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Espírito Santo registra o menor saldo de empresas abertas em 8 anos

Espírito Santo registra o menor saldo de empresas abertas em 8 anos

O maior saldo foi registrado em 2011, quando o país vivia outra realidade econômica

Publicado em 22 de janeiro de 2019 às 01:56

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Pela cidade não é difícil encontrar espaços com placas para alugar: número de fechamento de lojas é crescente. (Carlos Alberto Silva)

O Espírito Santo registrou no ano passado o menor saldo de empresas abertas desde 2010. Segundo dados da Junta Comercial do Estado do Espírito Santo, em 2018 foram abertos 11.829 novos negócios, enquanto 8.060 foram fechados, resultando num saldo positivo de 3.769 empresas em atividade.

O número de negócios abertos ao longo do ano é o maior desde 2015. O problema é que o número de empresas fechadas é o maior desde 2010 - último ano disponível dos dados, e também está numa crescente. Somente a título de comparação, em 2017 foram 11.731 negócios abertos, 7.339 fechados, e um saldo positivo de 4.392.

O maior saldo foi registrado em 2011, quando o país vivia outra realidade econômica. Naquele ano, foram 14.482 empresas abertas, 4.211 fechadas e um saldo de 10.271.

Para a presidente da Junta Comercial do Estado, a advogada Letícia Rangel Serrão Chieppe, vários fatores contribuem para o aumento do número de empresas fechadas e consequente redução do saldo total.

“É difícil afirmar o que causou a abertura ou fechamento de empresas, mas existem situações que podem influenciar. Em 2014, por exemplo, foi assinada uma lei complementar que permitia o empreendedor encerrar suas atividades sem apresentar certidões negativas. Com isso, acumulou um grande número de empreendedores que fechavam suas empresas, mas não regularizavam a situação com a Junta Comercial”, explicou Letícia.

“Outra situação que precisa ser levada em conta é a crise econômica e política do Brasil no período”, destaca.

 Para a doutora em Economia e professora da Fucape,Arilda Teixeira, há um verdadeiro amadorismo por parte de muitos empreendedores. “Cerca de 70% das empresas fecham antes de completar o segundo ano. Isso é explicado pela Economia, mas, principalmente, por conta da falta de visão e da prática empreendedora do empresário”, afirmou.

“Essa falta de visão está relacionada à obediência a regras elementares – fazer a contabilidade da empresa, acompanhar resultados, fazer estudo de mercado para saber quem são os concorrentes, entre outras”, completou Arilda.

Tabela Números. (Gazeta)

INSTABILIDADE

A instabilidade financeira fez a cabeleireira Joseli Cristina Moreira Oliveira, 33 anos, mudar os ramos de sua carreira. Dona de um salão de beleza que ficou na ativa por quatro anos, agora ela busca outra fonte de renda e até um novo emprego.

“Fechei por conta da crise. Não consegui manter o aluguel e agora estou vendendo minhas coisas que estavam no salão. Vou começar a atender só na casa das clientes. Mas, na verdade, quero mesmo um emprego de carteira assinada. Estou cansada dessa instabilidade financeira”, disse.

Movimento de consumidores no comércio do pólo de confecções do bairro Glória, em Vila Velha. (Fábio Vicentini)

ESPERA PELA MELHORIA DO COMÉRCIO ESTE ANO

Se os dados sobre saldo de empresas em funcionamento apontam que a situação econômica ainda não é muito boa, a esperança é de que o comércio e os serviços melhorem significativamente. Um dos que acreditam nessa melhoria é o primeiro vice-presidente da Câmara de Dirigentes Logistas de Vitória (CDL-Vitória), Adriano Gomes Ohnesorge.

“Eu acho que essa incerteza política e econômica dominou o Brasil nos últimos anos, mas a gente acredita que o número de empresas abertas deve aumentar. Não só o comércio, mas todas as áreas econômicas tendem a ter um crescimento”, avaliou.

“A nossa expectativa é grande com as pautas que o governo tem colocado – menor burocracia, maior liberdade para o empresário, leis que ajudam a gerar emprego... Gerando emprego a gente gera renda, e isso faz a roda da economia girar”, completou.

Se a expetativa é pela melhora, é importante que os empreendedores de plantão comecem a se preparar. Segundo a gerente de Consultorias do Sebrae, Alline Zanoni, as chances de uma empresa se manter aberta por um tempo duradouro crescem muito quando o responsável por ela se planeja antes mesmo de abrir um negócio.

“O Brasil é o país do empreendedorismo. Muitas pessoas que ainda não têm um negócio pensam em criar uma empresa, mas é preciso se planejar - estudar bem o mercado de atuação, conhecer a concorrência, ter criatividade, ser persistente, saber calcular os riscos... Todas essas são características importantes”, comentou.

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“E se uma pessoa quer empreender e não tem todas essas características, existem cursos que podem ajudar a ter sucesso no mercado”, completou.

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