os próximos. Estamos em conversa com o governo do Estado. Se não formos cobrados por esse ICMS interestadual, não geramos crédito a ser repassado por ele, o que para nós resolveria o problema atual, conta.>
OS CRÉDITOS >
Quando compram matéria-prima de outros Estados, as empresas pagam um ICMS interestadual (que é a diferença da alíquota do imposto entre o Estado de origem e ode destino).>
Segundo o professor de planejamento tributário da Fucape, Rogério Dias Correia, esse valor pago é revertido em crédito à empresa compradora. Esse recurso pode ser usado para compensar impostos que serão cobrados em vendas feitas dentro do país.>
Mercadorias exportadas têm isenção de ICMS. Dessa forma, quando entra no Espírito Santo, essa matéria-prima gera um crédito para a empresa que a comprou. Mas quando sai, não gera débito. Ou seja, a empresa acaba ficando com um crédito referente ao valor do ICMS pago na nota fiscal do produto, explica.>
ABATE>
Uma lei federal, conhecida como Lei Kandir, permite que o crédito gerado pela isenção de impostos sob exportação seja transferido ou vendido de uma empresa para outra. Porém, segundo o especialista em direito tributário Carlos Vidigal, os Estados são responsáveis por determinar a forma como será feito esse abate.>
Cada Estado tem uma liberdade sobre como será feito o abate desse crédito. Por exemplo, a empresa pode pedir pelo ressarcimento dos créditos, pedindo que abata os créditos que têm de uma operação feita dentro no país. No Estado de São Paulo, por exemplo, é possível usar o saldo para realizar o pagamento de multas, comentar.>
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