Publicado em 27 de maio de 2020 às 10:46
Aglomerações em agências e o risco de falta de papel-moeda levaram a Caixa Econômica Federal a montar uma operação para restringir saques e digitalizar o auxílio emergencial de R$ 600. O benefício é pago pelo governo a informais.>
Alterações de cronograma, bloqueio temporário de transferências bancárias e ferramentas de pagamento digital levaram a uma mudança de cenário neste mês, com redução do movimento nas agências e forte participação dos pagamentos virtuais.>
Nesta segunda-feira (25), por exemplo, os beneficiários do programa sacaram R$ 102 milhões em dinheiro, valor muito inferior aos R$ 719 milhões gastos de maneira virtual.>
Esse movimento pode ganhar mais um impulso até o fim desta semana, quando deve ser anunciada uma ferramenta para pagamentos em lojas por meio de QR Code.>
>
Para tentar suprir a demanda por cédulas, o Banco Central pediu que a casa da Moeda entregasse 60% do total contratado para 2020 até julho, cerca de R$ 38 bilhões. O total contratado para o ano é o equivalente a R$ 64 bilhões em novas notas.>
O BC já havia pedido, no início do mês, o adiantamento de R$ 9 bilhões até o fim de maio. Destes, R$ 6,5 bilhões estão em circulação.>
No pagamento da primeira parcela do auxílio, foi liberado o saque imediato para pessoas com contas em bancos.>
Beneficiários que tiveram uma conta digital aberta na Caixa precisaram esperar um segundo cronograma para sacar.>
Uma brecha na medida, no entanto, permitia que o recurso na conta digital fosse transferido para outra conta bancária, podendo ser sacado imediatamente.>
Na segunda parcela, além de um espaçamento maior no cronograma dos repasses, a restrição foi ampliada.>
As contas já estão recebendo os recursos, mas nenhum saque está autorizado até o momento, com liberação somente a partir do dia 30. Nesse período, todas as transferências bancárias também estão bloqueadas.>
Os beneficiários só podem fazer pagamentos de boletos e compras em lojas online ou estabelecimentos que aceitam um cartão digital. Com isso, são evitados saques de papel-moeda e deslocamentos a agências.>
"Ao realizar esses pagamentos e compras, milhões de pessoas deixam de ir às agências da Caixa. Essa é uma das razões de o movimento das agências ter diminuído", disse o presidente da Caixa, Pedro Guimarães. >
O aplicativo disponibilizado pelo banco para as contas digitais já passou por 15 atualizações. >
A próxima deve ser a do QR Code, em medida ainda a ser anunciada. O beneficiário usará a câmera do celular para ler o código da loja e, dessa forma, fazer o pagamento virtual. >
A medida depende da finalização de testes. A efetivação demandou parcerias com empresas das maquininhas de cartão, por meio das quais os pagamentos são feitos nas lojas. >
Do início deste mês até segunda-feira (25), o BC disponibilizou R$ 20,5 bilhões em cédulas. >
Além das notas antecipadas, a autoridade monetária colocou em circulação notas produzidas dentro do cronograma normal e que já estavam no estoque. >
"O BC coloca cédulas e moedas em circulação ao longo do ano de acordo com as demandas da população, que são sazonais", esclareceu em nota. >
De acordo com o Sindicato Nacional dos Trabalhadores na Indústria Moedeira, entidade que representa os empregados da Casa da Moeda, a capacidade de produção foi aumentada em 40% para atender o pedido do BC e os funcionários fazem horas extras e trabalham aos fins de semana. >
"O programa anual de produção para 2020 é de 1,8 bilhão de cédulas. Normalmente seria até dezembro, mas com a urgência do auxílio emergencial por conta da pandemia, estão solicitando o quanto antes a entrega", afirmou o presidente do sindicato, Aluízio da Silva Júnior. >
Com o aumento da demanda, Silva conta que todos os dias saem entre três e quatro caminhões de dinheiro da Casa da Moeda. "Antes não saía todo dia porque esperavam um volume maior para enviar o que foi produzido." >
A Casa da Moeda afirmou que a produção está em dia e confirmou que trabalha aos fins de semana para garantir as entregas. >
O BC afirmou que o objetivo é construir estoques de segurança e mitigar eventuais consequências do entesouramento (quando o dinheiro fica parado na mão das pessoas), o que se observa desde o início da pandemia. >
Na operação do auxílio emergencial, o governo optou por fortalecer a área digital da Caixa. >
Todos os beneficiários tiveram uma conta digital aberta. Até mesmo clientes de outros bancos que informaram suas contas tiveram a ferramenta aberta automaticamente. >
De acordo com Guimarães, a Caixa abriu 42 milhões de contas digitais em 40 dias somente para os pagamentos do auxílio emergencial. >
No pagamento do benefício a trabalhadores com salário cortado, mais de 1 milhão já foram abertas. >
Segundo ele, outras 15 milhões de contas serão criadas para a liberação do FGTS a trabalhadores prevista para junho. >
Em outra frente de digitalização, o governo prepara um sistema de liberação de crédito com garantia do Tesouro a micro e pequenas empresas por meio das maquininhas de cartão. O sistema ainda está em estudo. >
A ideia é que a operação desses financiamentos seja feita por meio do uma parceria entre a Caixa e empresas que operam os aparelhos de cartão. >
O objetivo é aproveitar a capilaridade das maquininhas no país, que estão nas mãos até dos menores empresários, para facilitar a concessão do crédito, especialmente diante da crise provocada pela pandemia do novo coronavírus. >
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta