Publicado em 17 de fevereiro de 2018 às 00:40
Mais de três anos depois da explosão no navio-plataforma Cidade de São Mateus, no litoral de Aracruz, que matou nove pessoas e deixou outras 26 feridas em 11 de fevereiro de 2015, as famílias das vítimas enfim receberam as verbas de indenizações.>
Os parentes aceitaram os valores propostos, através da Justiça do Trabalho, pelo grupo norueguês BW Offshore, ao qual pertence o navio. Entre as quantias, há uma família que recebeu R$ 4,2 milhões como indenização por acidente de trabalho, e outra que acordou o recebimento de R$ 3,6 milhões referente à extinção do contrato trabalhista e acidente de trabalho.>
Segundo o Tribunal Regional do Trabalho do Espírito Santo (TRT-ES), esses processos são chamados de ações de consignação, em que a própria empresa manifestou interesse em quitar as verbas rescisórias dos trabalhadores mortos no acidente, e, como não sabia a quem destinar a quantia, entrou com ação para que fosse definido quem receberia. Os parentes poderiam questionar os valores e continuar com a ação, mas todos aceitaram as propostas, sendo os processos arquivados.>
Apesar de algumas indenizações milionárias, a maioria das famílias recebeu quantias em torno de R$ 20 mil, apenas referente a verbas rescisórias das vítimas da maior tragédia no setor de petróleo e gás no Estado.>
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Uma das famílias indenizadas foi a do técnico de segurança do trabalho Tiarles Corrêa dos Santos, que morreu na explosão aos 25 anos. Abel Corrêa dos Santos, irmão da vítima, confirmou que a família foi indenizada, embora isso não seja suficiente. É um sofrimento que a gente nunca esquece, que dinheiro nenhum paga. Nós preferíamos ele de volta do que qualquer dinheiro.>
Mesmo passados três anos, os demais processos trabalhistas e criminais ainda correm nos órgãos responsáveis e na Justiça. O Ministério Público Federal (MPF/ES), que havia denunciado três pessoas pela explosão em maio de 2016, foi retirado do caso no ano passado, quando a competência foi passado para a esfera estadual, passando a atuar no caso o Ministério Público do Estado (MPES). O caso segue em tramitação na Comarca de Aracruz.>
As multas aplicadas pelo Ministério do Trabalho estão sendo executadas ou em fase de tramitação, segundo o órgão.>
A Agência Nacional de Petróleo (ANP) informou que aplicou multa à Petrobras, que já foi quitada. Quanto a volta da operação nos campos de Camarupim e Camarupim Norte, a agência comunicou que está analisando a proposta da Petrobras bem como o cronograma de retomada.>
A GAZETA procurou a Petrobras, que não respondeu até a publicação desta reportagem.Também tentamos contato com a BW Offshore, mas não conseguimos falar com a assessoria.>
Explosão>
Em 11 de fevereiro de 2015 aconteceu uma explosão na casa de bombas da plataforma Cidade de São Mateus, no litoral de Aracruz, onde operava o navio da norueguesa BW Offshore, contratada da Petrobras. O acidente deixou 9 mortos e 26 feridos. Na embarcação, estavam 74 trabalhadores.>
Relatório>
Em junho de 2015, A GAZETA teve acesso com exclusividade ao relatório da Petrobras e da BW que apontava as causas do acidente. O documento mostrou que uma peça fora dos padrões para o sistema foi um dos estopins.>
Acusação>
A Polícia Federal concluiu em dezembro de 2015 o inquérito e indiciou o gerente do navio e mais três funcionários da BW, todos estrangeiros. Eles foram acusados por homicídio doloso, culposo e lesão corporal grave.>
Abandono>
Em fevereiro de 2016, A GAZETA ouviu trabalhadores e familiares de vítimas que relatavam abandono e falta de assistência das empresas, ainda sem receberem as indenizações.>
Denúncia>
Em maio de 2016, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou à Justiça três pessoas pela explosão no navio-plataforma, elas foram acusadas de homicídio doloso por nove vezes; uma por lesão corporal grave; e por outras 24 lesões corporais.>
Indenizações>
Em 2016, a maioria das indenizações foi paga a familiares das vítimas pelas empresas, segundo o TRT-ES.>
Declínio de competência>
Em março de 2017, a Justiça tirou a competência do caso da Justiça Federal e do MPF, transferindo a responsabilidade para a Justiça Estadual e o Ministério Público Estadual.>
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