Publicado em 4 de julho de 2018 às 10:38
Na tentativa de pressionar a União para reverter a decisão do governo de colocar de lado a construção da EF-118, no Estado, e favorecer o investimento em uma ferrovia no Centro-Oeste, a bancada capixaba no Congresso Nacional e empresários se mobilizam para unir forças.
Entre os pontos criticados pelos políticos está a falta de responsabilidade, compromisso e respeito do governo federal com o Espírito Santo. Já o empresariado afirma que a decisão vai tirar a competitividade capixaba e brasileira no comércio internacional. Para ambos, a impressão é de que o Estado não está na lista de prioridades da União.
O vice-presidente do Sindicato do Comércio de Exportação e Importação (Sindiex), Sidemar Acosta, afirma que a EF-118 é um projeto considerado estratégico para a infraestrutura brasileira, como forma de reduzir as cargas nas rodovias e também para viabilizar o empreendimento do Porto Central, em Presidente Kennedy. O porto de águas profundas é um pleito antigo do setor de comércio exterior. Quando será que teremos, de fato, os investimentos no Espírito Santo?, questiona.
MOVIMENTO
Em meio ao imbróglio que envolve a construção da EF-118, senadores e deputados federais, mesmo de partidos opostos, concordam que é preciso intervir para reverter o quadro.
Temos que nos mobilizar para interromper nem que seja de maneira jurídica esse processo, devem existir brechas, senão por meio político, pelo judicial, afirmou o deputado Jorge Silva.
Já o deputado Evair de Melo afirma que o projeto da ferrovia vai sair do papel. Ele disse ter conversado com o secretário de Coordenação de Projetos da Secretaria Especial do PPI, Tarcísio Freitas, sobre o andamento do investimento.
A ferrovia prioritária sempre foi a do Centro-Oeste, que tem uma demanda de 230 milhões de toneladas. A segunda é a Ferroanel, com 23 milhões de toneladas. A terceira é a EF-118, que transportará 3 milhões de toneladas, explica. Eu acredito em documentos. O contrato está assinado. E nossa concessão está atrelada a FCA.
Na tarde de ontem, o senador Ricardo Ferraço, discursou na tribuna do Senado sobre o tema: O próprio presidente determinou que seria feito dessa forma. Quero crer que o presidente vai intervir porque se trata uma gigantesca injustiça.
Segundo o deputado federal Carlos Manato, a pressão política para com o governo ceder e favorecer ao Centro-Oeste pode ter sido agravada pelo clima existente entre os governantes. O governo do Estado não tem uma boa relação com o governo federal, isso dificulta as coisas. Estava tudo certo para que a contrapartida da Vale fosse no Espírito Santo. Porém, tudo mudou.
Os deputados Helder Salomão, Norma Ayub, Givaldo Vieira, Paulo Foletto, Sérgio Vidigal, Lelo Coimbra e o senador Magno Malta reforçaram que o governo federal descumpriu o acordo existente e que o Estado não pode ficar no prejuízo.
Bancadas vão se unir por ferrovia
Para tentar barrar a aplicação dos recursos da renovação da Vitória-Minas no Centro-Oeste e garantir o ramal ferroviário até o Sul do Espírito Santo, possibilitando uma futura conexão com o Rio de Janeiro, as bancadas federais dos dois Estados prometem uma atuação conjunta.
A afirmação foi feita pelo deputado federal Marcus Vicente, que é líder da bancada capixaba no Congresso, e pelo senador Ricardo Ferraço, que disse que se unirá à bancada do Pará, que também pleiteia investimentos para o Estado do Norte na renovação da concessão da Estrada de Ferro Carajás, da Vale.
O governador Paulo Hartung reforçou ainda que vai buscar, junto ao governo do Rio, conversar com o presidente Michel Temer. Hoje, Marcus Vicente e Ferraço prometeram se reunir com Temer para exigir o cumprimento do acordo. Também deve ocorrer uma agenda com representantes do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI).
Entre as medidas avaliadas por parlamentares estão ações na Justiça ou decretos legislativos que barrem a concessão. A senadora Rose de Freitas afirma estar em contato direto com o governo federal para garantir que as mudanças nos investimentos não interfiram na construção da EF-118.
Outra mobilização está marcada para segunda-feira (9), na Findes, entre empresários e parlamentares.
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