Publicado em 12 de janeiro de 2020 às 22:59
O líder da Rede Sustentabilidade no Senado, Randolfe Rodrigues (AP), disse que vai acionar o MPF (Ministério Público Federal) para investigar informações de uma auditoria nas contas da Seguradora Líder. >
O grupo é responsável pela gestão do DPVAT. A auditoria questiona pagamentos por prestação de serviços para pessoas próximas a políticos, a integrantes do governo federal ou a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).>
O jornal Folha de S.Paulo mostrou neste domingo (12) que, segundo relatório da consultoria KPMG a pedido da atual gestão da seguradora, a relação da Líder com agentes públicos não atendeu boas práticas corporativas. >
A análise dos documentos e processos abarca o período de 2008 a 2017. "As informações reveladas pela reportagem são muito graves", disse Randolfe. >
>
"A auditoria indica que existem fortes indícios de irregularidade. O conjunto de suspeitas dá conta da existência de um esquema criminoso que tem de ser desbaratado", afirmou o senador.>
A Rede, partido de Randolfe, questionou no STF uma medida provisória de Jair Bolsonaro para extinguir o DPVAT. Em 19 de dezembro, a corte, em sessão virtual do plenário, suspendeu a medida.>
A KPMG destacou no relatório ter identificado que a relação da Líder com vários agentes públicos não atendeu boas práticas corporativas e apresentava "risco de sanções por descumprimento à lei anticorrupção".>
A consultoria mostra, por exemplo, que, de 2009 a 2016, a Líder fez ao escritório Barroso Fontelles, Barcellos, Mendonça e Associados 21 pagamentos. O total é de R$ 3,67 milhões. Esse escritório foi constituído em 2013 como sucessor do escritório Luís Roberto Barroso & Associados, do qual o ministro do STF Luís Roberto Barroso era sócio. Barroso se desligou do escritório ao se tornar ministro da corte, em junho de 2013. Rafael Barroso Fontelles, que dá nome à banca sucessora, é sobrinho do ministro.>
Ele se desligou ao tornar ministro na corte, em junho de 2013. Rafael Barroso Fontelles, que dá nome à banca, é sobrinho do ministro.>
Os sócios atuaram na defesa da Líder no STF em duas ADIs (ações diretas de inconstitucionalidade) que alteravam regras do DPVAT.>
Barroso se declarou impedido em julgamentos envolvendo o seguro obrigatório.>
Outra relação envolve o advogado Mauro Hauschild, procurador de carreira do INSS que atuou como assessor do ministro Dias Toffoli, hoje presidente do STF.>
Segundo a auditoria, a Líder transferiu R$ 3 milhões a Hauschild de 2012 a 2016. No período, ele já não atuava no gabinete do ministro.>
O fim do DPVAT tornou-se bandeira do governo Bolsonaro, sob o argumento de que sua operação tem custos elevados quando comparados ao do mercado privado e que há indícios de fraude na gestão.>
A MP de Bolsonaro contra o seguro foi editada em 11 de novembro. A medida atingia diretamente os negócios de seu um desafeto seu, o deputado Luciano Bivar, presidente do PSL, pelo qual Bolsonaro foi eleito. Ele deixou a legenda no fim do ano passado, quando resolveu tentar criar sua própria legenda, a Aliança pelo Brasil.>
Em 27 de dezembro, em mais um capítulo da ofensiva contra o seguro obrigatório, o Conselho Nacional de Seguros Privados, ligado ao Ministério da Economia, aprovou a redução dos valores do DPVAT a partir de 2020.>
A redução foi questionada pela Líder no STF. Em 31 de dezembro, Toffoli concedeu liminar que manteve os valores originais mais elevados.>
Na quinta (9), o presidente do Supremo voltou atrás na decisão e restituiu os descontos. Após a decisão do ministro, Bolsonaro criticou Randolfe, autor da ação que questionava a MP, em uma transmissão ao vivo pela internet.>
O chefe do Executivo referiu-se ao senador como "aquele senador que fala fino" e defendeu o fim do DPVAT.>
"O que nós queríamos, na verdade, era acabar com o DPVAT. Você quer fazer um seguro para o seu veículo, faz no particular. Não quer fazer, não faz", disse Bolsonaro.>
Neste domingo, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), um dos filhos do presidente, também atacou o senador.>
"Apesar do senador Randolfe Rodrigues, o Brasil segue adiante no tema DPVAT. Vale lembrar que, pelo presidente Jair Bolsonaro, o DPVAT seria de R$ 0", escreveu o deputado na legenda de um vídeo em que um homem comenta a redução no valor do seguro sob o governo Bolsonaro.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta