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Insper: Brasil continua com 'telhado de vidro' em relação ao desmatamento ilegal

Insper: Brasil continua com "telhado de vidro" em relação ao desmatamento ilegal

O coordenador do Insper disse que este não é um problema do governo atual ou do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. "É um problema de 30 anos"

Publicado em 17 de setembro de 2020 às 11:34

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Área de pasto queimado as margens da Br-319 próximo a Humaitá . A cidade do sul do Amazonas, está no entroncamento da BR-319 com a Rodovia Transamazônica que é a região com maior taxa de desmatamento do estado
Área de pasto queimado as margens da Br-319 próximo a Humaitá . A cidade do sul do Amazonas, está no entroncamento da BR-319 com a Rodovia Transamazônica que é a região com maior taxa de desmatamento do estado. (Lalo de Almeida/Folhapress)

O professor de agronegócio global do Insper e coordenador do centro Insper Agro Global, Marcos Jank, disse que, de todos os países, o Brasil é o de maior capacidade de aumento de produção de alimentos. Em "live" promovida na quarta-feira (16) pela Associação Brasileira do Agronegócio/Ribeirão Preto (Abag RP), Jank observou, porém, que para isso há desafios a serem vencidos. "Temos questões importantes e uma delas é, sem dúvida, o meio ambiente", comentou. "O Brasil continua com telhado de vidro em relação ao desmatamento ilegal, sobretudo na Região Norte, onde fica a Amazônia, e em algumas áreas do cerrado e também no Matopiba (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia)", disse.

Ele disse que este não é um problema do governo atual ou do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles. "É um problema de 30 anos; não há títulos de propriedade de terra (na Amazônia); o Código Florestal, que levou dez anos para ser aprovado, não foi implementado adequadamente até agora e tem também o pagamento por serviço ambiental (PSA), que nunca aconteceu", relatou.

Toda essa imagem externa do Brasil em relação à Amazônia e ao desmatamento ilegal, segundo Jank, "é uma pena". "Se formos analisar o que a Amazônia oferta de alimentos não é quase nada: apenas 3% da soja e 10% da carne bovina. Mas se ela não é fundamental no agro brasileiro, é fundamental sob o aspecto político e de imagem", continuou. "Hoje a preocupação com a floresta é global e vai além de ONGs; já atinge bancos, e outros mercados que fazem pressão sobre o Brasil."

Para Jank, em relação à sustentabilidade do setor agropecuário, há uma "nova revolução" em curso, que relaciona agricultura e pecuária. "Pelo menos 15 milhões de hectares no País já viraram sistemas integrados, entre lavoura, pecuária e floresta", citou. "Há, nesse sentido, pastos que estão virando floresta, porque se mostrou que não são terras aptas ao cultivo ou à pecuária", disse. Por isso, Jank disse que essa alternância entre pasto, floresta e agricultura será "a grande revolução (do setor agropecuário) nesta década".

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