Publicado em 30 de agosto de 2019 às 00:32
Foi dado mais um passo na direção da privatização da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa). Na tarde desta quarta-feira (21) os ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Tarcísio Gomes (Infraestrutura) confirmaram que a estatal vai passar por um processo de privatização, juntamente com outros 16 ativos do governo federal, entre eles eles Correios, Codesp (Porto de Santos) e Telebras, mantendo a linha administrativa que vem se desfazendo de diversos ativos. Para empresários do setor produtivo do Espírito Santo, a concessão da Codesa à inciativa privada vai trazer investimentos e dar competitividade ao porto. >
De acordo com o ministro Onyx, a atual carteira do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), está na casa de R$ 1,3 trilhão. A estimativa do governo é que com o anúncio das novas empresas, a carteira passe para mais de R$ 2 trilhões. Por outro lado, o governo não informou quais modelos serão utilizados para a privatização das empresas, nem quando os leilões devem ser feitos.>
Em julho, a empresa demitiu 32 funcionários. A causa seria os maus resultados financeiros que vêm se acumulando. Entre 2017 e 2018, por exemplo, a estatal registrou um déficit de R$ 43 milhões. Já neste ano, até julho, a empresa estava com cerca de R$ 7 milhões em prejuízos.>
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Representantes do setor produtivo do Espírito Santo comemoraram a futura ida da Codesa para a iniciativa privada. De forma geral, eles acreditam que o Estado tende a ganhar em investimentos e competitividade com o porto saindo das mãos do governo federal.>
"A gente sabe da dificuldade do governo em fazer investimentos. A iniciativa privada tem uma agilidade muito maior para tomar decisões e fazer com que essas decisões sejam colocadas em prática. O porto é um grande gargalo para nós. Somente para se ter uma ideia, no ano passado, o Brasil embarcou 36 milhões de sacas de café, sendo que 4 milhões foram pelo Espírito Santo", informou o presidente do Centro de Comércio do Café de Vitória, Jorge Luiz Nicchio.>
De forma semelhante pensa o presidente do Centro Brasileiro dos Exportadores de Rochas Ornamentais (Centrorochas), Frederico Robison. "Com certeza essa mudança vai trazer mais eficiência, investimentos e ajudar a exportação do Estado de uma maneira geral. Nossa preocupação é com o modelo que vai ser escolhido e com os investimentos para melhorar o acesso", comentou.>
O presidente da Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes), Léo de Castro, resume dizendo que a União deve participar menos da atividade produtiva. "É preciso se concentrar em saúde, educação e segurança. Com o movimento de desestatização as empresas vão se tornar mais eficientes, com serviços melhores e mais baratos. Isso é bom para todo mundo", avalia.>
DISCUSSÃO>
As pesquisadoras do Observatório Cidade e Porto Flavia Nico e Andreia Coutinho destacam alguns pontos que precisam ser discutidos durante o processo de privatização do porto. Segundo elas, existem atualmente quatro modelos de portos: dois extremos - um administrado totalmente pelo Estado e outro administrado totalmente por empresas privadas; e outros dois modelos intermediários, que utilizam tanto partes públicas quanto privadas.>
"Na Índia, por exemplo, os portos são totalmente estatais. Já na Inglaterra, houve portos totalmente cedidos para a iniciativa privada e que agora o governo quer recuperar. É preciso ser analisado com critério e discussões o modelo a ser utilizado", comentou Andreia.>
"O porto tem uma importância econômica muito grande para o Estado, mas é preciso pensar não só em crescimento, mas desenvolvimento. A administração precisa ter um vínculo com a cidade, se não, ficamos somente com os impactos ambientais e sociais, sem contrapartidas. Isso é importante até porque o porto de Vitória vai ser usado como um laboratório para que o modelo seja replicado para outros portos do Brasil", ponderou Flavia.>
CONTRATO DE CONSULTORIA>
Questionada sobre o assunto, a Codesa informou que já havia sido incluída no Plano Nacional de Desestatização. No momento, a companhia está em fase final de assinatura do contrato de consultoria, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que vai estudar a companhia como um todo, o que inclui a situação dos colaboradores, independente de serem comissionados ou concursados.>
O presidente da Codesa, Júlio Castiglioni, foi procurado ao longo desta quarta-feira para comentar o assunto, mas não respondeu por estar na Austrália com uma comitiva avaliando possíveis modelos a serem implementados no Espírito Santo. A comitiva é composta pelo secretário Nacional de Portos, Diogo Piloni, por membros da Codesa e do Porto de Santos.>
"Uma equipe está na Austrália conhecendo portos que podem servir de modelos para serem replicados para os portos brasileiros. Os estudos dos modelos que vão ser utilizados na Codesa e Codesp ainda estão sendo feitos", disse o ministro Tarcísio durante a coletiva que apresentou as estatais federais que serão vendidas.>
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