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Lula diz que Bolsonaro faz maior distribuição de dinheiro em eleições desde o Império

Lula diz que Bolsonaro faz maior distribuição de dinheiro em eleições desde o Império

Para o ex-presidente, é possível que o povo não aceite pacificamente o fim dessas benesses temporárias após o período eleitoral

Publicado em 9 de agosto de 2022 às 20:36

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CATIA SEABRA E EDUARDO CUCOLO

Catia Seabra e Eduardo Cucolo 

SÃO PAULO - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (9) que o governo federal está promovendo a maior distribuição de dinheiro que uma campanha política já fez desde o fim do Império. Para o pré-candidato, é possível que o povo não aceite pacificamente o fim dessas benesses temporárias após o período eleitoral.

O ex-presidente participou do Encontro com Candidatos à Presidência: Diretrizes prioritárias do governo federal (2023-2026)", organizado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Em debate na Fiesp, Candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva defende a reindustrialização do Brasil e as reformas tributária e administrativa
Candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, para um debate. (Ayrton Vignola/Fiesp)

"Vamos concorrer a uma eleição vendo um dos adversários, para não citar nomes, fazendo a maior distribuição de dinheiro que uma campanha política já viu desde o fim do Império. Faltando 56 dias para as eleições, resolve fazer uma distribuição de R$ 50 e poucos bilhões em benefícios que têm duração até dezembro", afirmou Lula.

"Há de se perguntar se o povo aceitará pacificamente a retirada de um benefício que ele está recebendo por conta das eleições."

Lula afirmou que ele poderia ter lançado ao PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) nas eleições de 2006, mas não o fez para que a iniciativa não fosse confundida como algo eleitoral.

Em sua fala inicial no debate, Lula evocou a memória do empresário José Alencar, seu vice e pai do presidente da Fiesp, Josué Gomes da Silva, ​ao afirmar que Geraldo Alckmin (PSB), seu vice, terá papel igualmente relevante em seu governo, caso eleito.

APOIO A REFORMAS ADMINISTRATIVA E TRIBUTÁRIA

Durante o debate, o presidente foi questionado pelos empresários sobre as reformas tributária e administrativa e afirmou que irá apoiar as duas agendas. "Vamos ter que fazer uma reforma administrativa, sim. Tem pouca gente ganhando muito e muita gente ganhando pouco. É preciso moldar a burocracia a uma nova cultura."

Lula disse que é necessário que os empresários ajudem a melhorar o nível do Congresso Nacional para que seja possível avançar nessas e outras reformas. "Deus queira que vocês melhorem o nível da nossa bancada. Não é possível que a gente tenha o Congresso que a gente tem hoje."

O ex-presidente também afirmou que a eleição está polarizada e que não existe uma terceira via para o país.

"Vejo todos os dias nos jornais esse negócio de que temos que procurar a terceira via. Na história da humanidade não existe terceira via. Deus e o diabo polarizam a vida toda. O que existe é a experiência de duas pessoas (Lula e Alckmin) que têm um passado altamente confortável de gestão pública e esse aventureiro, que eu não sei porque foi eleito. Não consigo compreender."

MANIFESTO PELA DEMOCRACIA

No evento, o ex-presidente defendeu a carta articulada pela Fiesp em defesa da democracia.

"Como a gente pode viver em um país em que o presidente conta sete mentiras todo dia, e com a maior desfaçatez. Ele chama uma carta pela defesa da democracia de 'cartinha'", afirmou Lula.

"Quem sabe a carta que ele gostaria de ter é uma carta feita por milicianos no Rio de Janeiro, e não uma carta feita por empresários, intelectuais, sindicalistas, defendendo o regime democrático e a urna eletrônica, que até agora está provado que é uma das mais perfeitas que existem no mundo."

Com endosso de centrais sindicais, da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), da Academia Brasileira de Ciências e da UNE (União Nacional dos Estudantes), o documento prega compromisso "inarredável com a soberania do povo brasileiro expressa pelo voto e exercida em conformidade com a Constituição".

A carta ressalta ainda a importância dos 200 anos da independência do Brasil.

O texto afirma que o respeito ao Estado de Direito e a estabilidade democrática no país são indispensáveis para o Brasil superar os desafios e que esse é "o sentido maior do 7 de Setembro neste ano".

"Nossa democracia tem dado provas seguidas de robustez. Em menos de quatro décadas, enfrentou crises profundas, tanto econômicas, com períodos de recessão e hiperinflação, quanto políticas, superando essas mazelas pela força de nossas instituições", diz outro trecho do documento.

Na segunda-feira (8), Lula assinou a "Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado Democrático de Direito". O texto foi organizado por ex-alunos da Faculdade de Direito Largo São Francisco, da USP (Universidade de São Paulo), e contou com a articulação posterior de movimentos como o 247 Artes e o grupo Prerrogativas, que reúne juristas e advogados.

Ambas as cartas serão lidas no dia 11 de agosto em cerimônias na própria Faculdade de Direito Largo São Francisco.

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