Publicado em 25 de maio de 2019 às 00:50
O Programa Minha Casa Minha Vida (MCMV) vai mudar. Com as novidades, que devem ser anunciadas em julho pelo governo federal, as famílias de baixa renda passarão a alugar os imóveis por um valor simbólico, em vez de comprar o bem. O valor do aluguel ainda não definido.>
As famílias que se enquadram no Faixa 1 do programa (com renda de até R$ 1,8 mil) passarão a pagar aluguel dos imóveis onde vão morar. Já as da Faixa 1,5 (com renda até R$ 2,6 mil) para financiarem o imóvel terão a renda mínima analisada. Nas demais faixas não haverá alteração.>
Haverá exceções para o modelo de aluguel em três casos: quando a família for removida de área de risco, vítima de calamidade ou reassentada por causa de obra do governo. As famílias nessas situações terão a posse do imóvel.>
A proposta do governo já foi enviada ao Ministério da Economia. A expectativa é de que as alterações sejam definidas até o mês que vem, para que, no início de julho, um projeto de lei seja enviado ao Congresso Nacional em regime de urgência.>
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Outra mudança será a gestão dos empreendimentos, que agora ficará a cargo da iniciativa privada. Dessa forma, para que o empreendimento saia do papel, será preciso fechar os dois contratos de construção e administração.>
Nos últimos anos, o governo encontrava problemas para manter o volume de repasses e custear o MCMV. Só no Espírito Santo, até março, haviam mais de 3 mil unidades em construção. De 2009 a 2018, a União contratou a construção de 65 mil unidades habitacionais no Estado. Sendo que dos R$ 5,19 bilhões que precisava desembolsar, só empregou R$ 1,1 bilhão nas obras.>
O programa tem uma importância tanto social, dando condições de moradia para as pessoas, quanto para a economia. Hoje, ele representa quase 50% dos lançamentos da construção civil de imóveis e movimenta toda uma cadeia em volta do setor, comenta o presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado (Sinduscon), Paulo Baraona.>
Na proposta, a União planeja reduzir os subsídios do programa negociando ativos dela e de outros entes federativos. Assim, terrenos e imóveis que pertençam a prefeituras, Estados e União poderão ser doados às construtoras que irão se comprometer a erguer os condomínios e a bancar a administração condominial por 20 ou 30 anos.>
Mesmo assim, em alguns casos, ainda será preciso investir recursos federais para que o condomínio seja viabilizado.>
PROBLEMAS>
Segundo o ministro de Desenvolvimentismo Regional, Gustavo Canuto, na Faixa 1 entram os subsídios mais pesados para a aquisição do imóvel, na qual o governo chega a bancar 90% do valor. Nela foi identificada a maior parte das falhas do programa.>
Entre os maiores problemas que a mudança pretende solucionar está a comercialização irregular de casas. Em alguns casos, as famílias acabam vendendo os imóveis a terceiros para ganhar algum dinheiro. E, muitas vezes, com isso, voltam a ter uma condição de vulnerabilidade.>
Alugando os espaços, as famílias deixam de ter a posse do imóvel, o que impede a venda. Você presta o serviço de moradia, coloca um valor de aluguel compatível com as condições familiares, mas não será esse recurso que vai financiar o imóvel e manter a administração do condomínio, explica Canuto.>
Outra situação encontrada é a inadimplência de pagamentos e a tomada das moradias pela Caixa Econômica Federal. Também está em análise estabelecer regras mais duras para o acesso. Entre elas, considerar, além da renda máxima para acessar a linha de financiamento, a renda mínima.>
Os novos condomínios do MCMV também devem ter um limite no número de unidades. A ideia é vetar que sejam erguidos megaempreendimentos, evitando situações de conflito social e ocorrência de crimes. O que está na nossa cabeça são 500 unidades. Em condomínios desse porte, parece que não há tanto conflito, comenta o ministro.>
Segundo Canuto, é provável que o ritmo de construção de unidades dentro do programa se reduza, mas o governo conseguirá chegar a regiões que ainda não são atendidas. (Com informações Agência Estado)>
SAIBA MAIS>
Contratação>
Como funciona hoje?>
O governo federal subsidia até 90% do valor do imóvel. No faixa 1, o comprador pagava em até 120 prestações mensais que variavam de R$ 80 a R$ 270, sem juros e até R$ 47.500,00 de subsídio, com 5% de juros ao ano da Faixa 1,5.>
Como deve ficar?>
Para o Faixa 1 os imóveis serão alugados por um valor simbólico, segundo o governo, ainda não divulgado. Também está sendo estudado o prazo máximo de permanência das famílias no local. Já para a Faixa 1,5 será considerado, além do teto de ganhos, a renda mínima da família.>
Exceções>
As famílias removidas de área de risco, vítimas de calamidade ou reassentadas por causa de uma obra do governo, poderão comprar o imóvel, seguindo as regras antigas.>
Requisito>
Como funciona hoje?>
O requisito principal de qualquer faixa é ter a renda que se encaixe em uma das faixas do programa e realizar a inscrição na prefeitura do seu município.>
Como deve ficar?>
No Faixa 1 os beneficiários terão de frequentar ações sociais do próprio governo, como programas de capacitação. A ideia é fazer com que as famílias do Faixa 1 aumentem a renda e consigam bancar o financiamento imobiliário das Faixa 1,5 e Faixa 2.>
Limitação de casas>
Como funciona hoje?>
Não há limitação de habitações por empreendimentos.>
Como deve ficar?>
Os novos condomínios vão ter um limite de até 500 unidades.>
Subsídio>
Como funciona hoje?>
As empresas eram contratadas pelos bancos, principalmente pela Caixa Econômica Federal, para executarem os projetos. O governo federal subsidiava parte do valor do imóvel.>
Como deve ficar?>
A proposta é que terrenos e imóveis que pertençam a prefeituras, Estados e União sejam doados a construtoras que, em contrapartida, irão se comprometer a erguer condomínios do programa.>
Gestão>
Como funciona hoje?>
As prefeituras ficavam responsáveis por cadastrar as famílias de baixa renda que tinham direito ao Faixa 1 do programa e também a distribuir as residências.>
Como deve ficar?>
A gestão do empreendimento, que terá casas alugadas a famílias de baixa renda, ficará a cargo da iniciativa privada. Para que saia do papel será preciso fechar os dois contratos de construção e administração.>
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