Publicado em 26 de novembro de 2019 às 08:21
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda-feira (25) que, se fosse o presidente da Petrobras e a empresa fosse privada, demitiria os funcionários que entraram em greve nesta semana. >
Segundo o ministro, é "imprudente" que pessoas usem do mecanismo de greve para conseguir benefícios em uma empresa como a Petrobras e que esses trabalhadores deveriam ter evitado e protestado contra o esquema de corrupção que, na sua avaliação, destruiu a estatal.>
"Todos os sinais [econômicos] melhorando e greve na Petrobras. Só porque melhorou, querem greve? É empresa pública ou privada? É Estado e Bolsa. Uma greve importante, demite as pessoas e contrata outras pessoas que queiram trabalhar. Estou surpreso. Se eu fosse presidente de uma empresa... tem coisas que eu não quero falar.">
"Você tem excelentes salários [na estatal], bons benefícios, você tem quase estabilidade de emprego e tenta usar o poder político para tentar extrair aumento de salário no momento em que há desemprego em massa? Se fosse uma empresa privada e eu fosse o presidente de uma empresa privada, eu sei o que eu faria.">
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Em seguida, acrescentou que o governo brasileiro não estuda demissões nem privatização da estatal e que estava dando sua opinião como economista. No entanto, repetiu, quando questionado, que demitiria os grevistas.>
"Eu estou dizendo o que eu faria, mas não tenho nada a ver com a Petrobras. Estou dizendo que, se estou [na presidência] de uma empresa que está na Bolsa, é privada, foi destruída e, agora que começa a melhorar, fazem greve para extrair ganhos só pela pressão? Num país que tem milhões de desempregados, você tem empresa quase com estabilidade de emprego, eu demitiria [os grevistas]", afirmou o ministro em Washington.>
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, acompanharia Guedes em sua viagem à capital americana para uma reunião do Fórum de Altos Executivos Brasil-EUA, mas acabou não viajando aos EUA.>
Apesar de liminar contra a realização de greve, petroleiros de bases ligadas à FUP (Federação Única dos Petroleiros) pararam nesta segunda em protesto contra demissões e transferências de empregados. A mobilização levou o ministro do TST (Tribunal Superior do Trabalho) a multar e bloquear contas de sindicatos.>
A greve foi anunciada na semana passada e envolve 12 dos 13 sindicatos filiados à FUP. A entidade alega que a Petrobras descumpre acordo coletivo de trabalho ao promover programas de demissão incentivada e transferir empregados em negociação prévia com os sindicatos.>
Na avaliação de Guedes, porém, os funcionários querem usar de pressão para desfrutar dos "lucros extraordinários, um dos maiores dos últimos anos" da estatal. "E voltam-se ao mecanismo de sempre: vamos fazer uma greve para pegar um pouco desse dinheiro para nós.">
"Não sei o que houve com os salários deles [nos últimos anos], mas sei que a Petrobras foi destruída. Eles estavam trabalhando lá, deviam ter evitado a destruição da Petrobras.">
Questionado sobre o baixo poder de influência de funcionários que não faziam parte da diretoria da empresa --o esquema de pagamento e recebimento de propina funcionava entre agentes públicos e privados-- Guedes respondeu que "eles estavam trabalhando lá e deviam ter evitado a destruição da Petrobras.">
"Se você é um bom funcionário, você luta pelas coisas certas. Por que não houve uma greve para impedir o assalto?">
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