Publicado em 24 de julho de 2024 às 17:47
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza nesta quarta-feira (23) para reforçar a defesa da taxação sobre os super-ricos e criticar o elevado pagamento de juros de dívida por países pobres.>
Em discurso, o presidente afirmou que a luta contra essas desigualdades é prejudicada pela pouca representatividade de países mais pobres em organismos multilaterais como o FMI (Fundo Monetário Internacional) e o Banco Mundial.>
Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente do Brasil"Os super-ricos pagam proporcionalmente muito menos impostos do que a classe trabalhadora. Para corrigir essa anomalia, o Brasil tem insistido no tema da cooperação internacional para desenvolver padrões mínimos de tributação global, fortalecendo as iniciativas existentes e incluindo os bilionários.">
A taxação dos super-ricos é um dos principais entraves na negociação entre ministros de Finanças e presidentes de Bancos Centrais dos países do G20 que ocorre esta semana no Rio de Janeiro.>
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Em discurso no evento desta quarta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que um imposto de 2% sobre as grandes fortunas renderia até US$ 250 bilhões (cerca de R$ 1,4 trilhões) por ano. "Ou seja, aproximadamente cinco vezes o que os dez maiores bancos multilaterais dedicaram ao combate à fome e à pobreza em 2022.">
Lula citou em seu discurso também o problema do endividamento dos países pobres como obstáculo à adoção de políticas sociais e de redução das desigualdades.>
"O que vemos hoje é uma absurda exportação líquida de recursos dos países mais pobres para os países mais ricos", afirmou. "Não se pode financiar o bem-estar coletivo se a parte expressiva do orçamento é consumido com o serviço da dívida.">
O presidente afirmou que a sub-representação de países em desenvolvimento nos organismos multilaterais dificulta o debate sobre esses temas e se tornou outra prioridade do Brasil durante a presidência temporária do G20.>
"Sem uma governança mais efetiva e justa, na qual o sul global esteja adequadamente representado, problemas como a fome e a pobreza serão recorrentes", disse.>
Lula lançou no Rio de Janeiro uma proposta que pretende dar dimensão internacional ao combate às desigualdades sociais e deve receber os primeiros anúncios de apoio financeiro de outros países. A Aliança Global contra a Fome e a Pobreza é a principal bandeira do Brasil no G20.>
Um dos pilares da proposta se apoia em uma espécie de repositório de políticas de assistência social consideradas exitosas ao qual países poderão recorrer para desenvolver medidas semelhantes em seus territórios.>
Além de governos, também poderão se juntar organizações internacionais, bancos multilaterais e outras entidades.>
A expectativa é a de que Brasil e Bangladesh sejam os primeiros países a aderirem formalmente à iniciativa. O país já obteve sinalizações da Espanha e da Noruega sobre contribuições financeiras para dar o impulso inicial à estrutura institucional da aliança contra a fome - o governo Lula deve arcar com metade dos custos da estrutura administrativa do projeto.>
Apesar de já ter conseguido essas primeiras promessas, o Brasil não conseguiu emplacar no documento fundacional um compromisso firme de todos os países do G20 sobre ajuda com recursos.>
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