Publicado em 13 de julho de 2021 às 18:17
Em um dia de agenda carregada, com divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI) nos Estados Unidos em junho e o anúncio do parecer da proposta de reforma tributária por aqui, a volatilidade marcou os negócios no mercado de câmbio doméstico, com o dólar trocando de sinal várias vezes ao longo do pregão, para terminar a sessão em leve alta. >
De um lado, havia a pressão altista vindo de fora, com o fortalecimento global da moeda americana, após o CPI de junho, de 0,9%, ter vindo acima do esperado (0,5%, segundo Projeções Broadcast), o que aumentou as apostas de que o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) possa antecipar o início da redução de compra de títulos (tapering). O mercado aguarda amanhã apresentação presidente do Fed, Jerome Powell, no Congresso americano para calibrar as expectativas.>
Na contramão, jogaram a favor do real a estimativa de entrada forte de recursos para aberturas de capital de empresas na B3 (IPO), a perspectiva de alta mais intensa da taxa Selic por aqui, após declarações ontem no fim do dia do diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, e a recepção tranquila ao parecer da reforma da tributária, do deputado Celso Sabino (PSDB-PA), antecipado pelo Broadcast.>
No fim do dia, prevaleceu o sinal positivo. Com máxima de R$ 5,2227 (pela manhã) e mínima de R$ 5,1491 (à tarde, logo após divulgação do parecer de Sabino), o dólar encerrou a sessão em alta de 0,13%, a R$ 5,1809.>
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Segundo operadores, as dúvidas sobre a política monetária americana, os ruídos políticos domésticos, embora tenham ficado em segundo plano nos últimos dias, e o próprio receio quanto ao desenlace da reforma tributária ainda mantêm o real pressionado no curto prazo.>
O parecer do deputado Sabino preservou a tributação de 20% sobre lucros e dividendos, mas trouxe uma redução mais aguda a alíquota base do Imposto de Renda de Pessoas Jurídicas (IRPJ), manteve a isenção para dividendos distribuídos entre empresas e para fundos imobiliários - pontos que agradaram os investidores>
O economista-chefe da Integral Group, Daniel Miraglia, ressalta que a queda da tributação sobre os fundos imobiliários é positiva, o que acabou contribuindo para o desempenho dos ativos brasileiros hoje. "Mas isso não quer dizer o mercado gostou do parecer. De dez bodes que tinham na sala, dois saíram. Ainda existem muitas dúvidas", afirma Miraglia, para quem o mercado poder "ir melhorando" à medida que mais pontos ruins da reforma fiquem pelo caminho. "Quanto mais distante da proposta inicial do governo a reforma ficar, melhor para o mercado".>
O estrategista-chefe da Avenue Securities, Willian Castro, ainda vê uma janela favorável a ativos brasileiros nos próximos meses. As pressões inflacionárias nos Estados Unidos parecem transitórias e devem se dissipar. O Federal Reserve pode até ver espaço para começar reduzir mais cedo o ritmo de compra de ativos, mas não deve haver uma mudança repentina no discurso em relação à política monetária, avalia.>
"A liquidez deve continuar alta por algum tempo ainda. As taxas dos Treasuries subiram, mas continuam ainda baixas", afirma Castro. "Eu acho que ainda existe uma janela favorável por aqui, com a reabertura da economia. Depois, vai vir a eleição presidencial, com um cenário binário, o que vai gerar muita instabilidade", afirma Castro.>
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