Publicado em 1 de junho de 2019 às 00:02
Produtores rurais de Santa Teresa conseguiram na Justiça o bloqueio das cobranças de empréstimos de um banco. Um grupo de 11 agricultores ajuizou a ação porque a instituição negou o acesso deles ao refinanciamento de dívidas rurais que contraíram antes de 2016. Se a medida não fosse tomada, eles corriam o risco de perder suas propriedades.>
Ao todo, os agricultores do município pegaram R$ 1.337.205,98 em empréstimos com o Banco do Brasil para financiar a produção da safra, principalmente de café, mas devido a problemas climáticos não conseguiram quitar o débito.>
Ainda de acordo com o texto da liminar da Vara Única de Santa Teresa, do dia 28 de maio, a cobrança está suspensa até o dia 03 de março de 2020, quando uma ação de conciliação entre as partes deve ser realizada. Mas, o banco ainda pode recorrer da decisão judicial de tutela de urgência.>
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Um produtor, que preferiu não se identificar, contou à reportagem que as lavouras ainda estão se recuperando do período de seca que começou em 2014 e se estendeu até 2017. Segundo ele, desde aquele período, a situação dos agricultores vem se complicando.>
"Ainda há regiões no município onde a chuva continua abaixo da média. E, para agravar o quadro, estamos enfrentando a baixa dos preços de venda do café", conta.>
O agricultor lembra que a intenção não é que a dívida seja perdoada pelo banco. "Entramos na Justiça para poder pagar a dívida. Queremos que o banco negocie e parcele o valor que devemos, o que é nosso direito. Nossa intenção não é dar calote", desabafa.>
RENEGOCIAÇÃO>
Em novembro de 2018, o governo federal lançou o programa de refinanciamento para dívidas do Crédito Rural, com prazo de adesão até 17 de novembro do ano passado. O programa era voltado a produtores que contrataram o crédito até 31 de dezembro de 2016, mas tiveram algum tipo de prejuízo devido a problemas climáticos. >
Segundo o advogado representante do grupo de produtores, Fernando Cesar Biasutti Filho, os agricultores fizeram o requerimento da renegociação da dívida junto ao banco, mas tiveram o pedido negado.>
Os produtores já estavam com medo de perderem suas propriedades, além de ter o nome dos avalistas negativados. Isso porque quando o contrato de empréstimo é assinado, o agricultor precisa dar um bem sendo, em muitos casos, a casa ou a sua propriedade como garantia de pagamento ou ter alguém que se responsabilize pela dívida, caso ela não seja paga.>
No dia 02 de maio, os onze produtores entraram individualmente com um pedido de tutela de urgência na Vara Única de Santa Teresa contra a cobrança do banco.>
"Os produtores têm os laudos técnicos comprovando a frustração da safra devido à seca. Além disso, naquele período o município decretou situação de calamidade pública, o que comprova a situação que enfrentaram", argumenta.>
A liminar da Vara Única de Santa Teresa, do dia 28 de maio, assegurou aos produtores que o banco não poderá cobrar a dívida dos produtores expropriando seus bens ou inscrever o nome dos avalistas em órgãos de proteção ao crédito.>
Em nota, o Banco do Brasil, afirmou que a instituição disponibiliza soluções permanentes para prorrogação de dívidas rurais, com base no Manual de Crédito Rural, para casos de frustração da safra. Também afirmou que a decisão atual será analisada, "para posterior decisão sobre eventuais medidas pertinentes".>
NOTA DO BANCO NA ÍNTEGRA>
"O Banco do Brasil esclarece que disponibiliza soluções permanentes para prorrogação de dívidas rurais, com base no Manual de Crédito Rural, de forma a assegurar aos produtores alternativas para regularizarem as suas dívidas rurais, em consonância com a sua capacidade de pagamento, nas situações em que tenha ocorrido frustração de safra ou dificuldade de comercialização. A recente decisão judicial ainda será objeto de análise por parte do banco, para posterior decisão sobre eventuais medidas pertinentes." (Banco do Brasil)>
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