Publicado em 27 de agosto de 2019 às 00:38
Sem família, sem casa, sem comida. Pessoas que já viveram como moradores em situação de rua contam que muitas vezes se sentiram sem esperanças. Mas com ajuda e capacitação, elas conseguiram se reerguer, sair de debaixo das marquises e usar o talento individual como instrumento de trabalho, mesmo em meio à crise econômica. >
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua Trimestral (PNAD Contínua) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), publicada no último dia 15, cerca de 3,347 milhões de pessoas estão sem emprego há cerca de dois anos, isso é equivalente a um quarto do Brasil, ou 26,2% da população.>
Um exemplo de superação em meio à dificuldade financeira é o do fotógrafo Guiomedce Gomes Paixão, de 47 anos. Ele morou sete anos nas ruas, mas há dois trabalha como fotógrafo na Casa do Cidadão, em Vitória.>
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Guiomedce foi morar nas ruas em 2009 depois que entrou em depressão, sem família e após uma separação recente. "Eu não tinha ninguém, amigos ou família, a opção que eu tive foi a rua. Lá eu dormia, tentava arrumar locais como garagens e casas abandonadas para me proteger da chuva e do frio. Para comer, eu lavava carro, mas isso não era suficiente para manter uma casa", relatou.>
O fotógrafo afirmou que conseguir dar a volta por cima é algo muito difícil quando não existe apoio. Quando você não tem um amigo, uma família, ninguém para ajudar, é muito mais difícil conseguir sair. Eu só consegui pela fé que tenho em Deus, acrescentou.>
Foi em um anúncio em uma Kombi que o fotógrafo viu a oportunidade de sair das ruas. Eu estava na rua quando essa Kombi passou. Nela tinha uma identificação de serviço social e um endereço de contato. Fui até eles e perguntei como eles poderiam me ajudar. Até então, eu pensava que não tinha jeito para mim.>
Depois de obter informações, Guiomedce encontrou um abrigo localizado em Vitória, o Centro de Referência Especializado de Assistência Social para População de Rua (Centro-Pop), que recebe pessoas em situação de rua, oferecendo atendimento e várias atividades.>
Quando cheguei lá, eu comi e pude tomar banho. Lá, fiz algumas oficinas e, com o apoio deles, consegui a moradia com o aluguel social. Hoje, trabalho com fotografia, que sempre amei, e tenho meu lugarzinho para morar. Eu consegui sair das ruas e dei a volta por cima, pontuou.>
Segundo Guiomedce, a arte e o talento foram elementos que auxiliaram na nova etapa de vida. "Depois de conhecer o projeto, eu acabei virando uma espécia de professor e ministrei alguns cursos, isso me ajudou a ficar conhecido e conseguir montar meu currículo. Usei a fotografia para me ajudar", esclareceu. >
MAIS HISTÓRIAS >
Outro exemplo de superação é o do Marcos Luiz de Castro, de 65 anos. Ele é jornalista e hoje trabalha com comunicação visual e plotagem. O jornalista passou seis meses na rua depois de ter que vir para Grande Vitória cuidar da saúde.>
Eu tenho parentes em Nova Almeida, mas por um problema de saúde tive que me tratar em Vitória. Sem dinheiro para ir e voltar sempre, sem condições de alugar uma casa em Vitória, a única opção foi morar nas ruas, disse.>
Marcos relatou que, assim que chegou em Vitória, em 2015, passava as noites nos quiosques, na Praia de Camburi. Foi o lugar que encontrei para me proteger do frio e da chuva, eu dormia sempre nesses quiosques. Era o meu canto.>
Assim como o fotógrafo Giomedce Paixão, o jornalista Marcos conseguiu ajuda no Centro-Pop, auxílio oferecido pela prefeitura. Eu sabia que podia pedir ajuda, só não sabia onde, até que encontrei o Centro-Pop. Lá foi o ponto de partida para eu me reerguer, afirmou.>
Hoje, Guiomedce e Marcos conseguiram o aluguel social, oferecido pela Prefeitura de Vitória, e possuem residência fixa.>
De acordo com a Prefeitura de Vitória, o Programa de Moradia Alternativa tem como objetivo o atendimento habitacional para a pessoa em situação de rua. O aluguel social é controlado pela administração municipal, que paga o aluguel de uma casa no valor de até um salário mínimo, e o beneficiário tem a liberdade de escolher onde vai morar.>
Os moradores em situação de rua que são beneficiados com o programa de Moradias Alternativas são acompanhados pela rede de acolhimento por no mínimo um ano.>
SERVIÇO>
No Centro de Referência Especializado de Assistência Social para População de Rua (Centro-Pop), pessoas em situação de rua recebem atendimento psicossocial e participam de oficinas. O local funciona como porta de entrada para adultos em situação de rua. No espaço, elas são acolhidas, recebem kit de higiene pessoal, podem tomar banho e se alimentar. As atividades são voltadas para a reinserção familiar dessas pessoas.>
Onde fica>
Centro de Referência Especializado de Assistência Social para População de Rua>
Avenida Dário Lourenço de Souza, s/n, Mário Cypreste - Vitória>
Telefone: (27) 3132-7053>
Horário de funcionamento: de segunda a sexta-feira, das 7 às 18 horas >
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