Publicado em 8 de fevereiro de 2019 às 02:43
Imóveis da fábrica de cimento Nassau serão leiloados para pagar dívidas trabalhistas da empresa com mais de 800 funcionários, entre ativos e os que já foram desligados da companhia. O leilão acontecerá no dia 26 de fevereiro e faz parte de uma Ação Civil Pública (ACP) do Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Justiça do Trabalho de Cachoeiro de Itapemirim.>
O pregão será realizado pela leiloeira Hidirlene Duszeiko, em Cachoeiro. Os itens ofertados fazem parte da Itabira Agroindustrial S/A, dona da marca de cimento Nassau. De acordo com o edital, o valor inicial dos sete lotes a serem penhorados será de R$ 14,7 milhões. Entre os itens postos à venda está um sítio de 72 hectares, com casa, currais e tulha, localizado na região do Alto Jucu, em Domingos Martins. O item está avaliado em cerca de R$ 9 milhões.>
Além do sítio, serão leiloados uma casa de quatro pavimentos avaliada em R$ 2,1 milhões, localizada em Cachoeiro de Itapemirim. O imóvel tem aproximadamente 1,2 mil m2 de área construída, salão de festas, piscina e churrasqueira.>
O leilão não será o primeiro pregão realizado a pedido da Justiça para vender os bens da empresa para arrecadar recursos e pagar dívidas. No final do ano passado, já ocorreu outro, segundo o Ministério Público do Trabalho.>
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PROCESSOS>
A Ação Civil Pública movida pelo MPT contra a Nassau tem como objetivo pagar parte do passivo trabalhista dos trabalhadores da ativa e dos que foram desligados pela empresa, na unidade de Cachoeiro. A denúncia apresentada afirma que a empresa paralisou suas atividades há mais de um ano sem pagar as verbas trabalhistas aos funcionários.>
Antes mesmo da parada das operações no Espírito Santo, os funcionários das unidades da Nassau já estavam com salários atrasados. Na unidade de Vitória, que tinha 35 empregados e funcionava como centro administrativo e de logística, os trabalhadores entraram com ações individuais contra a empresa, caso diferente do ocorrido em Cachoeiro, onde o MPT iniciou uma ACP representando 700 funcionários. Todos os processos trabalhistas contra a Nassau correm na Vara de Cachoeiro.>
Segundo a advogada Dulcelea da Silva Rodrigues, que cuida de mais de dez casos de trabalhadores de Vitória, os empregados da Nassau começaram a procurar por ajuda jurídica ainda em 2016, ano em que o setor de construção estava em crise.>
Desde aquele período, eles começaram a entrar com ações para pedir que seus direitos trabalhistas fossem cumpridos. Atualmente, a tramitação dos processos está correndo em fase de execução, diz. Ainda de acordo com a advogada, até o momento a empresa compareceu às audiências que aconteceram.>
Um dos ex-gestores de uma das unidades da Nassau, que preferiu não se identificar, contou à reportagem que chegou a ficar nove meses sem receber o salário e que durante quase quatro anos o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) não foi depositado pela empresa.>
Eu estou pedindo os meus direitos como trabalhador. Eles simplesmente diziam que não tinham uma posição de quando seria realizado o pagamento. Quando chegou em janeiro de 2018, assinamos a rescisão de contrato e não recebemos nada. O RH da empresa só disse que era para procurar os nossos direitos. Além disso, não depositaram o nosso FGTS, conta.>
Outro ex-funcionário que trabalhou para a empresa por 18 anos disse que estava de férias quando a empresa paralisou as atividades e, no retorno às operações, foi demitido com três salários atrasados. Foi uma falta de respeito com a gente.>
OUTRO LADO>
Desde o dia 31 de janeiro a reportagem tenta contato com o Grupo João Santos, dono da Nassau, mas ainda não obteve resposta. A GAZETA ligou para todos os telefones disponíveis da unidade de Cachoeiro, mas nenhum deles funcionou.>
Um dos advogados dos irmãos Fernando e José Santos, atuais administradores do grupo, afirmou que as ações trabalhistas estão sob responsabilidade de outro advogado, mas o escritório informou que a reportagem deveria entrar em contato com a gerência. O diretor da unidade da Nassau de Cachoeiro atendeu cinco ligações, mas não respondeu à reportagem.>
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